Carlos Benitez e Carlos Netto

As potencialidades e perspectivas do Bank as a Service

CEOs de BMP e Matera refletem sobre o mercado do BaaS e sua contribuição para as estratégias de experiência dos clientes

O segmento financeiro vem vivendo um momento de intensa inovação no Brasil com Pix, Open Banking, Open Finance e a abertura para o desenvolvimento das fintechs. Ganhando espaço na esteira desse novo ambiente de competitividade criado pelo Banco Central, o Banking as a Service, ou apenas BaaS, é uma estratégia que traz novos personagens para o cenário, tudo dependendo de condições e propósitos claros. Inserido no processo geral de transformação digital das organizações de qualquer setor, o BaaS passa por uma longa construção de jornada financeira que pode, por exemplo, se bem modelada, resultar em maior e mais sólida aproximação e fidelização junto aos consumidores. Ressaltando que o sucesso depende de conhecer bem os clientes, as próprias capacidades e perspectivas, Carlos Benitez, CEO da BMP, e Carlos Netto (TK, como é conhecido), CEO da Matera, participaram, hoje (19), da 545ª edição da Série Lives – Entrevista ClienteSA, traçando os riscos, as oportunidades e as vantagens do BaaS que, segundo as previsões mundiais, deverá crescer em oito vezes até o final da década.

Iniciando com um alerta ao mercado, Benitez opinou que, no afã de se digitalizar para competir, muitas empresas desejam possuir também uma plataforma digital de serviços financeiros, mas precisam sempre se lembrar de que não são um banco. Trata-se, isto sim, de um ambiente tecnológico que possui ofertas de transações bancárias.

“Muitos querem entrar nesse meio, mas ainda não estão preparados para entender de que forma isso pode beneficiar a organização. Alguns problemas passíveis de se resolver com a tecnologia são melhorar o relacionamento, provocar mais recorrência, fidelização e até mesmo monetizar essa plataforma.”

Carlos Benitez, CEO da BMP

Então, explicou o executivo, a primeira coisa que a BMP faz ao entabular uma conversa com um parceiro-cliente, junto ao qual construirá uma experiência desse tipo, é saber quais os objetivos. Entre as possibilidades, o CEO inclui oferecer crédito por conta própria, montar uma securitizadora ou simplesmente disponibilizar um ambiente de relacionamento bancário com o consumidor. De acordo com ele, após essa etapa, o que tem de ser analisada é a perspectiva e tudo mais que esteja envolvido no ecossistema do negócio desse parceiro. “Portanto, não se trata de simplesmente comprar uma estrutura tecnológica ou um produto bancário, mas sim entender todo esse processo. E, daí, surge a terceira questão que se trata de estabelecer a relação entre receitas e despesas. Se fosse apenas desenvolver um aplicativo conectado a um banco e isso bastasse para ganhar dinheiro,  seria o sonho de qualquer um. Primeiro vem toda uma conquista da fidelização da confiança do consumidor e pode até ser que essa empresa se torne seu próprio banco. Isso é possível, sim, mas passa por um roadmap muito longo. Até porque o ambiente brasileiro costuma ser muito volátil em ciclos econômicos.”

Por seu lado, TK seguiu por uma lógica simples para articular seu raciocínio. A relação de compra e venda sempre pressupõe um pagamento e um recebimento. Entretanto, o empreendedor que recebe tem que analisar os custos com os quais está arcando para essa arrecadação, pois, muitas vezes, asseverou ele, a indústria de meios de pagamentos ganha mais dinheiro do que o próprio varejista em cada transação. Custo que, obviamente, acaba embutido no preço final, sobrando para o consumidor.

“Por isso, por meio das leis de modernização do sistema financeiro trazidas pelo Bacen, desde 2013, desce cada vez mais a barra de dificuldades de se criar o próprio banco. Existem agora diversos mecanismos permitindo que o varejista possua sua própria jornada ou instituição financeira, o que já vem acontecendo de maneira muito forte nas grandes organizações do varejo nacional.”

Carlos Netto, CEO da Matera

Citando alguns exemplos, o CEO da Matera lembrou que hoje, graças ao BaaS, uma companhia dessas já permite que os consumidores recebam seus salários dentro do próprio sistema financeiro do varejista. Ao realizar uma compra, é só transferir o dinheiro de uma conta para outra. “Ou seja, o dinheiro já se encontra na loja antes de o cliente comprar, em uma redução de custo operacional tão significativa que pode traduzir em cashback, promoções exclusivas, etc. O que cria uma proximidade mais forte por meio de uma jornada mais completa e atrativa. De repente, no carrinho de compras on-line, podem entrar até produtos financeiros, como CDBs e outros.” Em contraposição, ressaltou Netto, bancos estão vendendo eletrodomésticos, em uma convergência varejista que representa grande vantagem para o consumidor. Em resumo, destacou o executivo, é o varejo recorrendo ao Bank as a Service enquanto os bancos se servem do E-commerce as a Service.

Depois de desenharem a nova configuração da competitividade do mercado financeiro do país, respondendo a uma questão levantada pelo público participante, e na qual esboçaram as novas movimentações estratégicas dos bancos tradicionais e das fintechs, os executivos apontaram o caminho das parcerias ao invés de guerra em um mercado em ebulição e ilustraram, com exemplos, demonstrando como os novos modelos de negócios vão surgindo.  Eles também alertaram para a necessidade do BaaS, obrigatoriamente, ser aplicado a um ambiente de tráfego intenso, barato ou, se possível, gratuito, caso contrário o custo de aquisição do cliente ficará mais caro do que se utilizar uma agência bancária. Ambos puderam ainda responder a diversas dúvidas dos internautas sobre questões técnicas e práticas dessa estratégia.

O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 544 lives realizadas desde março de 2020. Aproveite para também se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA volta na segunda-feira (22), recebendo Alberto Perez Tarazona, diretor de Direct to Consumer da Asics Latam, que abordará o uso da CX para otimizar e surpreender o cliente; na terça, será a vez de Fabiano Ruiz, diretor executivo Henkell Freixenet no Brasil; na quarta, Lucas Infante, CEO da Food To Save; e, na quinta, Fábio Turuta, diretor de desenvolvimento de negócios da Gertec.

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