Evento promovido pelo IGeoc, no WTC Events Center, em São Paulo, reuniu mais de quase mil pessoas
O Brasil soma mais de 68 milhões de adultos inadimplentes, o que corresponde a 41,5% da população economicamente ativa. Diante de um cenário que afeta diretamente o crescimento econômico e o acesso ao crédito, o 12º Fórum de Inovação do Instituto de Gestão e Excelência Operacional em Cobrança (IGeoc) reuniu mais de 950 líderes, autoridades e especialistas, em São Paulo, para discutir os principais desafios e caminhos para o setor de cobrança.
O evento, que reuniu lideranças empresariais, autoridades políticas e representantes de instituições financeiras, foi dividido em cinco painéis temáticos que abordaram desde a regulamentação do setor até os desafios impostos pela transformação digital.
“O setor de cobrança não apenas ajuda a recuperar o crédito e fomentar a economia, como também devolve dignidade às famílias brasileiras. Precisamos discutir com seriedade as diretrizes e inovações que norteiam esse trabalho”, afirmou, durante a abertura do fórum, Rodrigo Mandaliti, presidente do IGeoc.
No primeiro painel, parlamentares como Júlio Lopes (PP-RJ), João Cury (MDB-SP), senador Laércio Oliveira (PP-SE) e Tadeu Silva da Acrefi, debateram sobre a criação de uma legislação sólida e eficiente para o setor. A ausência de regras claras dificulta o reconhecimento das empresas sérias e aumenta a confusão entre telemarketing e cobrança legítima.
Centralidade no cliente: empatia como estratégia
A segunda mesa abordou os desafios da concessão e recuperação de crédito com foco na centralidade no cliente. Executivos de instituições como Bradesco, Inter, Itaú, Casas Bahia e Banco Volkswagen Truck & Bus destacaram que a empatia, a personalização e a escuta ativa são hoje elementos indispensáveis para uma cobrança eficaz e respeitosa. “A inadimplência não é, em sua maioria, fruto de má-fé. É preciso enxergar a história por trás da dívida e propor soluções compatíveis com a realidade do cliente”, afirmou Bia Bernardi, do Itaú Unibanco.
Marco legal das garantias: menos judicialização, mais eficiência
O terceiro painel tratou do novo marco legal das garantias, que permite a retomada extrajudicial de bens, como veículos, em casos de inadimplência. A medida promete reduzir custos e prazos ao evitar a judicialização desnecessária, mas especialistas alertam para a necessidade de regulamentações claras e de respeito aos direitos do consumidor. “É um avanço necessário, mas que deve ser tratado com responsabilidade. Retomar um bem só deve ser feito com base em critérios éticos, legais e transparentes”, explicou Dayane Goes, da Paschoalotto.
Liderança feminina e inteligência artificial: caminhos para um setor mais justo e inovador
Em um painel exclusivo sobre liderança feminina, executivas do setor financeiro destacaram a importância da cobrança humanizada e da representatividade feminina nas decisões estratégicas. A IA também foi tema de debate, com foco nos dilemas éticos e no papel do ser humano como mediador das decisões automatizadas. “A inteligência artificial deve ser uma aliada, e não um substituto. Ética e personalização são essenciais para que a tecnologia beneficie o cliente e a empresa”, comentou Marcela Gaiato, do Bradesco.
Um setor que move a economia
Para Mandaliti, a busca por maior eficiência e transparência no setor é urgente diante de uma população altamente endividada e de um ambiente econômico desafiador. “O fórum reforça a disposição do IGeoc em atuar como agente de articulação entre mercado, governo e sociedade, promovendo um setor mais justo, moderno e preparado para os desafios do presente e do futuro.”