De todas as mudanças que a Internet andou promovendo, mundo afora, nestes dez anos, talvez a mais radical seja que se observa no segmento businesto- business (B2B) – o ambiente das transações de negócios entre empresas. Uma revolução que se caracteriza, aliás, pela surpresa absoluta. Em 1995, a previsão era de que a recém-nascida Internet comercial seria o per feito balcão de vendas para produtos de consumo de massa e de médio a baixo valor unitário – CDs, livros e produtos de informática, entre”miudezas”, no melhor estilo business-to-consumer (B2C). Dificilmente, diziam os analistas de plantão, haveria espaço para operações pesadas, de caráter corporativo. As empresas, segundo eles, pensariam duas vezes antes de se arriscarem na perigosa aventura digital.
Na prática, não foi isso o que aconteceu. Cientes da agilidade que a rede poderia imprimir nos negócios, as próprias empresas, especialmente a indústria financeira, investiram em segurança, pavimentando a estrada por onde hoje trafegam negócios bilionários. Bem verdade, já se sabe, o sistema 100% imune a fraudes é aquele que se mantém desligado. A prova são as notícias diárias de golpes e bisbilhotices, que não poupam sequer os órgãos de segurança dos governos mais previdentes em matéria de segurança. Em escala mundial, no ano passado, a sangria teria sido de US$ 506,8 bilhões, diz o relatório publicado pela empresa de segurança mi2g (www.mi2g.com).
De qualquer modo, nessa área, já muito se avançou, embora ainda estejamos a meio caminho da assinatura digital ( veja matéria a seguir), que seria a única saída para a realização de transações com a máxima margem de segurança, opina Angelo Sebastião Zanini, presidente da Scua Segurança da Informação. Ainda, hoje, ele atribui nota três aos sistemas de segurança residenciais e seis aos que suportam as transações comerciais. “Segurança não se garante apenas com anti vírus, firewalls e sistemas de detecção de intrusos, mas, sim, com uma política de controle e gestão de processos capaz de coibir ataques externos e internos, perpetrados por funcionários e que somam a maioria dos casos”, adverte Angelo.
Mas o fato é que, a despeito dos riscos e perdas, em 2004, no Brasil, o mercado B2B movimentou valores 26 vezes maiores do que aqueles contabilizados pelo varejo on-line: R$ 195,2 bilhões, segundo a Camara- e.net (www.camara-e.net), contra os apenas R$ 7,5 bilhões gerados por um ainda diminuto número de consumidores – 4,3 milhões no universo das 20,3 milhões pessoas com acesso à Internet. Na composição da receita relativa às transações entre empresas – 30% superior à de 2003 – foi enorme a contribuição do segmento batizado de B2B Companies. Basicamente representado pelos portais criados pelas próprias empresas, ele gerou negócios no valor R$ 148,9 bilhões. As transações no ambiente dos e-market places independentes, sobretudo as que envolvem a venda de materiais não-produtivos (informática, escritório etc.) e sobras de estoques e revendas, continuaram em alta – R$ 46,3 bilhões, contra R$ 19,5 bilhões no ano anterior, o que traduziu crescimento de 137%.
Com velocidade e grau de interatividade peculiares e incomparáveis, a Internet é uma rede de negócios de alta funcionalidade, de custos pelo menos seis vezes mais baixos em relação aos canais de comunicação convencionais e que agrega a enorme capacidade de integrar, em regime de colaboração plena, todos os elos da mais complexa cadeia de negócios – as empresas, respectivos clientes, fornecedores e parceiros em geral, dos distribuidores às instituições financeiras que garantem o capital para investimento.
Mas, no mundo B2B, a grande contribuição da web é, com certeza, a instituição da democracia. A Internet nivelou as empresas, para efeito de visibilidade, identificação e exploração de oportunidades. Micro, pequenas, médias ou grandes, na web, todas elas se parecem. E aparecem. “Mais do que isso, embarcadas na velocidade que a rede lhes confere, de estrutura mais leve e menos complexa, as pequenas adquiriram fôlego para competir com as gigantes e até mesmo de vencê-las na corrida”, analisa Gilberto Mautner, diretor de novos negócios da LocaWeb (www.locaweb.com.br), uma das maiores empresas especializadas em Internet Data Center e hospedagem de portais em operação no Brasil.
