Existe uma tendência regional de compras híbridas, o que realça a importância de uma estratégia omnicanal integrada para uma experiência completa do cliente no comércio varejista
Autor: Denis Carvalho
Mapear o panorama das tendências de varejo para a América Latina é uma tarefa desafiadora. São muitos mercados, cada um com características próprias, mas há padrões de comportamento em comum entre os consumidores, como a preferência por lojas físicas, o que oferece uma enorme oportunidade para a criação de soluções tecnológicas que ajudem a avançar o e-commerce.
Um estudo da Zebra Technologies sobre tendências no comércio varejista na América Latina indicou que 82% dos consumidores ainda preferem fazer suas compras de forma presencial, podendo ver, tocar ou experimentar os produtos. Ao mesmo tempo, o estudo compilado traz dados que revelam a força crescente do comércio eletrônico. Só no Brasil, segundo um levantamento da Abcomm (Associação Brasileira do Comércio Eletrônico) as vendas online atingiram R$ 185,7 bilhões em 2023 e a perspectiva é de mais crescimento nos próximos quatro anos.
Em termos de digitalização do e-commerce, o Brasil desponta como líder regional. No país, elementos cruciais para a robustez do setor já estão mais avançados com relação aos seus vizinhos, como por exemplo uma boa experiência de compra, organização e integração de informações do armazém e de centros de distribuição, qualidade das ferramentas de check out e uma logística reversa bem organizada. Os entrevistados do Brasil visitaram mais lojas online de categorias como saúde ou beleza (66%), em comparação com os entrevistados do México, onde apenas 28% fizeram visitas pela web. Já os argentinos visitaram apenas 15% dos sites de lojas de departamentos e supermercados ou clubes de compras.
Nesse sentido, a compreensão do porquê os consumidores latinos ainda preferem o varejo físico é muito importante. De acordo com o estudo da Zebra a disponibilidade de produtos (17%) é uma das razões pelas quais os latino-americanos preferem lojas físicas. Descontos e promoções (12%) e interação com o produto (12%) também são citadas. O estudo também mapeou a interação entre ferramentas digitais e o varejo físico. O smartphone é o meio de preferência para buscar informações das lojas, como horários e localização (57%), para procurar descontos, ofertas e cupons (53%) e para buscar e comparar preços competitivos/descontos/promoções (41%).
O estudo da Zebra também apontou uma tendência regional de compras híbridas, o que realça a importância de uma estratégia omnicanal integrada para uma experiência completa do cliente no comércio varejista. Nesse sentido, a digitalização do estoque e do controle logístico, por exemplo, são fundamentais.
Outro dado interessante que aponta a relevância da adoção de novas soluções tecnológicas, fomentando o processo de transformação digital do varejo, é o comportamento dos consumidores com relação à preferência por pagamentos digitais em detrimento dos tradicionais. Pagar com dispositivo móvel está em segundo lugar na preferência de pagamento para 38% dos compradores latino-americanos, tendência que se acentua no Brasil (58%).
Diante de um cenário promissor, com uma ampla gama de oportunidades em toda a América Latina para avançar a transformação digital do varejo, players importantes do setor terão acesso a diversas oportunidades nos mercados da região. Por mais que se encontrem em diferentes estágios de digitalização do e-commerce e da automatização de processos, estes países oferecem características em comum que facilitam a criação de estratégias eficientes e o desenvolvimento de ferramentas e soluções de alta tecnologia que levem o comércio eletrônico latino-americano para o futuro.
Denis Carvalho é gerente da divisão enterprise da Zebra Technologies Brasil.
