Fundadora da gal, descreve como chegou à ideia da startup que leva tecnologia e know how a um setor fragilizado por falta de gestão
Como é de conhecimento geral, um dos principais fatores da alta mortalidade das micro empresas no Brasil está não só na capacidade de atrair clientes, mas, muitas vezes, na falta de uma gestão eficaz. Unindo essa constatação e enxergando o enorme potencial representado pelos salões de beleza que proliferam pelos bairros de todas as classes sociais, surgiu a startup gal, (com a vírgula mesmo), uma rede agregadora que oferece aos salões associados uma plataforma tecnológica capaz de conduzir à diminuição de custos e elevação de receitas graças à aplicação de uma gestão racional. Dessa forma, os donos desses estabelecimentos, quase sempre cabeleireiros focados apenas no operacional, podem contar com suporte para dar padrão de qualidade também a demais aspectos do empreendimento. Basta dizer que, em menos de um ano, o agregado da rede gal, tem crescido de 45% a 60%, segundo assegurou, hoje (14), Carolina Mendes, CEO e fundadora da startup, durante a 424ª edição da Série Lives – Entrevista ClienteSA.
Começando por onde a ideia disruptiva surgiu e o porquê de entender tanto desse mercado de beleza, no qual já criou duas startups, a executiva explicou que, em sua fase de desenvolvimento acadêmico, a aspiração era estabelecer uma trajetória no segmento financeiro, mas, debruçando-se sobre o tema do venture capital se descobriu mais como empreendedora do que com propensões a analista financeira. Identificando-se com esse “lado do balcão”, e unindo ambição com impacto no mercado, se jogou em uma pesquisa sobre como e onde empreender. “Descobri, nessa forma, um mercado gigantesco que deixava de ser atendido, mesmo envolvendo mulheres em geral: oferecer uma oportunidade que era administrar o tempo da mulher, sempre dividido entre inúmeras atividades. E criei um super app que permite a elas se agendarem ao longo do dia.”
Por meio disso, Carolina descobriu que o serviço de maior recorrência nos agendamentos era o de salões de beleza. E, a partir daí, mergulhou nesse universo passando a conhecer todos os seus vícios e virtudes. Em resumo, notou que o mercado de beleza ainda apresentava muitas dores a serem sanadas, com um potencial imenso para o oferecimento de soluções. Por meio de leituras, entre acertos e erros nas pesquisas, ela foi mais a fundo e acabou notando que os dois grandes problemas dos salões de beleza se concentravam em bitributação e passivo trabalhista. “Sempre ouvindo os clientes, criamos a maquininha LaPag, com cartão exclusivo para esse ramo de atividade, mas percebemos que teríamos de ir mais longe. Para uma operação de salão de beleza – que atende muitos clientes em um mix de serviços muito complexo -, a possibilidade de isso tudo estar integrado é muito importante.” Porém, ao construir uma plataforma nessa direção e a começar a escalar, surgiu outra percepção: em um mercado tão tradicional e regionalizado por bairros, a tecnologia por si só não iria criar uma disruptura efetiva.
Teria de haver, detalhou a CEO, algo além de um sistema de gestão, vindo à luz o conceito de gal,, uma rede agregadora de salões de beleza. “Pode-se definir isso como a constatação de que, fazendo tudo juntos, podemos todos ser mais fortes. Pode haver redução de custos ao se realizar, por exemplo, compras coletivas, e aumento de receitas somente pelo fato de ajudar pessoas que não necessariamente têm qualquer formação sobre gestão do negócio.” Dando uma noção do espectro em que se constitui esse setor, ela informou que, embora existam 500 mil desses CNPJs abertos, a estimativa é que, acrescentando-se os informais, chegue-se ao universo de um milhão de salões de beleza em atividade no Brasil, sendo que 87% dos proprietários dos estabelecimentos, conforme se sabe pelos dados oficialmente registrados, são profissionais cabelereiros, aqueles que dominam quase sempre apenas a parte operacional, ou seja, o atendimento individual.
Ao fazer parte da rede, o dono do salão tem pessoas para ajudá-lo na gestão de estoque, gestão de pessoas, e muito mais, garantiu Carolina. Depois de traçar o cenário global desse mercado, cujo potencial mais expressivo está mesmo nos salões de bairro, que apresentam muito mais recorrência pela praticidade da localização, preços mais acessíveis e características voltadas à média da população do país, ela disse que esse é justamente o perfil dos estabelecimentos agregados à gal,. Eles recebem, por meio da plataforma tecnológica, todos os nichos possíveis de suporte para uma gestão mais profissionalizada. “A diferença em relação a uma franquia tradicional, é que não é nada impositivo. Não existe padrão obrigatório a ser cumprido. Mas sim a oferta da possibilidade de mais planejamento, e que tem apresentado resultados expressivos: a relação entre engajamento à rede e crescimento se comprova, pois nossas estatísticas mostram que, em 10 meses com a gal,, o estabelecimento apresenta uma expansão média entre 45% e 60%.”
Para refinar a explicação de como esse modelo de negócio tem uma proposta de valor bem diferente das franquias, ela disse que, enquanto neste é o franqueado quem investe no franqueador, no seu caso é a agregadora que impulsiona o salão agregado. “A beleza desse modelo está em permitir que cada salão mantenha seu estilo próprio e diferenciado, apenas adaptando o que a plataforma oferece dentro de sua realidade.” Tanto que, cada estabelecimento associado mantém sua história e seu nome comercial, apenas agregando a este o “gal,” na frente, como uma referência de padrão de qualidade. Ao longo do bate-papo, ela pôde detalhar ainda os principais ganhos das consumidoras nesses locais e, também, os caminhos de expansão da rede, iniciada na cidade de São Paulo.
O vídeo com o bate-papo na íntegra está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 423 lives realizadas desde março de 2020. Aproveite para também para se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA terá prosseguimento amanhã (15), recebendo Alessandra Casaro, diretora de operações e clientes da Allcare, que falará dos avanços no digital com atendimento humanizado; na quarta, será a vez de Bruno Costa, superintendente de gestão do relacionamento da MAG Seguros; na quinta, Carolina Trancucci, diretora de clientes da GOL; e, encerrando a semana, o Sextou debaterá o tema “Criptomoedas: Qual o real impacto nas relações de consumo?”, com os convidados Pedro Alexandre, CEO e fundador da Wiboo, Rodrigo Soeiro, CEO e fundador da Monnos e Thiago Cesar, CEO e cofundador da Transfero.