Executivos de banco BV, Efí, PwC Brasil e TecBan debatem as vantagens que a iniciativa do Banco Central traz para as relações de consumo
Na trilha do Pix e do open finance, o Banco Central vem avançando também na criação do Drex, dentro do movimento de CBDC (Central Bank Digital Currency) brasileiro, com o objetivo de aumentar a eficiência e confiabilidade do sistema financeiro do País. Ainda na primeira fase piloto, com testes realizados com a participação de outras entidades e 16 consórcios de empresas, o Drex é aguardado para 2025 com otimismo pelas organizações brasileiras, por seus benefícios, como realizar transações tokenizadas mesmo off-line. Debatendo os vários aspectos que cercam o tema, Eliseu Tudisco, sócio da PwC Brasil, Fabrício Souza, gerente de engenharia de software na Efí, João Gianvecchio, head de digital assets do banco BV, e Luiz Fernando Lopes, gerente de produtos digitais na TecBan, participaram, hoje (21), da 937ª edição da Série Lives – Entrevista ClienteSA.
Para iniciar, Eliseu lembrou que, desde 2020, o tema já vem sendo tratado, inicialmente, como real digital, depois já com o nome de Drex, e agora se encontra em fase de pilotos avançados. Conceituando, ele disse que o Drex, por ser uma CBDC, pode contar com várias tecnologias por trás e, no caso do Brasil, foi escolhida uma tecnologia por processamento descentralizado, porém “permissionado”. “Porém, o mais relevante é saber, além da tecnologia por trás da CBDC, quais os objetivos que o Banco Central vem perseguindo com bastante determinação na esteira da criação do Pix, do Open Finance e tudo o mais. Se o aspecto transacional já foi solucionado com o Pix, o BC busca agora, com o Drex, viabilizar a criação de produtos e serviços inovadores. Por exemplo, a possibilidade de fazer transações tokenizadas que podem acontecer off-line. Isso tudo representará uma evolução de nosso sistema financeiro como um todo.”
Depois de citar outros exemplos de produtos e serviços potencialmente inovadores como contratos inteligentes, streaming de pagamentos, entre outros, foi a vez de Fabrício, complementar as observações, afirmando que a principal visão do Drex é resolver o problema da confiança nas transações comerciais, notadamente na compra e venda que envolvem altos valores. “Além disso, acelerar alguns processos relativos a investimentos, entre outros, enfim, atender ao objetivo de suprir esse gap de confiabilidade dentro do sistema financeiro, o que será uma grande evolução.”
Por sua vez, João lembrou que o movimento do tipo CBDC vem acontecendo mundo afora, também em fase de pilotos, com muitos testes. “Só que aqui, no Brasil, o que BC busca com as trilhas do Pix, Open Finance e Drex – e onde se insere uma quarta trilha, a internacionalização da moeda – é tornar o mercado financeiro mais eficiente, mais barato e proporcionar mais acesso a serviços financeiros para a população.” Segundo o executivo, a tokenização da economia traz mais uma camada, além da maior confiança, que é a da “programabilidade”, como, nos contratos inteligentes, em que a compra e venda de um bem já acontece de uma forma interoperável. Isso favorece, inclusive, a jornada do cliente, que se torna mais fluida.
Na sequência, Luiz afirmou que a tendência de tokenizar a economia é irreversível, havendo projeções de que até 2030 esses ativos digitais deverão movimentar algo em torno de 10% do PIB global, o que significa mais de U$ 16 trilhões. “Aqui no Brasil estudos preveem que chegue a R$ 600 bilhões dentro desse mesmo período. E o fato dessas inovações no mercado financeiro serem iniciativa do Banco Central traz uma segurança a mais, inclusive para atrair investimentos do exterior, além de nós, enquanto clientes, ficarmos mais tranquilos em relação aos nossos ativos digitais. Sem falar da inclusão financeira que isso traz também.”
Houve tempo para responderem a audiência se empresas já estariam preparadas para atuar de forma assertiva na plataforma de blockchain que acompanha o Drex. Nesse sentido, João respondeu afirmativamente, acrescentando que já é possível ver organizações liberando operações aos clientes, dentro desse ambiente, para fazer investimentos em criptomoedas. Mas deixou claro que o Drex é diferente da criptomeda, pois se trata de dinheiro fiduciário do governo. Já Luiz lembrou que, além dos 16 consórcios que estão trabalhando no primeiro piloto do Drex, outras organizações também estão estudando o tema em seus laboratórios. “As que não estão olhando pra isso acabarão perdendo o timing das oportunidades que o Drex representa.” Os convidados puderam, ainda, ao longo da live, abordar outras possibilidades de uso do Drex.
O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 936 lives realizadas desde março de 2020, em um acervo que já passa de 2,8 mil vídeos sobre cultura cliente. Aproveite para também se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA retorna na segunda-feira (24), trazendo Hermann Mahnke, diretor executivo de serviços digitais e experiência do cliente da General Motors, que falará da resposta às mudanças de comportamento do consumidor; na terça, será a vez de Renata Cunha, gerente de marketing da Brilhante; e, na quarta, Mauro Nomura, fundador e CEO do Grupo Nomura.