CEO da Klubi descreve os caminhos da fintech que aposta em uma jornada totalmente on-line
O sistema brasileiro de consórcios passou por um boom nos anos 80, sofreu abalos na década seguinte e, mesmo na montanha-russa que marcou também os períodos subsequentes, jamais parou de crescer. Em plena pandemia, essa indústria movimentou mais de R$ 160 bilhões e superou a marca histórica de 8 milhões de participantes. Entretanto, contrastando com quase todos os demais setores financeiros, operava ainda assentado no modelo analógico. Até que, em 2021, surge a Klubi, fintech que obteve permissão do Banco Central para atuar como plataforma de oferta de experiência 100% digital nas operações de consórcio. Em atividade desde outubro do ano passado, a startup já conta com mais de mil consorciados, em uma jornada que dispensa intermediários. Contando os detalhes do consórcio digital, os desafios e as perspectivas do modelo, Eduardo Rocha, fundador e CEO da Klubi, foi o convidado de hoje (04), da 534ª edição da Série Lives – Entrevista ClienteSA.
De início, Eduardo contou um pouco de sua trajetória profissional de mais de 30 anos, passando por empreendedorismo em consultoria – ajudando no processo de criação da Ambev, por exemplo – e, depois, até 2018, à frente de um dos principais players do segmento de consórcios. Foi no desenvolvimento dessa experiência que se fascinou pelas virtudes dessa modalidade de aquisição de bens, pelo que considera alto potencial para inclusão e educação financeira, por ser destinado às pessoas da classe média com renda familiar até R$ 10 mil por mês, mas com enorme dificuldade de conseguir crédito pelos meios convencionais. “O consórcio traz essas pessoas para o jogo.”
Depois de 12 anos nessa indústria, Eduardo afirmou se surpreender com o crescimento ininterrupto da mesma durante todo esse período, demonstrando grande solidez, destacando o quanto a atividade conseguiu se desenvolver em um modelo dentro do binômio analógico-intermediado, o que fez sentir o ímpeto de empreender no segmento.
“Meu desafio era desenhar um modelo de negócio, dentro do setor, que ainda não havia sido testado. O que pode ser resumido em um forte propósito de entregar, aos brasileiros angustiados pela barreira do acesso ao crédito, uma experiência inesquecível de solução do problema, transformando sonhos em realidade.”
Além do universo citado dentro das variantes da classe C, o público potencial no radar do negócio que viria a ser gestado, segundo o CEO, é constituído também pelos informais e pessoas com renda razoável, mas ainda sem histórico de crédito no qual se apoiar. Por exemplo, os milhares de correntistas das instituições digitais inseridos no sistema bancário, mas não no crédito. Um dos motivos pelos quais o executivo acredita que dos mais de mil membros do Klubi – como são chamados os clientes da plataforma -, 40% sejam jovens com menos de 30 anos.
Voltando a 2108, com o modelo do negócio pronto, Eduardo chamou os três fundadores da 99 e um dos criadores do iFood para, juntos, investirem no piloto do projeto, um MVP funcionando como intermediário digital linkado a administradoras de consórcios. “Depois de apenas um semestre, foi fácil perceber que estávamos no caminho certo”, disse o executivo, acrescentando que deu certo porque foi a junção de alguém com muita experiência nessa indústria ao lado de quatro criadores de unicórnios brasileiros. O próximo passo foi obter junto ao Banco Central a licença para funcionar. Com a conquista, a empresa começou oficialmente as atividades em outubro do ano passado, já sendo possível constatar, nesse início bem-sucedido, em suas palavras, “muita dor, muita resiliência, mas muita recompensa também, o que nos permite vislumbrar as dimensões que esta companhia alcançará nos próximos anos”.
Nessa análise, a despeito de se tratar de uma empresa essencialmente assentada na tecnologia, o fundador atribui a superação das dificuldades iniciais à formação de um time extremamente engajado. São hoje quase 100 profissionais envolvidos na alavancagem do negócio. Em meio a esse processo de azeitar a máquina para gerar impacto e escalar, o empreendedor precisou descobrir os caminhos para acesso ao capital institucional, conseguindo captar, em uma primeira rodada, R$ 32,5 milhões. Seguindo-se do próximo obstáculo que se constituía em abrir o primeiro grupo de 200 consorciados até dezembro. Conseguindo esse primeiro êxito, o caminho estava aberto para o desafio permanente de escalar de forma sustentável.
Indagado sobre o papel do digital nos avanços da indústria de consórcios, que bateu recordes de faturamento em pleno período de pandemia, Eduardo disse que uma das características desse segmento é ser, praticamente, acíclico. Ou seja, prospera independente das conjunturas. E, depois de explicar o porquê desse fenômeno, ele apontou as vantagens do modelo digital operando sem intermediários em um mercado, que por mais que cresça, conta ainda com apenas 8,5 milhões de participantes, deixando um “imenso oceano azul” a ser trabalhado, já que há mais de 100 milhões de pessoas que compõem a classe média brasileira. “Com esse modelo digital B2C, numa jornada que começa na adesão, passando pela liberação do crédito, até o encerramento do grupo, será a melhor experiência possível para o consumidor.” Ele pôde descrever ainda como acontecem os lances na plataforma e o que considera benefícios exclusivos da jornada digital, bem como demonstrar o amplo leque de responsabilidades da administradora junto aos membros, grupos de consorciados, fornecedores, etc.
O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 533 lives realizadas desde março de 2020. Aproveite para também se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA encerra a semana amanhã (05), com o Sextou, que tratará do tema “Sustentabilidade: Uma resposta às novas demandas do consumidor”, tendo como convidados Giuliano Bittencourt, CEO da BeGreen, Victor Soares, cofundador e CEO da Metha Energia e Rodrigo Oliveira, fundador e CEO da Green Mining.