Fundadora do Compra Agora descreve as estratégias adotadas pela plataforma que interliga indústrias, distribuidores e pequenos comerciantes na nova cultura do consumo local
Como em uma espécie de inércia positiva, o hábito do consumidor de comprar do varejo de bairro, adquirido em meio às circunstâncias da pandemia, se mantém e as pesquisas deixam claro: quase 90% das pessoas pretendem continuar consumindo, no entorno de sua residência, os produtos indispensáveis para o seu dia a dia. É dentro dessa realidade que vem crescendo e se consolidando o Compra Agora, marketplace B2B que conecta as indústrias ao chamado varejo de vizinhança por meio das rotas de distribuidores. Ou seja, uma plataforma que não compra, nem revende, mas faz a intermediação entre esses agentes. Uma startup que nasceu dentro da Unilever e ganhou vida própria depois do spin-off em 2020, ao verificar a necessidade de oferecer on-line uma cesta ainda mais relevante para o pequeno comerciante, com ênfase no varejo alimentar. Expondo as estratégias que permitem à plataforma ostentar uma base de mais de 400 mil varejistas, aos quais disponibiliza perto de 500 marcas, Thaise Hagge, fundadora e diretora geral do Compra Agora, foi a convidada, hoje (24), da 708ª edição da Série Lives – Entrevista ClienteSA.
Expondo logo de início os motivos de um dos principais propósitos do marketplace B2B, o de apoiar o crescimento do varejo de vizinhança por sua relevância na economia e na sociedade, Thaise afirmou que a plataforma se acelerou de fato na pandemia não apenas em termos de dar a alternativas eficazes de digitalização, mas também no entendimento da relevância que há em oferecer uma cesta o mais abrangente possível no comércio local. Segundo ela, houve uma corrida significativa das indústrias em geral em como resolver, por meios não tradicionais, as vendas e o abastecimento desse mercado, que seguiu crescendo com a permanência do novo comportamento dos consumidores em comprarem localmente. “O hábito se manteve mesmo depois da crise sanitária, porque, a despeito dos avanços tecnológicos, com muita virtualização apoiada por inteligência artificial e tudo o mais, o ser humano continua buscando o relacionamento humanizado e personalizado nem suas interações de consumo.”
Para ela, ao contrário dessa análise representar um paradoxo, já que parte de uma empreendedora focada no negócio digital, na verdade se trata de como esses fatores se interligam e se completam em favor dos clientes. Ou seja, ao promover as vendas das marcas em um só espaço, facilita a vida da indústria e permite grande sortimento à disposição do pequeno comerciante que, lá na ponta, proporcionará a experiência desejada pelo consumidor.
“Ao conectar os três tipos de players – indústria, distribuição e comércio local -, oferecendo uma plataforma inteligente que melhora a performance de todo esse ecossistema, atingimos nosso propósito de fortalecer o varejo de vizinhança.”
Nascido como um e-commerce dentro da Unilever, em 2018, o marketplace ganhou vida própria dois anos depois como uma startup centrada na plataforma multi-indústrias B2B. Isso porque, de acordo com a executiva, houve a percepção de que, a despeito da multinacional oferecer inúmeras marcas representativas em diversas categorias, a amplitude é tal que não passava de 5% da cesta necessária para a plataforma ganhar relevância no varejo de vizinhança. Esse salto foi possível, nas explicações de Thaise, porque a ferramenta se encontrava em estágio avançado e o engajamento dos distribuidores com a plataforma já havia se consolidado. Na sua concepção, não faz sentido cada indústria ter seu próprio espaço virtual de vendas, uma vez que o pequeno varejista não teria tempo para buscar produtos pesquisando em muitas plataformas. “Por isso, nossa missão é minimizar ou eliminar as dores desse empreendedor, não apenas no processo de reposição de estoque, mas como uma forma de manter a sobrevivência e até favorecer o crescimento desse pequeno negócio.” Hoje, já são cerca de 600 marcas disponibilizadas por 50 indústrias parceiras da plataforma, que possui perto de 430 mil pequenos varejistas cadastrados.
Ao ser indagada sobre as características do varejo de vizinhança, Thaise explicou que são considerados nessa denominação desde o varejo tradicional – a “vendinha do bairro” – até as lojas com no máximo nove pontos de check-out. Segundo ela, para gerar as iniciativas que buscam dar apoio a esse universo, a Compra Agora possui times de consultores que pesquisam in loco os níveis de satisfação e de vicissitudes desses pequenos empreendedores, e, principalmente, demonstra as virtudes dessa possibilidade de realizar as compras on-line, orientando no uso da ferramenta, assim como as vantagens dos descontos oferecidos no programa de fidelidade da plataforma. Houve tempo ainda para Thaise responder às diversas questões levantadas pela audiência sobre temas tais como o futuro do varejo de vizinhança, as ameaças à competitividade da plataforma diante do eventual crescimento do D2C, oferta de crédito ao pequeno varejista e muitos outros.
O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 707 lives realizadas desde março de 2020. Aproveite para também se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA terá sequência amanhã (25), com a presença de Bianca Setin, diretora de operações da Setin Incorporadora, que falará da aposta em cultura de inovação para antecipar tendências; e, encerrando a semana, O Sextou debaterá o tema “Inovação: Os avanços em tecnologia com impacto na CX”, reunindo Firmino Freitas, CEO da Darwin Seguros; Rafael Assis, diretor de tecnologia e inovação da Ademicon e Fabiano Nagamatsu, CEO da Osten Moove.