Autor: Edison Andrades
É incessante, por parte das empresas, a ânsia em conhecer melhor seus clientes. Surgem programas voltados ao consumidor, que tentam descobrir suas vontades, costumes e tendências. Mas a grande novidade, no mercado de consumo, é que não se compete pelo tangível, ou seja, competimos pela competência de atrair o sentimento do cliente, e não pelo produto. A partir daí, compreendemos por que existem tantos e altos investimentos na “alma” das marcas. Entendemos que, na hora da decisão de consumo, o cliente se apega àquilo que, em sua mente, remete a bem-estar e, consequentemente, a sua felicidade.
Quando o assunto é o ambiente interno da empresa, a história deveria se repetir. Deveríamos ver uma busca contínua pela descoberta do que pensa e sente o colaborador interno, principalmente os mais jovens empregados, já que alguns segmentos empresariais viraram “clavas de malabares” nas mãos da Geração “Y”.
Diante desse quadro, a temida rotatividade se instaura, infernizando a área de recursos humanos, que, por vezes, transforma-se numa verdadeira “tarefeira”, já que se vê obrigada a correr atrás da própria cauda, em busca de formas para alcançar a retenção de talentos.
Os clientes mudaram, inclusive o cliente interno! Há dez anos, quase 40% dos brasileiros pertenciam às classes D e E, (hoje, esse índice caiu para 15%). A massa assalariada cresceu 42% e o índice de “desocupação” que era, há dez anos, de 12%, está hoje na casa dos 6%. Com mais dinheiro no bolso e mais oferta de emprego (ainda que estejamos falando do médio e baixo escalão), as pessoas estão mais exigentes, tanto para o consumo como para o trabalho. Nossa gestão também deve acompanhar tal mudança, buscando conhecer sua equipe.
Alguns modelos de liderança não abrem mão de seu próprio cenário, e mais: limitam-se a ele, ou seja, desconhecem e desprezam os anseios, expectativas e sonhos de sua equipe. Chegou a hora de ajustar a luneta, voltá-la para dentro e oferecer, para o público interno, verdadeiras recompensas.
Pare de trabalhar para o primeiro quartil apenas e passe a se dedicar a todos, respeitando o potencial de cada um e estudando a melhor forma de usá-lo a favor de seu negócio. Não há problema em dispensar pessoas, essa articulação faz parte do negócio, mas não se pode dispensar o que não se conhece! Proponho que, ao lidar com o colaborador interno, façamos uso dos mesmos mecanismos e dedicação que hoje são dispensados ao cliente externo. Que tal, antes de “adestrar” pessoas em processos engessados e burocráticos, estendermos a mão dizendo: “Prazer em conhecer!”?
Prof. Edison Andrades é palestrante e sócio da Reciclare Consultoria & Treinamento. Site: www.reciclareconsultoria.com.br ; e-mail: [email protected]