Os mestres que empreendem até na (aparente) instabilidade

Há cerca de três anos, o consultor Tom Peters, percorrendo o mundo com suas lições sobre a destruição criativa – numa herança tão bem desenvolvida e aprimorada a partir de Schumpetter – nos alertava sobre a importância da Tecnologia da Informação e da web na alavancagem de negócios e organizações hoje e amanhã. Ele dizia o seguinte: “Cortamos os orçamentos de TI e preterimos grandes projetos quando a economia desacelera. Mas só se chega adiante, e fora a calmaria econômica, pelo compromisso total com a TI. Falamos sobre o ‘boom tecnológico’ e a concomitante ‘falência tecnológica’ como se a promessa da tecnologia fosse coisa do passado. Mas a estupenda aventura na TI está apenas começando”.

Ele concluía da seguinte forma: “procuramos tirar vantagem da web em nosso ‘comprovado’ modelo de negócio, quando o que devemos é re-imaginar esse negócio para que ele seja conduzido – interna e externamente – pela web e o poder de conectividade total”.

Essa espécie de messias dos novos negócios em tempos “muito loucos”, como ele gosta de afirmar, não escondia, entretanto, sua consciência de que tudo passa pelo foco absoluto no relacionamento com os clientes. Novas formas, novos projetos, inovações ininterruptas em busca de um relacionamento duradouro de encantamentos contínuos. Experiências memoráveis, diz ele de forma incansável.

Tudo isso me faz pensar nos empreendedores que possibilitaram chegarmos a esse ponto. Os pioneiros da modernidade. Que nada mais são que os empresários que souberam se utilizar da chave-mestra. Aquela que permanece desde os tempos em que não se falava em TI nem em rede mundial de computadores. Sabe qual é essa chave? A que abre qualquer porta por mais inexpugnável que pareça? Aquela que está por traz de todo planejamento estratégico bem-sucedido? É a perseverança.

Momento de se levar a sério uma expressão que virou jargão e se desgastou, de tanto que andou na boca de consultores bem-intencionados. “Só fracassa quem desiste”. Ou, como dizia Fernando Sabino, numa tirada para nos estimular: “No final, tudo dá certo. Se não deu, é porque ainda não é o final”.

Certa vez, dando uma palestra sobre as possibilidades da inovação contínua, para os membros da diretoria de uma empresa de médio porte, estávamos contando a história de algumas grandes organizações vencedoras (aquelas feitas para durar), quando o presidente da empresa saltou da cadeira: “Então, perseverança é a chave!”, exclamou ele. E ficou nesse estado ao ter contato com os fatos que permeiam a gênese de grandes corporações. Quando eram de um tamanho menor e estavam engatinhando em seus projetos, quase todas elas falharam, e falharam. Até que a coragem de seus fundadores, o espírito de luta incansável – sem desistir, sem retroagir – os fizeram criadores de impérios.

Apesar de tudo isso, vemos hoje empresas assustadas sempre que uma mudança cultural se avizinha. A bordo de uma inovação tecnológica, um novo processo de negócios, etc. Sempre na esteira da web e da TI. A recomendação é a seguinte: envolver todos na organização. Conscientizar sobre os benefícios. Não se assustar quando maré parece contrária. Os riscos da inovação são a oportunidade que os clientes estão aguardando para um novo e melhor relacionamento.

De nada adianta esperar por um momento de estabilidade. Ele não virá. Assim sabiam e sabem – como o gênio Steve Jobs, fênix que sempre renasce das cinzas dos negócios anteriores – os grandes mestres da instabilidade, os empreendedores que construíram e constroem este mundo dos negócios de hoje.

Kendi Sakamoto é diretor da Kendi Sakamoto Contact Center Consulting (www.kendisakamoto.com.br)

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