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Aline Azevedo, CFO e cofundadora da Aravita

O papel do varejo na diminuição do desperdício de alimentos

Modelos avançados de inteligência artificial e machine learning no varejo, que lidam especificamente com a complexidade da gestão de alimentos altamente perecíveis, tem o objetivo de chegar o mais próximo possível do “pedido perfeito” 

 Autora: Aline Azevedo

O Brasil, que está entre os principais produtores de alimentos do mundo, infelizmente também é um dos países com o maior índice de desperdício alimentar, onde mais de 30% do que é produzido acaba sendo jogado fora, de acordo com o IBGE – o equivalente a 46 milhões de toneladas por ano. Tamanho desbarato impacta muito negativamente diferentes questões ambientais, sociais e econômicas.

A problemática é ainda mais grave quando se trata de alimentos frescos, como frutas, legumes e hortaliças. A última pesquisa feita pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) aponta que mais de 45% de todas as frutas e vegetais produzidos no mundo são desperdiçados, o que a torna a categoria de alimentos com mais desperdício.

Diante da urgência e relevância dessa questão de âmbito global, políticas, diretrizes e tecnologias precisam ser discutidas e promovidas nas redes varejistas de todo o mundo, a fim de impulsionarmos a disrupção do setor supermercadista brasileiro, o sétimo maior do mundo, que em 2022 alcançou um faturamento de R$ 695,7 bilhões em operações, representando 7,03% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, de acordo com a ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados).

Varejistas de alimentos, por estarem no centro da cadeia de valor alimentar e na cadeia de abastecimento, encontram-se na posição ideal para liderar os esforços de redução das perdas de alimentos e reduzir expressivamente esse cenário, pois estão conectados com produtores, distribuidores e consumidores.

Apesar da cadeia de produção de alimentos frescos ser longa, complexa e pouco digital, acreditamos que nos supermercados temos uma grande oportunidade de resolver parte do problema do desperdício. Além de ditarem muitas das regras dessa cadeia produtiva, também são os que possuem mais dados e mais digitalização, facilitando a entrada de tecnologias de previsão e otimização.

A boa notícia é que o grande varejo está começando a entender o papel fundamental que ele pode desempenhar no encaminhamento desta questão tão importante e que essa é uma mudança viável. Já existe tecnologia nacional disponível para minimizar a questão do desperdício de alimento.

Esses modelos avançados de inteligência artificial e machine learning no varejo que lidam especificamente com a complexidade da gestão de alimentos altamente perecíveis tem o objetivo de chegar o mais próximo possível do “pedido perfeito” de produtos frescos, evitando excessos e falta de produtos, o que resulta em custos desnecessários e perda de vendas.

Os modelos de IA para previsão desse tipo de venda consideram inúmeras variáveis para gerar a melhor combinação de ordens de compra. Eles conciliam informações internas da rede varejista na gestão dos alimentos frescos, como histórico de vendas, planejamento de promoções e dados da realidade das lojas com outras diversas variáveis externas como sazonalidade, datas especiais e feriados, clima, cenário econômico, preço na concorrência, entre outras. O foco é endereçar as causas do problema do desperdício de FLV (frutas, legumes e verduras), trabalhando na prevenção e não apenas atenuar as suas consequências. 

Hoje, de maneira geral, esse setor específico de alimentos ainda é gerido por processos analógicos e inespecíficos para a categoria, o que resulta em desperdício contínuo, mas a tendência é que essa categoria chegue ao nível de digitalização tão avançado quanto as demais, de produtos com longa data de validade, que possuem código de barras e que já contam com excelentes softwares de gestão.

Claro que temos consciência que essa problemática de âmbito mundial envolve diferentes cadeias e processos, e que abordagens isoladas terão impacto limitado. Mas a evolução já começou, e para haver de fato grandes mudanças, todos os elos da cadeia precisarão trabalhar juntos nesta questão tão importante que impacta toda a sociedade, no Brasil e no mundo.

Aline Azevedo é CFO e cofundadora da Aravita.

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