Executivos de IDC Brasil, Samsung e Sponsorb debatem as perspectivas e expectativas para marcas e consumidores quanto à chegada da nova tecnologia
Ainda sem condições de avaliar as incomensuráveis possibilidades do enigma em que se caracteriza, por enquanto, o mundo do 5G, pouco mais de 20% dos consumidores brasileiros se dizem decididos a migrar de plano, nessa direção, junto às operadoras, o que contrasta com os 36% que se dizem bem informados a respeito. Mesmo as marcas, debruçadas com seriedade sobre o impacto da nova tecnologia nos negócios e na oferta de experiências junto aos clientes, ainda não se deram conta de que, com tudo conectado, um mundo totalmente novo emergirá. Discutindo múltiplos aspectos sobre as potencialidades do 5G, que vai muito além da facilidade do acesso à rede mundial, Luciano Sabóia, gerente de pesquisa e consultoria em telecomunicações da IDC Brasil, Renato Citrini, gerente sênior de mobile da Samsung Brasil, e Fernando Moulin, business partner da Sponsorb e professor da ESPM, Insper e Live University, participaram, hoje (01), do Sextou que marcou a 510ª edição da Série Lives – Entrevista ClienteSA.
Iniciando por uma análise do cenário do 5G na América Latina, notadamente em relação aos leilões de frequência, Luciano disse que os primeiros pregões foram feitos no Chile e Peru, no início do ano passado. No Brasil, houve um movimento frutífero do governo brasileiro em comercializar diversos lotes de frequência, em novembro, com a entrada de novos players e se destacando na comparação com os demais mercados da região, como no caso de Argentina e México, ainda em fase de definição do espectro, ao passo que a Colômbia que, no caso do 4G foi a pioneira nesse avanço, está agora mais atrasada. “Quadro esse que aponta, então, para um papel de protagonismo do Brasil dentro da América Latina, no que tange a essa tecnologia.”
Ao considerar, entretanto, a existência de um certo “congestionamento” de informações a respeito do 5G na imprensa brasileira – o que, para ele, se justifica pelo marco transformador que representa -, o IDC tomou a iniciativa de realizar duas pesquisas independentes: uma para verificar o pensamento a respeito dos clientes na vertente B2C e outra no B2B, somando 3.004 entrevistas, sendo 723 delas no Brasil, sobre comportamentos, conectividade e tecnologia. Entre os dados, Luciano chamou a atenção para o fato de que 85% dos respondentes que exercem atividades profissionais afirmaram ser eles próprios, e não as empresas contratantes, os responsáveis pelo provimento do serviço móvel para seu trabalho. Ou seja, seus interesses pessoais e profissionais se misturam nos mesmos devices. E, quanto ao 5G, 36% dos entrevistados no Brasil consideram possuir um bom nível de informação sobre a novidade, contra 25% dos respondentes nos demais países da região.
Quando perguntados, no Brasil, sobre sua inclinação para adquirir pacotes ou produtos da suas operadoras com a nova tecnologia, 42% dos respondentes disseram que “talvez”, enquanto apenas 22% indicaram estar firmemente propensos a migrar de plano. Números que, na avaliação do gerente, acende um alerta de dificuldades para as organizações que desejam recuperar com mais rapidez seus investimentos a respeito. E, depois de explicar a forma de ranqueamento das informações, destacou que a principal transformação enxergada pelos entrevistados é na forma como se acessa a internet – ou seja, conectividade -, vindo a seguir o impacto na maneira de realizar streaming de vídeos. Depois – o que ele considerou uma surpresa – está no modo como se joga on-line, seguido de como afeta o trabalho, como se compra on-line, interação com as pessoas. E forneceu alguns elementos sobre a questão de segurança da informação sob o ponto de vista da nova tecnologia.
Analisando aspectos da sondagem, Renato colocou em relevo a preocupação da Samsung, que disponibilizou 23 modelos de celular com 5G no país, em conhecer a fundo as expectativas dos consumidores quanto ao que a empresa vai oferecer nessa direção, junto com todo pacote de atendimento e experiências. Ele lembrou que as operadoras já estão oferecendo melhoria na conectividade com tecnologia 5G DSS e que as pessoas não estão atentas ao fato de que esse avanço vai muito além de possibilitar mais velocidade do acesso à internet. “Há, na verdade, três pilares que sustentam o impacto do 5G na sociedade. Evidentemente, a velocidade de conexão é apenas um deles. Mas a baixa latência – o tempo que a rede leva para responder ao comando do usuário -, principalmente para o mundo dos games, é outro fator e essa tecnologia entrega com alto nível de confiabilidade. E, por último, a capacidade de aumentar de 10 a 100 vezes a quantidade de dispositivos conectados simultaneamente”, bom para as casas inteligentes, por exemplo. Depois de citar casos mostrando que, se o as tecnologias anteriores já surpreenderam e ampliaram possibilidades não previstas anteriormente, isso se amplia e muito no ainda inimaginável mundo futuro do 5G, descrevendo mudanças comportamentais no horizonte.
Por sua vez, trabalhando com organizações que têm se debruçado sobre os impactos dessa transformação, Fernando expôs algumas situações passíveis de se intuir dentro do enigma que é, para ele, esse universo proporcionado pelo 5G. “Quando tudo se conecta, isso significa que, inevitavelmente, o mundo será outro. E, pelo que a pesquisa do IDC deixa transparecer, nem as pessoas ou as marcas estão enxergando esse fato. O que demandará um grande trabalho de educação para que as pessoas atuem como protagonistas, permitindo que a nova tecnologia surta efeito.” Na sequência, detalhou várias características técnicas que levarão a novas necessidades e comportamentos, além dos níveis de serviços que as empresas terão de oferecer em função das novas expectativas dos consumidores. Mencionando cases, o professor mostrou como serão digitalizadas coisas que se imaginas não digitalizáveis, além de uma realidade com gerações que não saberão mais distinguir o mundo real do virtual.
O debate seguiu analisando o 5G envolvendo também questões sobre personalização da experiência, modelos de trabalho, as múltiplas aplicações nas diferentes verticais, metaverso e muitos outros temas. O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 509 lives realizadas desde março de 2020. Aproveite para também para se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA retornará na segunda-feira (04), com a presença de Ana Portela, superintendente nacional de financiamento de aeronaves e embarcações do Banco Alfa, que falará do modelo de estratégia construída a partir do cliente; na terça, será a vez de Sônia Norões, CXO da Beep Saúde; na quarta, Talita Lacerda, CEO da Petlove; na quinta, Rodrigo Cagali, CFO da Mitre Realty; e, encerrando a semana, o Sextou trará o tema “Creator economy: A revolução da economia digital passa pelos influenciadores?”, tendo como convidados Alexandre Abramo, diretor global de desenvolvimento e negócios na Hotmart, Leo Soltz, CEO da One Big Media, e Alexandre Alvares, cofundador e CEO da Livus.