Tudo a favor – “O mercado B2B nos surpreende a cada dia e, com certeza, vai continuar assim pelos próximos dez anos, considerando o imenso potencial a explorar”, visualiza Cid Torquato, diretor- executivo da Camara- e.net (www.camara- e.net). Com base no B2BOL®, que consolida estatísticas relativas ao ano passado, ele mostra que a tendência de crescimento acelerado se confirma a cada trimestre avaliado.
Cid considera que o segundo semestre de 2004, em particular, foi espetacular. O bom desempenho macroeconômico e a conseqüente retomada dos investimentos, juntos, aqueceram as transações de compras e vendas, inclusive por intermédio do canal digital. Mas há outros fatores a considerar. “Por exemplo? O aumento das exportações e, acima de tudo, a maior inclusão digital das pequenas e médias empresas. Finalmente, elas estão percebendo as vantagens de usar a Internet, a redução de custos e agilidade que ela propicia”, aponta o diretor-executivo da Camara-e.net.
Com ele concorda Eduardo Aziz Nader, presidente do Mercado Eletrônico (www.me.com.br), cujos negócios cresceram 33% no ano passado. “2004 foi um ano excepcional, aquele em que deixamos para trás, de uma vez por todas, as seqüelas da bolha”, avalia Eduardo, referindo-se à quebradeira que, em 2001, tirou do ar dezenas de empresas virtuais – as pontocom, criadas na euforia do surgimento da Internet comercial, sem plano de negócio sólido.
Com o respaldo financeiro de grupos econômicos como Citibank, GP Investimentos, Opportunity e Redan, o Mercado Eletrônico, foi criado em 1994 e entrou em operação juntamente com a Internet comercial. Pioneiro no Brasil, portanto, atualmente, também é o maior e-marketplace da América Latina. No ano passado, conectando cerca de 38 mil empresas, compradoras e fornecedoras de diferentes tipos de produtos e serviços, o Mercado Eletrônico foi ambiente de mais de cinco milhões de transações, que movimentaram R$ 16 bilhões, contra os R$ 9 bilhões contabilizados em 2003. A carteira de clientes comporta alguns dos maiores grupos econômicos do País, a exemplo de AES Elet ropaulo, Ambev, Alcan, Basf, Braskem, Brasil Telecom, Caraíbas Metais, Grupo Accor, Grupo Mart ins, Natura, Philips, Saint-Gobain, Souza Cruz, Sul América, Telemar, Ultragaz.
O que anima o empresário é a curva de crescimento que caracteriza o Mercado Eletrônico e, como de resto, as transações virtuais entre empresas em geral, apontando para um grau de solidez cada vez maior. “No ano de 2003, nós já havíamos crescido 35%. Logo, se não acontecer nada para impulsionar ainda mais as operações, a tendência é de crescermos 40% em 2005”, projeta Eduardo.
O presidente do Mercado Eletrônico tem uma explicação simples (“como todas as que se referem à Internet”) para a maneira sustentada como cresce o segmento B2B. “Operar via web é pelo menos dez vezes mais barato, sobretudo para quem compra em grandes volumes e precisaria despender muito tempo para ir às lojas convencionais. Mas não apenas isso. Com a velocidade a favor dela, a empresa também pode identificar um número maior de fornecedores e, logicamente, as melhores oportunidades em termos de economia”, argumenta o presidente do Mercado Eletrônico, que estima em até 60% a economia auferida pelas empresas que usam o leilão reverso para fazer compras.
Até mesmo os dois únicos problemas – segundo ele, a falta de segurança e a lentidão que ainda caracteriza algumas operações – não chegam a atrapalhar e estariam com os dias contados. “O setor público e, sobretudo, os bancos, sempre à frente dos movimentos que envolvem adoção de tecnologia de ponta, já estão trabalhando sério na criação da assinatura digital, rumo ao CPF e ao CNPJ eletrônicos, que vai exorcizar, para sempre, o fantasma da fraude. Quanto à lentidão, no começo, os telefones também demoravam a dar sinal de discar – um delay enorme. Na Internet, com a adoção de protocolos e tecnologias as mais avançadas e a disseminação das redes de banda larga, o problema deve demorar muito menos tempo para ser resolvido”, aposta Eduardo.
