Quase 40% das aquisições feitas por esse público é via digital e 82% dos produtos são entregues nas portas das residências
Segundo a pesquisa “Persona Favela”, desenvolvida pelo Outdoor Social Inteligência, braço da holding Outdoor Social – negócio de impacto através de mídia, ativação, pesquisa e projetos especiais -, a média de compras virtuais nas 15 maiores favelas do país é de 38%. Além disso, 82% desses produtos são entregues nas portas das residências, demonstrando que “o consumo digital caiu no gosto dessas comunidades e está em expansão. Embora ainda exista um oceano azul a ser navegado. A barreira para que as compras on-line alcancem 100% dessas casas é a falta de mapeamento local e de endereçamento – faltam nomes nas ruas”, ressaltou Emilia Rabello, CEO da Outdoor Social.
De acordo com Emília,”é preciso viabilizar a entrega porta a porta. Mesmo sem regularização dos endereços e do IPTU, ainda que a favela seja um local da informalidade, as marcas devem olhar para dentro dela, gerar empregabilidade e renda para os moradores, para que eles realizem as entregas”.
A executiva apontou a Favela Brasil Xpress e o NaPorta como alguns cases de sucesso. “Eles viabilizam as entregas dentro das comunidades cadastradas, empregando os entregadores dessas comunidades. Em crescimento e com aconselhamento do Outdoor Social, essas startups colocam os moradores da favela no centro de tudo, dentro da cadeia produtiva: além de consumidores, eles são empreendedores e força operacional. Assim, ganha o negócio que está vendendo, e ganha a comunidade que está comprando”.
O perfil do consumo on-line na favela
Ainda de acordo com o levantamento do Outdoor Social Inteligência, os itens com maior frequência de compra são roupas (33%), eletroeletrônicos (31%), comida pronta (24%), e smartphones e computadores (21%). As plataformas mais utilizadas para fazer compras são Mercado Livre (49%), Shopee (37%), Ifood (31%), Americanas (25%) e Magazine Luiza (20%).
“Elas se destacam pela cultura de startup – que possui visão global – e por enxergarem a favela sem preconceito. O modelo de marketplace que vende de tudo, desde um sapato a um eletroeletrônico, também reafirma esse olhar para a comunidade como potência e que lá há audiência para ser alcançada”, explica a CEO.
Para a executiva, “existem vida, economia, e carência por produtos que falem ‘olhando no olho’ para o público C, D e E, que representa 75% da população do país. A empresa, que não focar no consumo das comunidades, vai perder oportunidade e dinheiro”. Segundo o Outdoor Social Inteligência, as 15 maiores favelas brasileiras têm um potencial de consumo de R$ 9,9 bilhões/ano.
“O Market Share e o Share of Mind são os mesmos entre os moradores dessas comunidades. E quando se olha para as marcas, percebe-se serem brandings renomados e de confiança, ou seja, a busca não é pelo mais barato e sim pela qualidade. Eles querem produtos e serviços de impacto e que estejam ao alcance – e pagam para isso”, diz Emília.
A Pesquisa Persona Favela revela também que, ao contrário do senso comum, as classes C e D consomem as mesmas marcas de classes AB. “Não existe diferença, a cultura é a mesma. Na periferia ou na cidade, eles preferem marcas que adotam práticas sustentáveis e respeitam regras socioambientais. Eles querem saber se os líderes e colaboradores dessas empresas seguem princípios de transparência, igualdade, respeito e ética”, conclui.
Nesta edição do Persona Favela sobre o “Consumo online”, foram entrevistados 462 moradores das 15 maiores comunidades dos municípios de Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife, Fortaleza, São Luís e Belém. Eles são em maioria da etnia preta/parda (74%), têm uma renda média de R$ 2.781,44 por domicílio e 55% deles pertencem à classe C.