Jason Jennings é consultor e palestrante internacional (de acordo com a sua biografia, um dos 25 mais importantes do mundo). Por perceber uma lacuna no tema “Produtividade”, Jason resolveu escrever um livro na linhagem do “Feitas para Durar”, de Jim Collins, porém abordando como tema central a questão da “Produtividade”.
Assim nasceu “Mais é menos”, livro que busca dizer aos executivos, empresários e acionistas aflitos o que as empresas vencedoras fazem de diferente. E é nesse ponto que cabem duas considerações: (i) o que define uma empresa como vencedora e (ii) o que é fazer diferente.
A metodologia adotada por Jennings iniciou com a definição de “Produtividade”. Segundo o autor, é “obter mais com a mesma coisa, ou com menos”. Até aí, nenhuma novidade.
A segunda etapa foi reunir um grupo de pesquisadores, pré-selecionar 80 empresas com desempenho muito superior às demais e então começar a identificar os critérios comuns às empresas de melhor performance em termos de produtividade.
Segundo sua metodologia, os critérios indicadores de performance superior e qualificadores para uma empresa ser considerada vencedora foram: Receita por Empregado, Retorno sobre o Patrimônio Líquido e sobre Ativos, Receita Operacional por Empregado e Sex Appeal (o grau de interesse causado pela empresa). Empresas com excessiva exposição à mídia, contudo, foram suprimidas do estudo.
Já para conceituar o “fazer diferente”, os critérios comuns (a modelagem questionável, pois encontrar similaridades em empresas diferentes, em mercados diferentes, em momentos diferentes não parece trazer resultados isonômicos) às empresas vencedoras analisados por Jennings e sua equipe foram:
– Enfocar (em um grande e simples objetivo), o que colocou como um trabalho dificílimo;
– Otimizar, que significa dizer a verdade, destruir a burocracia, simplificar, livrar-se rapidamente dos executivos e gerentes errados, não demitir, saber definir as alavancas financeiras, sistematizar tudo, implementar a melhoria contínua e criar sistemas de remuneração eficazes;
– Digitalizar, que envolve desmistificar o digital para todos na empresa (“o mito do plug-in”);
– Motivar, criando homogeneidade de visões e democratização de oportunidades; e
– Incorporar um espírito enxuto.
Depois de ler o livro concentradamente, cheguei à conclusão de que Jennings, como Kotler e outros autores famosos, não criou nada de novo. Pesquisou o óbvio e concluiu o óbvio.
A metodologia é questionável, os resultados pouco convincentes e as recomendações… um apanhado de outros livros. Mais um livro de negócios que segue a onda de pesquisas de características comuns de sucesso em empresas, catalisada por Tom Peters em “Vencendo a Crise”, do início dos anos 80.
E se o interesse é por produtividade, ainda recomendo “Desafio: Fazer Acontecer”, de Larry Bossidy (ex-VP da GE e ex-CEO da Allied Signal), que mostra como fazer na prática – com o renomado consultor Ram Charam. Ou ainda o livro do Jack Welch mesmo.
A julgar por este livro, Jennings não chega nem aos pés de pesquisadores interessantes, como Collins e Senge. Mas deve estar vendendo muitas palestras.
* Diretor de Estratégia da E-Consulting e vice-presidente de Conhecimento e Métricas da Camara-e.net