Mundo sem fronteiras – Na Internet ano dez, o que se vê, dia a dia de maneira mais inquestionável, é a falta de limites a separar os mundos B2B e B2C, aponta Gilberto Mautner, da LocaWeb, que fala de cadeira, mantendo, desde a criação, em 1998, um pé no atacado e outro no varejo. “A esta altura, nem sei se podemos chamar a Internet de mundo virtual. Mais real impossível. De fato, muitas vezes, já é impossível identificar qualquer diferença em termos de realidade e virtualidade. O mundo virtual só existe porque existe o real. E não é só isso. Se eu entro no Google, acho o telefone de uma empresa, ligo para ela e compro aquilo que procurava, o que é isso, senão uma operação B2C, que, entretanto, não se contabiliza como tal?”, ele argumenta.
A julgar pelo perfil da carteira de clientes da empresa – retrato, ele mesmo, da força que a rede mundial assume em termos sociais e econômicos -, a fronteira é mesmo muito tênue: a lista de 53 mil portais hospedados inclui empresas de todos os portes e ramos de negócios, isoladamente e organizadas em comunidades, mas, também, instituições e um sem-número de profissionais liberais. O número de domínios é superior a 700 mil, dos quais 400 mil ativos, enquanto o total de lojas virtuais já ultrapassa a marca de 1.500.
Se depender da LocaWeb, que, desde a criação, cresce a taxas que variam de 30 a 40% ao ano, esse universo deve continuar se expandindo. A empresa mantém a pleno vapor a Campanha de Inclusão Digital Corporativa, pela qual oferece a micro e pequenas empresas, sem custo, metodologia e ferramenta intuitiva capazes de ajudálas a criar, em apenas cinco passos, um site com cara a mais profissional possível. “Internet é alguma coisa boa demais para se restringir a uns poucos. O que nós ganhamos? Mais clientes para hospedar, livrando os pequenos empresários do custo inicial de criação, que costuma variar em torno de mil reais”, explica Gilberto. O raciocínio se apóia no retrato que pintam as estatísticas. Hoje, apenas 8,7% das transações empresariais passam pela rede mundial e menos de 2/3 das empresas nacionais utilizam o ambiente virtual para obter visibilidade, ganhar mercado e reduzir custos.
O executivo acha, entretanto, que, além da exclusão digital, que ainda deixa de fora do ambiente virtual de negócios dezenas de empresas no País, o calcanhar-de-Aquiles da Internet é a vulnerabilidade, sobretudo do lado do internauta pessoa física. E também defende a instituição da assinatura digital, como meio de prover maior segurança. Mas aponta um outro problema: a falta de padrões que ignorem as plataformas de software e hardware. “Hoje, eles existem no nível da codificação dos pedidos. Mas a sintaxe do processo (‘eu quero comprar cinco quilos de ferro-liga’) não está definida. Quando essa questão se resolver, o B2B ganhará ainda mais força”, prevê Gilberto.
A WebMotors (www.webmotors.com.br), serviço virtual de classificados que atende, numa imensa vitrina, todos os agentes das cadeias automobilística e de autopeças, empresas e pessoas físicas, também acha cada vez mais difícil identificar a fronteira que separa os mundos B2C e B2B. “A bem da verdade, a única empresa que nasceu virtual e que tentou ir para o mundo físico sem sucesso foi o Submarino. Mas, ainda, continua a crescer porque montou uma rede de armazéns que sustenta a operação logística, sem depender de terceiros”, analisa o diretor José Eduardo Ferreira, que, prevê, no curto prazo, a integração das mídias como caminho para aumentar o volume de negócios, a exemplo do que fez a Fiat. “Nós próprios, além da parceria com dezenas de sites e provedores de acesso à Internet, devemos nosso crescimento ao fato de termos saído do ambiente exclusivamente virtual para integrar parte da estratégia de uma empresa convencional”, diz o executivo. Na opinião dele, a compra da WebMotors, dois anos atrás, pelo ABNAmro, agregou ao negócio a experiência de uma instituição líder no financiamento de automóveis e fez a diferença.
