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Ana Julião, gerente geral da Edelman no Brasil

A falta de confiança dos brasileiros em inovações de diferentes setores

Estudo Edelman Trust Barometer 2024 mostra que brasileiros tendem a acreditar que o governo tem muita influência sobre a forma como a ciência é conduzida

Existe um distanciamento entre a sociedade e inovações, como inteligência artificial, medicina genética – que inclui vacinas de mRNA, muito discutidas durante a pandemia de Covid-19 -, e alimentos geneticamente modificados, como cultivos resistentes a pragas e peixes de crescimento rápido. A constatação faz parte do estudo Edelman Trust Barometer 2024 que, entre os 28 países pesquisados, a maioria tende a acreditar que inovações na sociedade são mal gerenciadas. “Quando as pessoas têm essa percepção, elas são mais propensas a rejeitar o surgimento dessas novas tecnologias”,comentou Ana Julião, gerente geral da Edelman no Brasil..   

O relatório identificou ainda uma grande lacuna entre a confiança nos setores e nas inovações que promovem. Apesar de 79% dos brasileiros afirmarem que as empresas de tecnologia são confiáveis, apenas 53% confiam na inteligência artificial. O mesmo acontece para as empresas de saúde: 70% confiam em seus negócios, mas apenas 56% confiam em medicina genética. A diferença mais relevante está no setor de alimentos e bebidas, no qual 75% afirmam confiar, mas apenas 31% confiam em alimentos geneticamente modificados, uma diferença de 44 pontos. 

Confiança somente nas empresas

As empresas aparecem como as únicas confiáveis – com 63% de confiança – para integrar as inovações na sociedade, garantindo que sejam seguras, compreendidas pelo público, benéficas e acessíveis. Enquanto ONGs (52% de confiança) e mídia (50%) ficam no patamar da neutralidade, a desconfiança predomina em relação ao governo (46%). Além disso, 56% dos brasileiros acreditam que reguladores governamentais não entendem adequadamente sobre essas inovações para regulá-las de maneira efetiva, 61% afirmam que o governo e as organizações que financiam pesquisas têm muita influência sobre como a ciência é feita e 57% preocupam-se que a ciência se tornou politizada no País. No Brasil, espera-se que cientistas (82%), acadêmicos (75%) e especialistas técnicos (75%) tenham um papel importante na implementação de inovações.  

Apesar de serem as únicas confiadas para integrar inovações na sociedade, a expectativa não é de que empresas atuem sozinhas. Entre os brasileiros ouvidos na 24ª edição do Trust Barometer, 59% confiariam mais nas empresas para fazerem mudanças por meio da tecnologia se elas fizessem isso em colaboração com o governo – um crescimento de 6 pontos desde 2015. Globalmente, houve um aumento significativo de 15 pontos (45% em 2015 para 60% atualmente). Conduzida pelo Edelman Trust Institute, a pesquisa ouviu mais de 32 mil pessoas no mundo. 

Sessenta e oito por cento dos brasileiros entrevistados esperam que os CEOs gerenciem as mudanças que estão ocorrendo na sociedade, e não só aquelas que estão relacionadas a seus negócios. Entre os empregados, mais de 8 em cada 10 funcionários consideram importante que seu CEO seja transparente sobre questões como habilidades profissionais para o futuro (88%), o uso ético das tecnologias (86%) e o impacto da automação nos empregos (82%). “Comunicar prós e contras, manter inovações financeiramente acessíveis e ouvir as preocupações do público estão entre as etapas essenciais para empresas nesse processo de transformações”, comenta Ana Julião.

Outros achados

Outros achados do Edelman Trust Barometer 2024  são que o desemprego segue sendo o medo mais elevado, com 91% de preocupação entre os brasileiros. Já em relação aos medos relativos à sociedade, destacam-se as mudanças climáticas (82% preocupados), guerra nuclear (78%), hackers (74%) e guerra de informação (63%); a confiança segue sendo local. No Brasil, a figura do “Meu empregador” é a mais confiável para fazer o que é certo no geral (82% de confiança entre os empregados), assim como todos os outros países entrevistados, com exceção da Coreia do Sul. As empresas (66% de confiança) são a única instituição em que os brasileiros confiam para atuar corretamente. Na edição desse ano da pesquisa, as ONGs estão no patamar da neutralidade (59%), enquanto Mídia (45%) e governo (42%) permanecem como desconfiadas.  

Globalmente, as autoridades governamentais estão entre os grupos de pessoas menos confiáveis para fazer o que é certo (42% de confiança), seguidas dos jornalistas (49%) e CEOs (51%). Cientistas (77%), professores (74%), “meu CEO” (69% entre os empregados), cidadãos do “meu país” (63%) e “meu vizinhos” (62%) estão no patamar da confiança;  o relatório ainda aponta uma desconfiança entre os líderes tradicionais, com a preocupação de que autoridades governamentais (72% preocupados), líderes empresariais (64%) e jornalistas e repórteres (68%) estão tentando enganar as pessoas propositalmente, dizendo coisas que sabem ser falsas ou exageradas.  “Pessoas como eu” (80%), cientistas (75%) e especialistas técnicos de empresas (70%) aparecem entre as vozes confiadas para dizerem a verdade sobre as inovações e novas tecnologias.

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