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Atualmente, o tipo de competência que, na maioria das vezes, está ausente em um negócio, tem a ver com conhecer o cliente. Quando um cliente decide comprar algo não é porque está encantado com o produto físico ou os elementos do serviço. Não é porque ele ama sua loja, site ou até mesmo os funcionários. A base da motivação é que ele tem uma necessidade a ser atendida. Como o professor da Harvard Business School, Clayton Christensen, sugere: seu cliente está simplesmente contratando seu produto para fazer um trabalho. Competência em clientes exige que você realmente entenda o trabalho que eles estão tentando realizar, a partir da perspectiva dele.
Antes das linhas de montagem e produção em massa, quando praticamente todo o comércio envolvia interações face-a-face, os melhores comerciantes foram aqueles que mantiveram fortes relacionamentos com os clientes, lembrando de suas especificações pessoais e atendendo as necessidades com cuidado. Nessa época, competência em produtos estava nas mãos do artesão e competência em clientes dependia da personalidade do proprietário do negócio. Este tipo de manufatura e serviço personalizado deixou de existir porque era demasiadamente custoso competir contra a produção de industrializados, mas a tecnologia tornou-o isso possível novamente. Alguns chamam de CRM, outros de marketing one-to-one, customer experience management, ou customer centricity, mas independente do nome, o fato é que uma empresa deve ter algum grau de competência em clientes, além de competência em produtos, para ser competitiva.
O sucesso não requer que a empresa seja a melhor em lembrar e interagir com os clientes individualmente, mas exige que não esteja significativamente atrás dos concorrentes. No entanto, é importante reconhecer que as empresas podem se beneficiar, em termos financeiros, melhorando o desempenho nessas áreas. Pesquisas com consumidores mostram que, enquanto melhorias na satisfação do cliente geram melhorias modestas na lealdade do cliente, o que realmente gera maior lealdade é a redução ou eliminação da insatisfação do cliente. Ao invés de simplesmente descobrir como realizar um trabalho cada vez melhor para “surpreender e encantar” os clientes, a empresa mais bem sucedida será aquela que conseguir eliminar os problemas que minam a satisfação do cliente – perturbações, redundâncias, ou trabalho extra. Competência em clientes, na maioria das vezes, simplesmente significa facilitar a “tarefa” de ser um cliente.
Don Peppers e Martha Rogers, Ph.D, sócio-fundadores do Peppers & Rogers Group.