A argumentação se fundamenta nos números. Pesquisa divulgada pelo Ibope/ NetRatings em janeiro indica que a WebMotors, com mais de três milhões de internautas cadastrados, para efeito de envio de informações acerca do mercado automotivo, registra mais de 48% do total de visitas a site especializados na venda de produtos e serviços, o que faz dela o maior classificado independente da Internet brasileira. “Somente em abril, o portal veiculou cerca de 50 mil anúncios, 45% publicados por pessoas físicas, inclusive mecânicos certificados, e 55% por lojas de veículos usados e concessionárias. Hoje, rigorosamente todas as montadoras instaladas no País usam a vitrina virtual para divulgar promoções e lançamentos. As lojas virtuais são mais de duas mil”, contabiliza José Eduardo.
A lição que ninguém esquece
O comportamento do segmento B2B não apenas desmente os analistas que apostavam contra, quando surgiu a Internet comercial, em agosto de 1995, observa Cid Torquato, diretor-executivo da Camara-e.net. Mas, principalmente, exorciza o fantasma da quebradeira que, em 2000, tirou do mercado dezenas de empresas virtuais, num fenômeno que passou à história como “bolha”, acrescenta o presidente do Mercado Eletrônico, Eduardo Aziz Nader.
E tinha de dar no que deu. Criadas, sem plano de negócio consistente, na euforia da Internet comercial que chegava, as chamadas pontocom esnobavam as empresas de tijolo e concreto, taxadas, pejorativamente de “velha economia”. O valor das ações das protagonistas da “nova economia”, mesmo as que davam prejuízo, em alguns casos, chegou a triplicar no espaço de um mês. Nos Estados Unidos, os papéis de gigantes como AOL (America On-Line), Amazon e Yahoo! fizeram o índice Nasdaq (pregão de ações emitidas por empresas de tecnologia) experimentar um crescimento de 80% no final de 1999 – contra apenas 22% da Dow Jones, índice de valorização dos papéis das companhias de tijolo e concreto.
A “bolha”, conforme se batizou o fenômeno inflou até a explosão, no começo do ano 2000. Algumas empresas viram as ações despencarem 90%, depressão que levou os analistas a estimarem os prejuízos em US$ 1 trilhão. Os brasileiros, pelo menos daquela vez, experimentaram a vantagem de ser pobre: sem capital para competir com os norteamericanos, perderam bem menos. Mas, com certeza, tanto quanto os vizinhos ricos, aprenderam a lição.
Ninguém duvida do enorme potencial de negócios da rede mundial, inclusive no que se refere ao varejo on-line, que, dependendo de uma sólida política de inclusão digital das classes menos favorecidas, pode crescer na mesma proporção. No Brasil as consultas via Internet, sobre preços e produtos, são uma prática que mobiliza de 70 a 80% das classes A B e C e 90% das empresas, superando à larga todos os demais sistemas de consulta como guias comerciais, revistas e listas impressas. Imagina-se que, em 2008, 70% dos televisores ligados já terão acesso à Internet.
Nenhuma estatística, entretanto, por mais estimulante, chega a inspirar a aventura irresponsável. As cerca de 15 instituições que no Brasil financiam capital de risco (venture capital) continuam apostando no talento dos empreendedores da nova economia. Nos últimos dois anos, segundo o Ministério da Fazenda, eles despenderam cerca de R$ 450 milhões no financiamento a novos negócios, valor que, até 2007, deve chegar a R$ 600 milhões, caso o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) cumpra a promessa feita no começo de maio, de entrar com mais R$ 150 milhões para bancar boas idéias. Mas a ordem é cobrir apenas os planos de vôo mais bem traçados. E isso inclui os projetos na área de Internet. “O bom-senso assumiu o controle da situação. Os jovens cabeludos pilotam o marketing e o design. As cabeças brancas cuidam da gestão dos negócios”, resume José Eduardo Ferreira, da WebMotors.
