Autor: Ralf Germer
Recentemente, grandes instituições financeiras do Brasil reportaram o fechamento de centenas de suas agências. Desde então, muito se tem questionado sobre se as fintechs, com seus serviços e produtos inovadores, eficientes e mais baratos para o consumidor, vão acabar com os grandes bancos. E como poderiam, de certa forma, ser responsabilizadas por esse cenário. Tendo em vista que cerca de 92% de todos os lares brasileiros têm ao menos um smartphone e que no país há cerca de 45 milhões de pessoas sem conta bancária, acredito que a popularização das contas digitais justificaria melhor o que anda acontecendo.
É verdade que as fintechs têm conquistado cada vez mais espaço no mercado financeiro e que a entrada de novos players no setor favorece a competição, mas dificilmente seremos capazes de competir com nomes como Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal – que além de concentrarem mais de 80% dos depósitos e empréstimos, segundo o Relatório de Economia Bancária divulgado pelo Banco Central – também oferecem uma série de conveniências atrativas para os clientes.
É mais fácil pensar assim: se por um lado as fintechs são capazes de fornecer soluções que simplificam a vida das pessoas e atendem suas necessidades específicas, por outro, os bancos muitas vezes são responsáveis por tornar viáveis essas inovações, além de utilizar sua capilaridade para atingir o consumidor. Ou seja, nessa relação quem ganha no final das contas é sempre o usuário final.
Já que citei o Banco Central, aproveito para dizer que ele tem um papel decisivo na evolução do mercado financeiro no país. Iniciativas como os pagamentos instantâneos, que aceleram o fluxo do dinheiro e ajudam o crescimento econômico do Brasil, e o open banking, que permite maior integração entre os bancos e as fintechs, são vistas de forma muito positiva, já que abrem o mercado para soluções que atendem ao novo cenário.
Para satisfazer uma população cada vez mais digital e que busca por soluções mais ágeis, simplificadas e de baixo ou nenhum custo, os bancos vão precisar adaptar alguns dos seus modelos de negócios. Como eles têm muito capital e, no Brasil, alta rentabilidade, eles poderão investir em novas tecnologias e, ainda, adquirir fintechs.
De acordo com o Fintech Mining Report, da Distrito – empresa que desenvolve dados sobre as startups brasileiras – existem 115 fintechs atuando com meios de pagamento e, dessas, 68 realizam processamento. No campo dos serviços digitais, 13 oferecem contas digitais. O que quero dizer com isso? Que ainda que atuem com transparência e atenção ao cliente, muitos players também vão desaparecer, uma vez que estamos falando de um segmento de inovação e sempre haverá aqueles que acabam se destacando em relação aos outros. Faz parte do jogo!
Ralf Germer é CEO e co-fundador da PagBrasil.