O desafio do amadurecimento



Com o aquecimento da economia brasileira, o mercado de recuperação de crédito vive um momento ímpar. A estimativa é que as empresas do setor promoveram no ano passado um retorno às concedentes de crédito da ordem de R$ 120 bilhões, segundo levantamento da Aserc, Associação Nacional das Empresas de Recuperação de Crédito. Apenas no Estado de São Paulo são 12 mil empresas que possuem o CNAE de cobrança, responsáveis por um faturamento anual de R$ 10 bilhões, além de empregar 350 mil trabalhadores, principalmente para o primeiro emprego. São números que tendem a provar na prática o amadurecimento da atividade, que a cada ano aperfeiçoa processos e cresce em profissionalismo, como se propôs a demonstrar o 5º Congresso Nacional de Recuperação de Crédito. “O congresso marca a evolução do profissional de recuperação de crédito”, justifica José Roberto Romeu Roque, presidente da entidade.

Realizado pela Aserc, o Congresso se transformou em palco para debates de importantes questões, além de ponto de encontro para gerar negócios e deixando claro, por exemplo, que a boa fase do mercado irá persistir. “As perspectivas indicam a continuidade do crescimento da nossa atividade e forte incremento nos próximos anos em decorrência da evolução do PIB em cerca de 4% ao ano. Acredito que vamos evoluir anualmente 15%”, conta Vicente de Paula Oliveira, diretor executivo da Aserc. Porém, assim como o tema do evento, “Os desafios do futuro para a recuperação de crédito no Brasil”, ainda há barreiras a serem vencidas. Uma delas é o aumento da inadimplência. “Você tem mais papel, mais crédito, mais emprego e renda média maior. Por que o índice de inadimplência esta aumentado?”, interroga Wagner Montemurro, diretor de cobrança do HSBC. Para ele, é necessário reverter esse quadro e recuperar a eficiência das operações. Montemurro mostra que uma ação importante é classificar a inadimplência. Dessa forma, é possível adaptar as cobranças e prazos aos diferentes públicos, adequando o pagamento à disponibilidade financeira do cliente.

O diretor também aponta como desafio a necessidade de especialização e a escassez de mão-de-obra, que contrasta com a qualidade do atendimento requerida pelos contratantes. O executivo mostra que diante desse cenário é preciso ser cauteloso, se preocupar em prover processos e políticas corretas ao produto ofertado e realizar a gestão de informação, pessoas e clientes, com uma infra-estrutura moderna. “Quando você tem uma gestão adequada, tudo fica mais fácil. E quanto mais você tiver uma infra-estrutura apta a se adaptar, mais irá acelerar o período pra rentabilizar o teu negócio”, indica. Ele revela ainda que é importante comunicar-se com o cliente no canal correto, evitando gastos em contatos ineficientes.

SEGMENTAÇÃO
Desafio também é entender esse novo mercado de consumo. “A expansão de emprego e renda, impulsionados pelo crédito, originou novos consumidores, novos produtos e sistemas de distribuição”, conta Sergio Bahdur, sócio diretor da Quantum Strategies. Para sustentar essas mudanças sem ter que elevar demais as despesas, uma das saídas é a regionalização. De acordo com Bahdur, é mais rentável manter de forma regional os produtos que precisam de mais atenção de conhecimento local. “Tudo que é varejo, massivo, as empresas mostraram que conseguem atender de forma nacional”, aponta. Mas, a segmentação demanda novas abordagens e uma preocupação especial com a comunicação. “É um processo que exige disciplina e tempo”, diz Bahdur. A regionalização também pode auxiliar na questão da mão-de-obra, segundo o sócio diretor. “Às vezes é melhor ter uma operação em centros com mão-de-obra disponível para qualificar do que em grandes centros”, completa.

 

 

OFICINAS DIFUSÃO DE CONHECIMENTO
No intuito de atender a demanda por profissionais qualificados e formar mão de obra especializada, a Aserc realizou oficinas para difusão da cultura de cobrança. O objetivo era beneficiar os pequenos e médios empresários e, especialmente, os dirigentes lojistas, proporcionando a todos uma oportunidade para conhecer os serviços oferecidos pela indústria da recuperação crédito. A iniciativa foi muito bem aceita pelo mercado, que lotou a sala nos dois dias de curso. Entre os temas abordados estão gestão de processo de cobrança, desenvolvimento e formação de cobradores, implantação de uma operação eficiente de cobradores, adequação da cobrança administrativa e jurídica PF e PJ, qualidade na recuperação de crédito, sistemas de cobranças de grandes volumes e precificação dos serviços de cobrança. “Os alunos puderam conhecer um pouco mais do nosso vigoroso mercado”, conta Vicente de Paula Oliveira, diretor executivo da Aserc. Durante o congresso também foi lançado o 2º Anuário Brasileiro das Empresas de Cobrança e Recuperação de Crédito, com artigos de especialistas e números do setor.

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