Wilson Victorio Rodrigues, diretor geral da FAC-SP

Avanço acadêmico em prol da cultura cliente no varejo

Diretor geral da FAC-SP descreve os caminhos que a nova instituição de ensino vem trilhando para unir teoria e prática

Enquanto em países adiantados como os Estados Unidos o ensino acadêmico envolvendo a chamada era da experiência se utiliza de exemplos práticos avançados do varejo, no Brasil ainda nos deparamos com um cenário de total contrassenso. Ou seja, o setor do comércio, englobando serviços, ao mesmo tempo em que se constitui como o mais relevante em termos de emprego e inclusão, é o menos qualificado no fator humano. Foi mirando reduzir esse gap, criando uma base educacional com nivelamento, que nasceu a FAC-SP, Faculdade de Comércio de São Paulo, tendo como mantenedoras a ACSP – Associação Comercial de São Paulo e a Facesp – Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo. A forma como a instituição, nascida no bojo da pandemia, já vem conseguindo unir teoria e prática, englobando o conceito de CX e modelos flexíveis e acessíveis de ensino, foram compartilhados, hoje (14), por Wilson Victorio Rodrigues, diretor geral da FAC-SP, durante a 502ª edição da Série Lives – Entrevista ClienteSA.

Falando de sua trajetória e da criação da faculdade, da qual foi um dos fundadores, em 2018, o executivo contou que provém de uma família de libaneses cujos antepassados, ao chegarem ao país, 60 anos atrás, se diferenciaram de seus patrícios, abrindo escolas ao invés das tradicionais lojas. Estabelecendo-se no Centro-Oeste brasileiro, criaram um grupo que chegou a reunir mais de 50 mil alunos, com a maior universidade da região, enquanto ele, depois de estudos em Londres e na Universidade Mackenzie em São Paulo, se deparou, junto com o economista Roberto Macedo, sócio e atual diretor técnico da FAC-SP, com uma pesquisa do Instituo de Economia Gastão Vidigal, da ACSP, dando conta de que o comércio – abrangendo o setor de serviços também – é o que mais emprega no país e, pelo leque de oportunidades que oferece, de estoquista, balconista a caixa, etc., torna-se a principal porta de entrada para a via profissional dos jovens. Paradoxalmente, a despeito dessa relevância, a sondagem mostrava ser o setor menos qualificado profissionalmente, quando comparado aos quadros que compõem o agronegócio, a indústria, o financeiro, com 64% da mão-de-obra sem formação superior.

“E pior, seguindo minhas observações empíricas, posso estimar que praticamente metade desses recursos humanos esteja beirando o nível do analfabetismo funcional. O que é extremamente grave. Esses são os comerciários, cuja principal ferramenta profissional é a comunicação. Se já é difícil que efetuem vendas e atendimentos no presencial, imagine na atual realidade do digital.”

Na concepção do diretor, essa percepção, que acabou direcionando o projeto da FAC, foi o vetor que conduziu ao Ministério da Educação, depois de colocar 36 técnicos avaliando a proposta de credenciamento da instituição, a aprovar sua criação, ou seja, a proposta de preencher o vácuo instituído por esse déficit educacional e de qualificação de profissionais no setor do comércio. Em resumo, apontou ele, corrigir o contrassenso de o segmento que mais emprega ser o menos qualificado no fator humano. Porém, logo de saída surgiu um grande desafio, iniciar o projeto exatamente no mês da chegada da pandemia, sem que a vertente EAD dos cursos estivesse ainda credenciada pelo MEC. A saída foi realizar aulas virtuais utilizando as plataformas de videoconferência existentes.

Na sequência, com o ensino à distância liberado a partir de meados de 2021, a FAC começou a se expandir. Graças à Facesp, que representa associações em 420 cidades do estado, a FAC já alcança hoje 80 dessas entidades que se tornaram polos de EAD da faculdade em seus municípios. E, mais recentemente, por meio da CACB – Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil, que congrega 2,3 mil entidades, a expansão já ocorre para fora de São Paulo, alcançando  12 estados e com a meta de uma capilaridade nacional, em um sistema de funcionamento que combina modelo híbrido  – aulas ao vivo, no presencial e no on-line – e o EAD, que são aulas gravadas, e tudo com acompanhamentos estratégicos.

Depois de detalhar como é feito o que chamou de política de nivelamento dos alunos, permitindo que se elimine o déficit educacional mencionado e, ao mesmo tempo, prepare o profissional para a nova realidade do varejo figital pós-pandemia, Wilson explicou que há um progresso na graduação pela FAC, formada por Gestão do Comércio, Gestão de Logística, Gestão de RH, Sistemas para Internet (comércio eletrônico) e Administração, que incluem vários conteúdos próprios e têm duração de dois a quatro anos, e com mensalidades que ele considera acessíveis para esse público. Em seus dois primeiros anos, já são 1.100 alunos, tendo o primeiro grupo formado no início deste ano. Ao longo da entrevista, o executivo pôde ainda desenvolver uma análise sobre os efeitos no PIB do país, quando o mundo acadêmico contextualiza o aprendizado acadêmico com a prática, exemplificando, como ocorre principalmente nos Estados Unidos, o ensino de experiência do cliente vinculado ao varejo. O diretor geral também detalhou as estratégias e perspectivas da FAC na contribuição ao aumento de produtividade e de rentabilidade no segmento.

O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 501 lives realizadas desde março de 2020. Aproveite para também para se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA encerra a semana amanhã (15), com o convidado Renato Camargo, vice-presidente de customer experience da Pague Menos, que abordará a aceleração de cultura CX com base em inovação.

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