Inadimplente por terceiros

O Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pelo portal Meu Bolso Feliz realizaram um estudo que traçou o perfil de consumidores inadimplentes por terem emprestado seu nome a outras pessoas, tanto para comprarem produtos e serviços quanto para tomar empréstimos. Segundo a pesquisa, 15 milhões de consumidores ficaram ou ainda estão com o nome comprometido por essa razão, principalmente por emprestar o cartão de crédito (74%) e o cartão de loja (64%). Também é perceptível que o processo de quitação da dívida feita por terceiros é longo: 53% dos atuais inadimplentes estão nessa situação há mais de três anos.
De acordo com os dados, somente 39% dos entrevistados sabiam o valor da compra ou empréstimo feito por outros em seu nome, com valor médio de quatro mil reais e, aproximadamente, 5 parcelas deixaram de ser pagas. No momento que descobriram o nome sujo, quatro em cada dez consumidores (38%) disseram não ter tomado nenhuma atitude – aumentando para 56% entre quem ainda está inadimplente.
“O consumidor que ficou inadimplente acha que a dívida não é dele e, muitas vezes, adia ou renega o pagamento”, diz Roque Pellizzaro, presidente do SPC Brasil. “Mas, ainda que ele não tenha de fato contraído a dívida, tem responsabilidade em ter emprestado o nome e a única maneira de sair dessa situação pode ser ele mesmo pagando o valor”, explica.
Ainda que a dívida seja de outra pessoa, mais da metade (52%) dos entrevistados se responsabilizam pelo problema que os deixaram com nome sujo e afirmam terem pagado ou que irão pagar ao menos parte dela. A tendência é ainda maior quando se observa apenas a situação dos ex-inadimplentes: 89% garantem ter pagado a dívida. Com isso, identificou-se que, em média, quem emprestou o nome pagou R$ 2.168,00 em dívidas de terceiros.
Segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, esse número é alto pelos impactos que o endividamento e nome sujo causam no dia a dia do consumidor que emprestou o nome. “A pessoa que fica inadimplente quer sair logo dessa situação. Por isso, toma algumas atitudes a fim de pagar a dívida que não foi contraída por ela”, explica. “A principal delas é ter que cortar os gastos (67%) para conseguir economizar e pagar as dívidas. Muitos consumidores também deixam de pagar suas próprias contas (37%) e utilizam parte de suas reservas financeiras (27%) a fim de limpar o nome”, diz Kawauti.
Após ficarem com o nome sujo, nove em cada dez consumidores (93%) receberam alguma cobrança por causa das dívidas de terceiros que os deixaram inadimplentes. Mesmo assim, 76% dos entrevistados não quitaram a dívida após a cobrança e foram procurados ou procuraram o credor para fazer uma negociação para o pagamento.
Como consequência de ficar com o nome sujo, 72% dos entrevistados dizem não ter conseguido fazer um novo cartão de crédito, cartão de loja ou abrir crediário. 64% garantem que depois de virar inadimplente, só podem comprar a vista. Para outros 49%, o problema é não conseguir abrir conta em banco, fazer empréstimos, e usar cheque especial. “Emprestar o nome para amigos ou conhecidos é uma atitude solidária, mas pode estragar planos importantes de médio e longo prazo, como comprar uma casa, um carro, investir na educação e saúde, etc. Ao tentar ajudar uma pessoa próxima, é preciso pensar bastante antes.” analisa Kawauti

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