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Globalização, ética e educação

*Walter Toledo Silva



Estamos vivendo em plena Era da Informação. Em poucos segundos, dados se espalham pelo planeta, derrubam mercados e governos. As informações transitam com tal rapidez e abrangência, que causam incertezas quanto ao futuro, principalmente àqueles com poucas chances de adaptação ao novo cenário. O mundo ficou pequeno, pertencemos a uma única tribo, a dos terrestres. Nossos vizinhos mais próximos: Marte e Saturno.

A nova era aponta para a qualificação como quesito de sobrevivência da espécie. O modelo de globalização, gerado em parte pela evolução das comunicações, tecnologias de ponta e pelas transformações socioeconômicas, requer preparo para uma maratona de conhecimentos.

A educação-conteúdo de antigamente, baseada no aprendizado de disciplinas e na memorização de regras, pura e simplesmente, já não consegue preparar o ser humano para vida cotidiana do século XXI, com seus desafios e exigências.

Para ser bem-sucedido na nova Era, já não basta o diploma de bacharel pendurado na parede do escritório. Além da formação acadêmica, o homem deste século tem que ser versátil, ter elevada capacidade de aprendizado contínuo, ser ético e hábil em suas relações interpessoais e poliglota. A capacidade de comunicar-se apenas na língua materna não o insere no mercado globalizado. Contudo, todas essas exigências e habilidades para a sobrevivência no mundo moderno revelam, sobretudo, o potencial que o ser humano é capaz.

Nesse aspecto, o fenômeno da globalização aumenta a importância e a responsabilidade da escola, como referência marcante na vida de crianças e adolescentes. Ela é um espaço onde valores são vivenciados e compartilhados. É aí, que a arte se junta à língua, a língua à música, a música à matemática, à dança. É doloroso pensar, entretanto, que esse conhecimento ainda não chegou para a maioria das escolas, cujo educar ainda se restringe às suas portas fechadas, salas e corredores.

A escola não é mais um mundo à parte, desconectado da realidade e da vida lá fora. Seu papel é conduzir o aluno a desenvolver as habilidades que evidenciam todo seu potencial. A escola deve se municiar de espírito renovador, de alegria e integração e juntar todas as disciplinas e todos os valores éticos no mesmo ambiente, ensinando o ser humano a pensar multiculturalmente.

A educação para a vida exige dos educadores uma postura de ação com responsabilidade, ou seja, habilidades de oferecer respostas mais adequadas às demandas, à medida que essas se apresentam. O conhecimento atual aponta para atitudes criativas, para a busca de soluções inéditas, para a liderança ética, para o resgate dos valores… Quem dança, canta, atua e expressa sua criatividade tem diferentes percepções da vida, se capacita melhor para o mundo, aprende melhor, se sensibiliza para o ritmo e a musicalidade de outras línguas, abre-se para novas formas de pensar.

Vivemos um momento especialmente paradoxal: ao mesmo tempo em que as mudanças são incentivadas com objetivo de acompanhar as transformações pelas quais o mundo passa, estamos perdendo de vista os fins éticos e culturais que a educação deve empreender. E, espremidos nessa “crise de identidade”, encontramos os pais – a geração sanduíche – as maiores vítimas da desorientação e da falta de informações objetivas a respeito do que deve ser, hoje, uma educação de qualidade.

Esta geração, que abrange os pais dos adolescentes da atualidade, recebeu, na maior parte dos casos, uma educação autoritária, rígida e repressora, na qual os valores eram impostos pela família, onde as respostas eram sim e não, isto é bom ou mau, isto é certo ou errado. Esses pais encaram, hoje, uma realidade diversa ao que aprenderam dos seus pais. A educação dos filhos, agora, passa por uma relação mais afetiva, íntima, amistosa, democrática, participativa. É por isso que se vêem prensados entre os dois modelos de educação.

Por outro lado, ainda existem educadores que preferem os pais afastados da escola, como se não estivessem preparados para educar seus próprios filhos. Ao invés de tentar ajudá-los nessa árdua missão, esses profissionais perdem a chance de conhecer as famílias, orientá-las, ressaltar o papel fundamental que possuem na educação dos filhos, estabelecendo, assim, uma relação de confiança onde todos só teriam a ganhar.

Temos consciência de que não existem fórmulas mágicas, regras pré-estabelecidas ou manual de instruções que sejam infalíveis para a educação de nossas crianças. Mas não podemos perder de vista, que um dos grandes desafios da humanidade é estabelecer o seu próprio referencial de conduta ética. É justamente na adolescência, que o indivíduo, tendo como base todos os referenciais de valores que recebeu, seja da família, na escola, dos amigos, da religião ou das ínumeras informações que recebeu pela mídia, Por meio de todas as experiências que passou na sua vida, vai construir o seu próprio código de ética.

A atual transformação do mundo para a uma comunidade globalizada, com códigos e deveres universais, está acontecendo mais rápido do que percebemos. Nosso País corre o sério risco de ficar à margem da globalização se não houver disposição de todas as partes – Estado, sociedade, escola e família – de investirem fortemente na educação das novas gerações.

É de fundamental importância saber ouvir suas questões e argumentos, possibilitar sua reflexão sob os mais variados pontos de vista, estar alerta contra preconceitos, consumismo descabido, violência e o mais importante, dar o exemplo de cidadania, ética, coerência e respeito às diferenças.

Temos que oferecer aos nossos jovens as ferramentas necessárias à apropriação crítica de conhecimentos, não só visando uma relação funcional com novas tecnologias, mas para a consolidação de valores éticos e atitudes socialmente responsáveis, qualificações básicas ao indivíduo inserido num processo irreversível de globalização.
Walter Toledo Silva é professor e presidente-fundador do Grupo CEL®LEP, rede de escolas de idiomas.


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