Levantamento encomendado pela Unico revela que complexidade para comprovar a própria identidade dificulta acesso da população a serviços financeiros, enquanto 43% já sofreu fraudes em bancos
Ir presencialmente ao banco só para assinar documentos ou para liberar aplicativos digitais são as principais razões pelas quais os brasileiros apontam serviços bancários e financeiros como campeões em burocracia na hora de comprovação de identidades. Nove em cada dez pessoas já passaram por alguma dificuldade para provar quem são junto a instituições desse segmento, sendo que 85% afirmam ter perdido tempo e 71% afirmam ter tido prejuízos financeiros. Os dados são da pesquisa “Qual o custo de provar que você é você”, encomendada pela Unico, empresa líder em identidade digital, ao Instituto Locomotiva.
De acordo com um conjunto de dados revelados pela sondagem, são situações como deixar de pedir um empréstimo em razão da quantidade de documentos solicitados, algo que 35% da população relata ter enfrentado. Ou arcar com juros por não conseguir pagar uma conta em dia, também em razão de ausência de documentos, como se queixam 46% dos respondentes..
“A pesquisa evidenciou que a burocracia afeta o cotidiano da grande maioria da população, de todas as idades e classes econômicas, e muitos desistem de utilizar serviços financeiros por excesso de complexidade. Dessa forma, a burocracia nos procedimentos adotados pelos bancos ainda é uma barreira muitas vezes subestimada para o aprofundamento da bancarização dos brasileiros. A tecnologia precisa estar a serviço da simplificação e da inclusão financeira dos que têm maior dificuldade ao lidar com essa complexidade”, comentou Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
Ainda de acordo com a pesquisa, 89% dos brasileiros acreditam que o maior uso de identidade digital, sem a necessidade de documentos físicos, pode reduzir burocracias. “A identidade digital já contribuiu para impulsionar a bancarização de milhares de brasileiros nos últimos anos, e agora pode ser a base para a próxima revolução, trazendo mais conveniência e segurança para autenticar transações do dia a dia, como confirmar pagamentos e transferências, incluindo no uso do PIX, transações bancárias de valores mais altos e até pagamento com face em loja física”, pontuou Paulo Alencastro, cofundador e VP executivo da Unico.
O levantamento ouviu, durante os meses de abril e maio, 1.561 pessoas, em todo território nacional, com idade acima dos 18 anos, das classes ABCD e com acesso à internet. Foram avaliadas dez situações cotidianas relacionadas a bancos para mensurar a incidência e impacto sobre a vida dos brasileiros, em termos de tempo e gastos desnecessários, para comprovação da identidade. Quem utiliza apenas bancos digitais teve menor exposição às situações que representam entraves para comprovação da identidade.
Aspectos da burocracia
De acordo com a sondagem, 72% tiveram que ir ao Banco para liberar cartão de crédito ou cadastrar o celular para conseguir usar o aplicativo no Banco. Este número sobe para 78% para aqueles que têm conta em bancos tradicionais; 71% tiveram que ir presencialmente ao Banco só para levar, assinar ou solicitar documentos; 60% tiveram o cartão de débito ou crédito bloqueado por errar a senha; 60% tiveram o aplicativo do banco bloqueado por errar a senha; 46% pagaram juros por não conseguir pagar conta na data certa por falta de documentos; e 36% deixaram de pedir empréstimo por excesso de documentos solicitados
Fraudes e Golpes
Se de um lado os brasileiros encontram dificuldade para provarem quem são, 43% afirmaram já terem sofrido fraudes financeiras relacionadas ao uso indevido de identidade ao longo da vida. O percentual é reduzido para 21%, ao analisar o período de 12 meses. 25% sofreram alguma fraude/ golpe em que uma pessoa se passou por outra para te enganar; 24% tiveram o cartão clonado; 20% sofreram fraude/ golpe em que outra pessoa se passa por você; e 17% tiveram alguém que fez um cartão de crédito, abriu uma conta, solicitou um empréstimo, fez um crediário em seu nome.
A pesquisa também perguntou a percepção de tempo e dinheiro perdidos pelas pessoas ao passarem por situações de fraudes. Nesse sentido, 80% dos entrevistados afirmaram que perderam tempo por ter o cartão clonado, 73% porque sofreram fraude ou golpe de outra pessoa tentando se passar por ela e 68% porque uma pessoa se passou por outra pessoa para tentar enganá-las.
Em relação ao dinheiro perdido em situações de fraudes bancárias, 64% disseram que perderam dinheiro porque sofreram fraude ou golpe de outra pessoa tentando se passar por ela, 57% por uma pessoa se passando por outra pessoa e 56% por terem o cartão clonado. A pesquisa “Qual o Custo de Provar que você é você” mostrou, ainda, que para 84% dos brasileiros, tecnologias de reconhecimento facial e biometria poderiam reduzir fraudes e golpes.