Luxo, tecnologia, varejo e a crise dos mercados



Em janeiro, junto com a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping Centers, ajudei a organizar em Nova York um conjunto de eventos muito valioso para os empresários e executivos do varejo. Foi oferecido um programa de benchmarking voltado para agregar valor diferenciado na formação do pensamento de negócios, no mundo globalizado e com as crises de mercado. Há 97 anos a cidade sedia o evento anual da National Retail Federation, entidade que representa mais de 1,6 milhões de estabelecimentos e mais de 24 milhões de empregados.
No congresso discutimos as questões do varejo americano, que movimenta a cifra astronômica de 5 trilhões de dólares, com 48 mil shopping centers escoando a maior parte. Propusemos uma desconstrução do pensamento corrente sobre a gestão do varejo no Brasil através de uma série de eventos com empresas relacionadas com o mercado Premium. Carlos Ferreirinha, da consultoria da MCF, alertou os executivos das empresas para a necessidade de um modelo de negócios para se diferenciar com um olhar específico, de uma postura voltada para o emocional do cliente, que rege o viver dos consumidores, categorias e aspectos que são o cotidiano de quem lida com os produtos e serviços do mercado do luxo.
Regiane Romano, CEO da Vip Systems, PhD em Tecnologia, falou das possibilidades que novas tecnologias podem alavancar para a compreensão, pelo consumidor, da oferta genuína de marca. O professor Nelson Barrizzelli nos brindou com uma verdadeira lição de “Fisiologia do Varejo”, e trouxe idéias excitantes que foram promovidas pelos eventos da MCF sobre a gestão do luxo. Jomar Beltrame, VP Executivo da Embelleze, mostrou como o grupo gerencia a gigante carioca, e discutimos com Ricardo Amorim, diretor de investimentos para mercados emergentes do WestLB, as bases de uma palestra especial para a delegação, a partir do perfil de seus participantes e do valor percebido que pretendíamos criar. Amorim nos mostrou como a situação brasileira ficou ruim ao longo das últimas duas décadas, e como o Brasil foi ficando para trás no conceito das nações. Mexam-se, pois o mundo está em ebulição e o aquecimento global já chegou.
O que pudemos extrair, sumariamente, destes 10 dias de imersão?
Inicialmente, que estamos em desvantagem em relação ao desenvolvimento de países emergentes. Enquanto o mundo cresceu a taxas impressionantes, nós nos dedicamos aos apagões das oportunidades, numa verdadeira orgia de corrupção e descaso com a nação. Enquanto grande parte do mundo se organizava numa dedicação obsessiva e estratégica de desenvolver seus potenciais, o governo do Brasil promoveu a maior derrama na sociedade através da alta carga tributária.
A vantagem é que nos tornamos bons pagadores e com algum dinheiro para investir. Devemos pressionar o governo para dar prioridade ao desenvolvimento do mercado interno – empresas e consumo – e das reformas sociais que nos retirem deste analfabetismo funcional.
Também constatamos que a abundância das ofertas colocou o indivíduo em primeiro plano, proporcionando a oportunidade de escolhas. Produtos, serviços, mercados, tudo isto está direcionado para a vivência experiencial dos indivíduos que, através do consumo, podem afirmar suas identidades e suas projeções.
A população está mobilizada para um reconhecimento rápido do que as empresas têm a oferecer. Devemos nos dedicar a buscar a harmonia entre as duas forças mobilizadoras e conflitantes: a da globalização, como testemunhas do desenvolvimento, e a afirmação das políticas independentes, fruto de nosso desenvolvimento cultural. O jovem empreendedorismo brasileiro já dá mostras de capacidade, valorização e experiência, marcando sua presença mundo afora.
Finalmente, gostaria de resumir o aprendizado deste tempo em Nova York com uma referência ao tema do Fórum Econômico de Davos, que teve nas duas versões passadas uma forte ligação com a inovação, como categoria crítica do moderno modelo empresarial. Este ano adotou o tema com um valor agregado muito significativo: O Poder da Inovação Colaborativa – ou seja, não dá mais para pedalar sozinho! As influências e as conseqüências de nossas decisões vão ocorrer durante o processo para a tomada destas mesmas decisões, antes mesmo delas mostrarem seus resultados.

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