As operadoras de telecom devem investir até o final deste ano R$ 10,2 bilhões. A informação foi revelada através de uma pesquisa exclusiva realizada pela Abeprest (Associação Brasileira de Empresas Prestadoras de Serviços em Telecomunicações). Embora esse capital seja 14,6% maior que o de 2002, o estudo Banco de Dados de Mercado 2003 mostra redução de 8,5% nos investimentos direcionados ao segmento de serviços, que incluem construção, expansão, manutenção e operação de redes. “Acreditamos que a queda nos investimentos em serviços coloca em xeque a qualidade das operações e os consumidores serão, sem dúvida, os mais prejudicados”, alerta Herold Weiss, presidente da Abeprest.
De acordo com o levantamento, do total de R$ 10,2 bilhões previstos para investimentos este ano, R$ 3,3 bilhões, ou seja, uma fatia de 32% deve ser convertida em contratos de prestação de serviços. No ano passado, do total de R$ 8,9 bilhões para investimentos, 39% ou R$ 3,5 bilhões seriam destinados a este segmento.
Inédita no mercado de telecomunicações brasileiro, a pesquisa, que já está em sua 2ª edição, foi feita com objetivo de conhecer e divulgar o tamanho do mercado para os prestadores de serviço em 2003, determinar as preferências das operadoras em relação à contratação de serviços e à quarteirização e levantar as oportunidades e ameaças em relação à participação dos fornecedores na prestação de serviços, entre outros aspectos.
A pesquisa confirma que, no cenário de negócios do setor, as operadoras fixas são as que ainda mais investem em serviços, respondendo por 51% do total esperado para o segmento. São elas também as que mais devem reduzir os investimentos nessa área, de cerca de R$ 2,4 bilhões no ano passado para 1,7 bilhão em 2003, uma redução de 29,2%. As operadoras celulares e de longa distância aparecem como as que devem aumentar os investimentos em serviços. No caso das operadoras de longa distância, de R$ 361 mil em 2002 para R$ 437 mil este ano, e das celulares, de R$ 612 mil para aproximadamente R$ 1,1 bilhão.
A pesquisa mostra que as operadoras celulares aumentam também sua participação no total de investimentos em prestação de serviços, de 18% em 2002 para 33% este ano, e assim ficam atrás apenas das operadoras fixas.
Com o estudo, a Abeprest também procurou saber quais serão os focos de investimentos das operadoras. A pesquisa Banco de Dados de Mercado 2003 revelou que as operadoras celulares pretendem continuar seus investimentos em tecnologia GSM e migração para 2,5 G. As fixas devem investir no crescimento vegetativo da rede, no crescimento da banda larga e na melhoria da qualidade da rede e as operadoras de longa distância querem ganhar market share no mercado de telefonia local. Entre todas as operadoras o consenso é de que o melhor mesmo, no momento, é ganhar rentabilidade com a rede instalada.
Já as prestadoras de serviços mostram-se preocupadas com a diminuição de suas margens de lucro e também com a redução dos valores dos contratos em 2003: 30,9% delas acreditam que os preços dos contratos caíram de 21 a 30%, e 23,6% das prestadoras acreditam em uma queda que varia de 11 a 20%. Para driblar essa situação, essas empresas começam a se focar na prestação de serviços de manutenção e apostam na diversificação de mercados, além de telecomunicações, demonstrando consciência de que para isso é necessário investir em infra-estrutura e treinamento de mão-de-obra. “A redução dos preços dos contratos deve gerar muitas dificuldades para as prestadoras de serviços, já que a falta de liquidez nessas empresas pode resultar até no fechamento de muitas portas, além de aumentar a deterioração nos sistemas de telefonia, sem contar os inúmeros transtornos para a sociedade”, alerta Herold.
Para garantir a consistência de todos esses dados, a Abeprest ouviu representantes de todas as operadoras fixas, celulares, de longa distância e de serviços especializados, os principais fornecedores de equipamentos, integradores, prestadores de serviços e consultores do setor em todo o País.