Segurança, o calcanhar-de-Aquiles
A esperança de estancar a sangria provocada pela onda de fraudes é a assinatura digital, que, no Brasil, mobiliza o alvo predileto dos crackers – a indústria financeira
Os números são alarmantes. Mundialmente, segundo a consultoria mi2g, especializada em segurança, os prejuízos causados por fraudes e ataques a empresas e instituições, via Internet, somaram US$ 506,8 bilhões em 2004. Isso equivale a 8,44% do montante movimentado em operações B2B no período: US$ 6 trilhões, segundo o Gartner. Os vilões são os de sempre: spam, phishing, ataques de negação de serviço, vírus e outros tipos de violação pela rede, que aumentaram em 111% o tamanho do buraco medido em 2003, quando as perdas somaram US$ 239,7 bilhões. Se comparada a 2002, a sangria foi 327% maior e, em relação a 1997, quando a consul toria começou a contabilizar os estragos, aumentou 570 vezes.
Na economia globalizada, as perdas também o são, de tal modo que não há estatísticas por país. A Associação Brasileira dos Auditores de Sistemas (Abes) estima, porém, que, no Brasil, elas equivaleriam de 2 a 5% do montante total, sem considerar o grande número de ocorrências que as empresas não divulgam, com medo de se exporem ao ridículo e terem a imagem arranhada. De qualquer modo, liderado pelas instituições financeiras – vítimas preferenciais dos fraudadores – cresce no País o movimento na direção da certificação digital, caminho que, segundo elas, levaria a um ambiente virtual de negócios bem mais seguro.
Desdobramento do protocolo assinado em janeiro pela Secretaria da Receita Federal (SRF) e o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, a Febraban anunciou, no começo de maio, a criação de um Grupo de Trabalho (GT), formado por representantes de algumas das 160 instituições bancárias que operam no País, encarregado, em resumo, de tornar viável a massificação de sistemas de certificação. A idéia é chegar a um preço popular, de forma a permitir que pessoas e empresas utilizem uma única e inviolável assinatura digital para toda e qualquer operação que precise se cercar de segurança – a começar pela movimentação de contas bancárias e outras operações via sistema Internet Banking, explica a coordenadora do GT, Francimara Teixeira Viotti, do Banco do Brasil, especialista em sistema digitais de segurança.
Solução popular – “Nosso objetivo é estender à sociedade em geral um benefício que hoje, em função do custo, está restrito a umas poucas pessoas de alto poder aquisitivo, que compram o sistema de certiticadoras autorizadas, inclusive a SRF, e às cerca de 400 empresas com faturamento acima de R$ 30 milhões, obrigadas, pela SRF, desde março passado, a assinarem, digitalmente, as declarações de crédito e tributos federais feitas via Internet”, explica Francimara. Hoje, segundo ela, mesmo entre os bancos, que investiram, somente no ano passado, R$ 12,5 bilhões em Tecnologia da Informação, são poucos os que fazem uso da tecnologia de segurança para assinar os e-mails endereçados aos clientes, o que, diante da onda de fraudes, expõe os correntistas a riscos constantes.
Atualmente, dependendo do valor do royalty que a certificadora é obrigada a pagar, custa entre R$ 150,00 e R$ 400,00 o kit completo para digitalização de assinaturas: um cartão semelhante ao fornecido pelos bancos; uma leitora e a certificação em si. “Preço elevado demais para a maioria das pessoas e empresas”, admite Francimara. A saída para a redução do custo, segundo ela, é a padronização do sistema, que, com a marca do próprio usuário, sem logotipos de qualquer banco, já está sendo chamado de CPF ou CNPJ digital.
Além de buscar a padronização, que vai dar na prática de preços mais baixos – a meta é que cada sistema custe bem menos de R$ 50,00 no curto prazo -, o GT deverá desenvolver uma ruidosa campanha de divulgação, para estimular o uso massificado da certificação digital, que permite, por meio de chaves, entre outras aplicações, cifrar e decodificar mensagens que circulam na Internet. Com isso, garante-se o sigilo, autenticidade e integridade da informação, além da segura identificação de quem a manda e recebe. A meta do GT formado pela Febraban é emitir 500 mil novos certificados até o final deste primeiro semestre. Até aqui, somente a SRF já expediu cerca de 30 mil.