Paulo Monçores, cofundador e CTO da Diferente

O uso da tecnologia para disruptar a CX no consumo de alimentos orgânicos

Cofundador da Diferente descreve os caminhos que, a partir da cultura cliente, permitem à foodtech crescer quase 60%

Enquanto arganizações internacionais apontam uma perda de 30% na cadeia de abastecimento global de alimentos por problemas de produção e logística, esse desperdício no Brasil alcança 67%, principalmente por simples questões estéticas. Ou seja, mesmo perfeitas para o consumo, frutas, verduras e legumes acabam não chegando às gôndolas dos supermercados por serem consideradas inadequadas para os padrões estabelecidos. Diante desse cenário, foi criada, em janeiro de 2022, a foodtech Diferente, tendo como base um forte apoio da tecnologia e uma visão de customer centric. Por meio de assinatura, ela oferece produtos orgânicos que seriam rejeitados pelo varejo tradicional com preços até 40% mais baixos. Detalhando de que forma a startup inova em termos de experiência do cliente e causa impacto social positivo, Paulo Monçores, cofundador e CTO da Diferente, foi o convidado, hoje (02), da 638ª edição da Série Lives – Entrevista ClienteSA.

Logo de início, Paulo mostrou como a startup busca se diferenciar, atuando no sentido de desmistificar o conceito de grife no mercado em que atua, assim como o de que alimentos orgânicos são inacessíveis para as classes de menor poder aquisitivo. Para ele, a marca quer ser uma grife do segmento, entregando mais do que cestas de produtos orgânicos, mas oferecendo uma experiência que possibilite com que qualquer consumidor tenha acesso e se sinta especial com esse consumo. Conforme explicou, a Diferente opera no modelo de assinatura, por meio do qual o cliente recebe, semanal ou quinzenalmente, uma caixa com produtos orgânicos no conceito LFVT – legumes, frutas, verduras e temperos -, alimentos que seriam desperdiçados apenas por motivos estéticos. “O mercado tradicional tende a não absorver determinados orgânicos devido à sua forma, cor, tamanho e outras características divergentes do padrão estabelecido e que, por isso, são simplesmente jogados fora.”

Confirmando que esse desperdício representa nada menos que 67% da produção de alimentos no país, o executivo esclareceu que a Diferente adquire os produtos, completamente aptos para o consumo, monta as caixas e as disponibiliza aos assinantes. Com esse aproveitamento, a empresa atua na cadeia produtiva do segmento de forma a conseguir oferecer descontos que chegam a 40% dos preços praticados no mercado convencional de orgânicos. Por enquanto, a atuação vem se dando em cidades da grande São Paulo, o que, para o cofundador, permite, pela complexidade, um know how logístico com perspectiva de escalar para todo o país.

Entendendo primeiramente de que forma essa proposta de valor funcionaria com eficácia dentro da realidade brasileira, a marca entrou no mercado há exatamente um ano e justificou o nome da startup exatamente pela intenção de surgir não para “fazer mais do mesmo”. “Queremos ser disruptivos, com o nosso diferencial competitivo, mas aproveitando também conceitos e ideias já testadas, mesmo vindas de outros segmentos.” Dentro disso, ele analisou as nuances dessa iniciativa empreendedora. “Trazer essa experiência agro para dentro de uma empresa de tecnologia é extremamente desafiador. Nosso foco permanente é o cliente final, mas estamos inseridos dentro de um ecossistema em que todos ganham: o produtor, que diminui drasticamente o inconveniente do desperdício, os trabalhadores do setor que tem seu campo de trabalho ampliado e, sem dúvida, o consumidor que não tem mais porque pagar um preço comparativamente mais alto para acessar os orgânicos visando uma alimentação mais saudável.”

Depois de explicar que o modelo de clube de assinaturas nasceu de exemplos americanos e da ausência de players na América Latina, Paulo destacou que a Diferente se insere na vertical tecnológica e não no varejo alimentar. Segundo ele, a tecnologia permite analisar perfis de consumidores para aproximar os gostos do mesmo com o que a sazonalidade da natureza permite oferecer.  Engenheiro de softwares por formação, o executivo detalhou de que forma essa vocação tecnológica funcionando como core business da Diferente possibilita vencer o desafio de uma logística que entregue produtos sazonais e regionais com a dinâmica apropriada. “Trabalhamos com um sistema integrado que é acionado do pedido junto ao produtor até a etiquetagem das caixas e roteirização das entregas, etc.”

De acordo com o executivo, mesmo não permitindo que o consumidor escolha previamente e com exatidão tudo o que receberá na cesta de alimentos, as ferramentas tecnológicas da organização permitem que, ao receber conteúdo, o cliente se surpreenda com as afinidades ali encontradas. O que prova, no seu entender, que a foodtech está realmente olhando para cada assinante como se fosse único. Além disso, a avaliação quanto ao nível de satisfação com a cesta recebida, feita de imediato via WhatsApp, alimenta os insights para melhorar permanentemente a experiência. Na sua concepção, transformar dados em informação é o que permite assertividade na tomada de decisões. Houve tempo ainda para Paulo falar do lançamento feito neste mês do aplicativo, que chega para atender uma demanda do cliente e ajuda a avançar o algoritmo de perfil dos clientes, impactando no engajamento e empoderamento do cliente, com personalização via machine learning. Também detalhou os motivos que tem permitido à startup captar investimentos e um crescimento de quase 60% a cada mês nesse primeiro ano de atividade, entre muitos outros temas.

O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 637 lives realizadas desde março de 2020. Aproveite para também se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA encerrará a semana amanhã (03), com o Sextou, que debaterá o tema “Cultura cliente: Estratégia e importância dos influencers em CX”, ao reunir Camilla Barcala, gerente de experiência do paciente no Grupo Oncomed, Guilherme Kolberg, head de CX & Atendimento na XP Inc, Luiza Mattos, sócia da Bain & Company e Rafael Bonjorno, head de atendimento ao cliente e serviços da Electrolux para Latam.

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