Na teoria, todos sabem que o pano de fundo para ajudar equipes a possuir inspiração, inovação e aumentar a produtividade, mantendo a qualidade, é o relacionamento. Mas por que a prática ainda parece tão distante? O ser humano só produz se está influenciado por alguma das três seguintes motivações: importância que aquilo representa para si; risco de consequências ameaçadoras; ou pela recompensa. Essa última nem sempre precisa ser financeira, mas é imprescindível que vá ao encontro da felicidade do indivíduo.
O processo de relacionamento envolve algumas belas doses de humanismo, ou seja, bons líderes são bons simplesmente por gostarem de gente. Em nossas empresas, existe, por vezes, uma preocupação muito maior com a qualificação técnica (também relevante) do que com a capacidade, que um líder deve possuir, de relacionar-se com a equipe. Daí, por consequência, deparamo-nos com o problema “clássico” de sempre: altos índices de absenteísmo e rotatividade, que causam prejuízos imensuráveis. O segredo para reverter essa situação está no detalhe. Lembro-me de uma história de meu sogro, José Perbone, que, mesmo após alcançar um patamar profissional mais elevado, contava que o melhor dia de sua vida profissional, em tempos de chão de fábrica, foi quando recebeu o cumprimento do dono da empresa em que trabalhava. “Ele apertou minha mão”, dizia, com um brilho no olhar. Um ato simples e, para muitos, sem qualquer importância, mas que pode fazer toda a diferença.
Não é possível liderar sem que haja algum desgaste no relacionamento com as pessoas. Ou escolha nunca se indispor com elas, ou ser líder. No entanto, alguns líderes conseguem equilibrar essa equação com muita proeza, pois lançam mão da poderosíssima arte do diálogo, acompanhada de um feedback construtivo e periódico. O relacionamento é a base da liderança sobre uma equipe e é por meio dele que se conquista poder, autonomia e resultados. O processo não funciona mais pela força.
Mas para que se tenham líderes com a competência de se relacionar, é necessário que a organização se oriente para isso em todas as esferas hierárquicas, ou seja, valorizar o relacionamento como área de estudo e vocação deve partir da cúpula e se alastrar pelas demais divisões. Não devemos esquecer que o exemplo ainda é o melhor método de ensinamento. O fato agora é saber se, para ocupar as cadeiras do poder, admitimos seres humanos capazes de preparar sucessores ou meros possuidores de mirabolantes currículos.
Edison Andrades é palestrante e sócio da Reciclare Consultoria & Treinamento. E-mail: [email protected]