Estudo da Elo apresenta os gastos mais importantes do orçamento familiar e os setores de maior destaque nas opções de compras dos brasileiros, antes e depois da pandemia
Alimentação e combustível representam atualmente peso significativo no orçamento doméstico, registrando 41% dos gastos com cartões de crédito/débito. Para os brasileiros de menor renda, na faixa de um salário mínimo, a margem sobe para 46%, sendo que, em gastos essenciais, as compras presenciais são hegemônicas, chegando a quase 98% do total. Essas são algumas das principais constatações da pesquisa “Report: Elo Hábitos de Consumo”, realizada pela Elo Performance & Insights, time de consultoria da organização especializada em meios de pagamento. A primeira edição do estudo apresenta análises detalhadas a partir dos mais de 43 milhões de cartões ativos da marca e da média anual de mais de 4,5 bilhões de transações financeiras gerenciadas pela empresa em todas as regiões e estados do país.
A sondagem emprega dados de transações efetivadas entre início de 2020 ao final de 2022 para analisar didaticamente as mudanças nos hábitos de consumo dos brasileiros; os efeitos da pandemia e da inflação sobre o perfil e nível de gastos do público; os setores da economia que ganharam e perderam espaço no orçamento doméstico; a consolidação das compras online como importante canal de consumo; as similaridades e contrastes observadas nos hábitos e tendências de consumo dos públicos de maior e menor renda.
Avanço do digital
Apesar do predomínio absoluto das compras presenciais nos gastos básicos, no geral, de acordo com o Report, nos últimos 12 meses a opção por aquisições on-line saltou 26%. Brasileiros de menor renda gastam em média R$ 59,00 por compra. A classe média e os mais ricos (cartões de maior renda) gastam em média R$ 199,00, sendo que 91% das compras no comércio digital são feitas no crédito. “A digitalização se tornou protagonista na vida dos brasileiros, abrangendo os hábitos de consumo, trabalho, socialização, alimentação, transporte e entretenimento. Nosso estudo mostra que a transição para pagamentos não presenciais ou digitais tem se propagado rapidamente para novos setores ou categorias, incluindo onde o consumo sempre foi historicamente presencial”, explicou Giancarlo Greco, CEO da Elo.
Setores beneficiados
Os gastos com reformas e melhorias residenciais cresceram na opção de compra dos brasileiros durante a pandemia. Em dezembro de 2020, os gastos eram 55% maiores que em janeiro. Após acomodação em 2021, o setor voltou a crescer entre dezembro/2021 e dezembro/2022,com um salto de 5%.
Pessoas que dispõem de um nível maior de renda gastaram, na média dos últimos 12 meses, até 33% a mais em itens, produtos e serviços relacionados ao setor, com média de gastos em torno de R$ 504,00. Em recorte de renda mais baixa, houve recuo do gasto médio de 18%, em compras cujo valor médio foi R$ 141,00.
Esse recorte setorial — tradicionalmente, um símbolo do comércio presencial — tem migrado para a modalidade online, registrando crescimento de 45% nos últimos 12 meses, ante uma redução de 7% dos gastos no comércio presencial na mesma base comparativa. Para financiar os gastos, o crédito parcelado foi a modalidade de pagamentos que mais cresceu (32%). O recorte deste setor contempla os gastos com produtos e serviços relacionados à residência – construção, reformas, eletrodomésticos, móveis e decoração.
Já o setor de turismo e viagens apresenta forte retomada no consumo, com alta de 48% em compras efetivadas e aumento de até 45% no valor médio dos gastos. Ou seja, segundo a sondagem, os consumidores estão “gastando muito mais” para “viajar um pouco mais”. Os efeitos do câmbio, inflação e conflitos internacionais sobre preço dos combustíveis são fatores econômicos que podem explicar o encarecimento do transporte e passagens no período.
O crescimento do setor foi liderado pelo público de maior poder aquisitivo, com 91% de crescimento nos últimos 12 meses. Com mais renda disponível, esse público apresentou condições e disposição para arcar com a alta nos preços das passagens e pacotes de viagens após o período de restrições da pandemia. Outro destaque envolveu a modalidade crédito, que ampliou sua preferência no pagamento e financiamento dos gastos com viagens e turismo: o valor total transacionado subiu 80% no crédito à vista e 89% no crédito parcelado.
Além disso, as atividades foram favorecidas pelos canais e compras digitais, por meio dos quais os gastos praticamente dobraram nos últimos 12 meses (+99%), ante alta de 10% nas compras presenciais. O consumidor deste segmento investe tempo e dinheiro em serviços de comparativo de preços, promoções de destinos e pacotes com passagens e hospedagem. O recorte deste setor contempla os gastos com agências e operadores de viagens, companhias aéreas e acomodação (hotéis).