Sem grandes expectativas

Os empresários brasileiros apontam expectativas menores para o mercado no terceiro trimestre de 2013. Causas como o impacto dos últimos eventos sociais, a baixa expectativa em relação ao crescimento econômico e o cenário internacional incerto impactaram negativamente a avaliação para ao cenário de curto prazo. É o que aponta o Boletim Clima Empresarial,BCE, criado pela consultoria Boucinhas&Campos.
   
O Índice de Expectativa para o terceiro trimestre totalizou 5,42 pontos. Com o nível mais baixo para o ano, a expectativa futura das Vendas foi o elemento que sofreu a maior variação negativa da composição, atingindo 5,5 pontos, que havia sido indicado no boletim anterior em 7,08 pontos. 
Seguindo o padrão dos boletins anteriores, o setor de Serviços apresenta os maiores índices em relação aos critérios qualitativos. Já a indústria sentiu o impacto deste contexto, apontando os menores valores para todos os indicadores. Em geral, o comércio apresentou pontuações intermediárias entre os demais setores. Apenas o setor de Serviços avaliou positivamente todos os indicadores, ao contrário da indústria que apresentou avaliações negativas em todos os critérios, apontando ainda que a expectativa para o próximo período é inferior ao atual.
 
O BCE avalia a expectativa dos executivos brasileiros a respeito de suas percepções sobre o mercado desde janeiro de 2012, fornecendo um importante indicador, para que os participantes tenham a possibilidade de alinhar suas estratégias de curto e médio prazo. O Índice do Clima Empresarial é resultado da combinação de dois Índices que avaliam momentos diferentes: a Expectativa para o Trimestre e o Momento Atual. Cada índice é composto por três indicadores qualitativos, que combinados, permitem uma avaliação geral sobre o Clima Empresarial para cada trimestre do ano. 
“Os resultados do Boletim corroboram com o clima de cautela por parte do mercado em geral. Com expectativas de crescimento menores que o esperado por parte da indústria e do comércio para o ano, o impacto sobre estes acabou sendo de maior expressão. Este clima geral ao longo de 2013 é reforçado, em parte, pelas constantes indicações sobre a redução do crescimento econômico previsto, que somados aos últimos fatos econômicos globais influenciam na percepção geral”, declara Celeste Boucinhas, diretora da Boucinhas&Campos, indicando que, para o próximo período, a expectativa é de recuperação, porém de forma tímida, principalmente para os setores de serviços e comércio. 
Já em relação ao momento atual, o índice absorveu o impacto desse cenário, pontuado em 5,25 pontos. A Situação Atual do negócio foi o elemento que mais sofreu em comparação ao último trimestre, apresentando um decréscimo de 21,9%. Dos elementos que compõe o indicador, o Faturamento e/ou Receita Atual foi o elemento que obteve maior pontuação de sua composição, com 5,38 pontos. 
As duas avaliações juntas – Expectativa para o Trimestre e o Momento Atual – que compõe o Índice do Clima Empresarial apontam decrescimento para o nível mais baixo de 2013. Apesar da pontuação se manter positiva, houve uma variação negativa de 21%, que totalizam 5,34 pontos para o período, o que deixa o indicador muito próximo à linha que delimita o pessimismo em relação ao clima do mercado. 
MANIFESTAÇÕES
O Boletim do Clima Empresarial questionou os participantes sobre as manifestações sociais que ocorreram entre os meses de junho e julho deste ano. Diferentes pesquisas apontaram que a percepção e avaliação da economia e política brasileira sofreram forte impacto em decorrência destas manifestações.
 
As respostas dos participantes se dividiram em dois principais grupos, que de forma geral atribuem a outros fatores econômicos o impacto negativo atual do cenário brasileiro. Cerca de 45% apontam as manifestações como parte complementar a fatores econômicos que influenciaram de forma representativa a economia. Outros 44% avaliam que as manifestações não influenciaram negativamente a economia e 6% acreditam que não há nenhum impacto negativo sobre a economia brasileira atualmente. 
Em relação à avaliação geral sobre o impacto das manifestações, 51% indicam que o resultado será positivo para o cenário sociopolítico brasileiro. Os demais 49% não esperam mudanças significativas deste contexto. “As manifestações somam-se a insatisfações de uma parcela significativa da população que já demonstrava descontentamento com questões estruturais econômicas, e que impactou diretamente sobre o clima e visão geral da economia, bem como da política brasileira”, analisa Tiago Vianna Martins, diretor de operações da Boucinhas&Campos. 
Em consideração ao posicionamento do governo em relação à atual conjuntura político econômica, o boletim apontou que a prioridade do governo Dilma para este momento deve ser a redução da carga tributária, indicada por cerca de 50% dos participantes. O investimento em infraestrutura aparece como a segunda principal medida a ser adotada pelo governo, por 25% e outros 16% acreditam que o governo deve optar pela reforma política.

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