Equilibrar autonomia e controle envolve uma complexa normatização para o Banco Central e exige múltiplas camadas de segurança para proteger todos os participantes
Autor: Marcelo Queiroz
Por mais um ano, tive a oportunidade de acompanhar o Febraban Tech e posso afirmar que o evento foi ainda mais marcante, repleto de temáticas inspiradoras e discussões relevantes que delinearam o futuro da tecnologia e da inovação, essencialmente na área financeira. Entre os tópicos em destaque, a forma como lidamos com o dinheiro emergiu como protagonista, ocupando o centro de muitos debates ao estimular uma discussão mais aprofundada sobre o Drex, que deve revolucionar ainda mais o cenário financeiro brasileiro.
No entanto, foi a intersecção entre moeda digital e economia tokenizada que despertou um entusiasmo significativo e levantou especulações. Embora ainda em estágio de desenvolvimento, as aplicações potenciais estão se tornando cada vez mais concretas. Não ficarei surpreso se o próximo Febraban Tech se concentrar ainda mais nessa temática. E é por todo esse contexto que reunimos participantes do projeto e promovemos um painel exclusivo para aprofundar a discussão no evento.
A discussão contou com a participação de Fábio Araújo, coordenador da iniciativa no Banco Central, que trouxe luz sobre avanços relevantes da moeda digital em termos de segurança e tecnologia. Embora a privacidade ainda careça de maturação – um dos principais desafios no projeto –, a mobilização entre BC e consórcios fez com que algumas questões que nem estavam previstas inicialmente fossem rapidamente identificadas e trabalhadas. Uma relevante movimentação que reuniu agentes, inclusive, fora do Brasil.
Os integrantes do consórcio, composto por DINAMO, CPQD e TecBan, também contribuíram no painel, com uma análise importante: a segurança jurídica para desenvolver uma tokenização da moeda é um ganho inestimável para todo o mercado financeiro brasileiro. Inclusive, gostaria de ressaltar que o grupo fez com que as validações fossem feitas rapidamente, e essa separação veloz entre o que funciona e o que não funciona é uma conquista.
Na esteira rumo à nova economia, ficou claro que equilibrar autonomia e controle envolve uma complexa normatização para o Banco Central e exige múltiplas camadas de segurança para proteger todos os participantes. Nesse processo, a pluralidade de empresas no consórcio, novamente, trouxe benefícios para o projeto, sobretudo por criar um ecossistema que permite realizar testes e trazer validações em um ritmo acelerado, enriquecendo o desenvolvimento e potencial transformador da nova moeda.
Agora, entramos na segunda fase do projeto, marcada por menos desafios técnicos e de infraestrutura, e mais focada na experimentação de novos casos de uso. O Banco Central não escolherá esses casos, mas fornecerá a plataforma, necessitando de uma governança que regule os novos usos do Drex e suas interações. Sabemos que a privacidade será um aspecto essencial, considerando as especificidades de cada caso. Nesta fase, tanto os consórcios da primeira etapa quanto novos participantes poderão demonstrar suas aplicações.
Casos de uso inovadores, como credenciais verificáveis e autenticação de dados para transações no Drex, vão além da segurança, incluindo também desempenho e conformidade. Práticas consolidadas no Pix, como tokens, chaves criptografadas e proteção com custódia institucional, serão fundamentais para a CBDC brasileira. A comunicação constante e o controle rigoroso são imprescindíveis.
Em suma, o Drex, de fato, representa um avanço e proporciona principalmente inovação e eficiência. Isso não apenas transforma o cenário de inclusão financeira de todo o País, mas também ressalta o potencial da economia nacional frente a outros países. Estou certo de que o sucesso deste projeto depende da colaboração contínua, do rigor na segurança e da capacidade de adaptação às novas demandas do setor.
À medida que avançamos em direção a essa nova era financeira, é importante manter-se atualizado sobre as últimas tendências e desenvolvimentos tecnológicos. O Febraban Tech 2024 ofereceu uma visão abrangente dessas tendências, destacando a importância da convergência da digitalização e da economia tokenizada na construção do futuro digital. E aqui fica o meu conselho para acompanharmos o que vem por aí, monitorando de perto o cronograma oficial.
Marcelo Queiroz é head de estratégia e novos negócios da ClearSale.