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Deus, a filosofia e algumas verdades…

Você já deve ter recebido mensagens de fim de ano por grupos de whatsApp com o (lindo!) texto “Deus”, indevidamente atribuído filósofo holandês Baruch von Spinoza (também chamado de Bento de Spinoza). Spinoza foi um dos grandes filósofos racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, ao lado de Descartes e Leibniz.

Spinoza

A posição teológica de Spinoza era conhecida pela expressão Deus sive Natura – encontrada originalmente na obra Meditações do filósofo René Descartes, e ele entendia que essa expressão apresentava uma ideia de uma divindade inerente à natureza. Spinoza utilizava uma linguagem metafórica com um forte apelo espiritual, o que revela incompatibilidade do texto citado com o próprio pensamento do filósofo.

Na verdade, o texto abaixo foi escrito pelo mexicano Francisco Javier Ángel Real, conhecido pelo pseudônimo de Anand Dílvar, e pode ser encontrado em seu livro Conversaciones con mi Guía, onde ele relata um suposto diálogo com uma entidade espiritual. Confira abaixo o texto de Anand Dílvar, atribuído a Spinoza e várias vezes associado a uma suposta resposta de Einstein sobre acreditar em Deus:

“Pare de ficar rezando e batendo no peito! O que quero que faça é que saia pelo mundo e desfrute a vida. Quero que goze, cante, divirta-se e aproveite tudo o que fiz pra você.

Pare de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que você mesmo construiu e acredita ser a minha casa! Minha casa são as montanhas, os bosques, os rios, os lagos, as praias, onde vivo e expresso Amor por você.

Pare de me culpar pela sua vida miserável! Eu nunca disse que há algo mau em você, que é um pecador ou que sua sexualidade seja algo ruim. O sexo é um presente que lhe dei e com o qual você pode expressar amor, êxtase, alegria. Assim, não me culpe por tudo o que o fizeram crer.

Pare de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo! Se não pode me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de seus amigos, nos olhos de seu filhinho, não me encontrará em nenhum livro.

Confie em mim e deixe de me dirigir pedidos! Você vai me dizer como fazer meu trabalho? Pare de ter medo de mim! Eu não o julgo, nem o critico, nem me irrito, nem o incomodo, nem o castigo. Eu sou puro Amor.

Pare de me pedir perdão! Não há nada a perdoar. Se eu o fiz, eu é que o enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso culpá-lo se responde a algo que eu pus em você? Como posso castigá-lo por ser como é, se eu o fiz?

Crê que eu poderia criar um lugar para queimar todos os meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que Deus faria isso? Esqueça qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei, que são artimanhas para manipulá-lo, para controlá-lo, que só geram culpa em você!

Respeite seu próximo e não faça ao outro o que não queira para você! Preste atenção na sua vida, que seu estado de alerta seja seu guia!

Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é só o que há aqui e agora, e só de que você precisa.

Eu o fiz absolutamente livre. Não há prêmios, nem castigos. Não há pecados, nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Você é absolutamente livre para fazer da sua vida um céu ou um inferno.

Não lhe poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso lhe dar um conselho: Viva como se não o houvesse, como se esta fosse sua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não houver nada, você terá usufruído da oportunidade que lhe dei.

E, se houver, tenha certeza de que não vou perguntar se você foi comportado ou não. Vou perguntar se você gostou, se se divertiu, do que mais gostou, o que aprendeu.

Pare de crer em mim! Crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que você acredite em mim, quero que me sinta em você. Quero que me sinta em você quando beija sua amada, quando agasalha sua filhinha, quando acaricia seu cachorro, quando toma banho de mar.

Pare de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra você acredita que eu seja? Aborrece-me que me louvem. Cansa-me que me agradeçam. Você se sente grato? Demonstre-o cuidando de você, da sua saúde, das suas relações, do mundo. Sente-se olhado, surpreendido? Expresse sua alegria! Esse é um jeito de me louvar.

Pare de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que o ensinaram sobre mim! A única certeza é que você está aqui, que está vivo e que este mundo está cheio de maravilhas.

Para que precisa de mais milagres? Para que tantas explicações? Não me procure fora. Não me achará. Procure-me dentro de você. É aí que estou, batendo em você.”

E então, o que achou do texto? Na verdade, acredito que o que importa mesmo é a essência do texto e a profundidade de seu conteúdo. A associação a um filósofo tão respeitado quanto Spinoza talvez seja o reflexo de uma busca atual de credibilidade… Se você ler com bastante atenção, notará que trata-se de uma fábula contemporânea, com diversas mensagens e ideias interessantes e uma essência atual… Um belo texto, sem dúvida. De qualquer forma, é justo dar o crédito a Anand Dílvar – “à César o que é de César”, não é mesmo?

Mas acredite: sempre vale a pena buscar a sua verdade interior, não importa qual seja o “seu” Deus… Esse é o caminho!

“Conversaciones con mi Guía” de Anand Dílvar

Francisco Javier Ángel Real

 

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