Um mundo chamado mercado de trabalho


No mundo corporativo, dá-se ênfase ao trabalho coletivo, que se faz realmente imprescindível, devido à necessidade de alcançar resultados, só possíveis mediante a soma dos esforços de todas as áreas que compõem uma organização. Não conseguimos imaginar uma ação de vendas sem que haja os processos anteriores e posteriores. No entanto me parece que as empresas ainda deixam a desejar no que se refere ao treinamento e conscientização sobre a importância do ato individual que gera o trabalho coletivo. Imaginemos um simples relógio que nos guia. Para que ele possa nos proporcionar a informação correta, é preciso que uma série de engrenagens internas trabalhem com um sincronismo eficaz. Assim deveriam funcionar as empresas.

Percebo que muitos ainda confundem os conceitos de grupo, time e equipe. Dentro do mundo acadêmico, temos, como uma das principais lições, o trabalho em grupo. Todo educador solicita aos alunos trabalhos coletivos, propondo que se reúnam em grupos para então desempenhar alguma tarefa (ou trabalho). Diante da proposta de se juntarem, é natural que nasça nas pessoas, de forma involuntária e impulsiva, uma necessidade de buscar aqueles com os quais se possui afinidade, de preferência amigos. O fato é que, por vezes, um bom grupo não produz bons resultados, justamente porque coloca acima de tudo os relacionamentos interpessoais, daí, em nome da amizade, os indivíduos deixam de fomentar boas discussões que poderiam gerar bons resultados. Acho importante a harmonia nas relações, mas não conheço casos de sucesso sem atritos, pois é destes que nascem as mais brilhantes decisões. O atrito gera faísca. Da faísca vem o fogo. E é o fogo que ativa o processo de fundição.

Algumas lideranças adoram criar, nos colaboradores, o conceito de time. Creio que a inspiração se dá pelos times de futebol que têm sua força na coletividade. O problema é que, embora haja um objetivo comum a todos, a maior afinidade geralmente está no uniforme, ou seja, os integrantes apenas vestem a mesma camisa. No futebol, é exatamente assim que acontece: hoje vejo o novo craque beijando uma camisa frente à imprensa. Em poucos meses, vejo-o beijando a camisa do time rival. Não há fidelização. A maioria joga para si, valorizando cada vez mais seu passe.

Ainda faltam, nas empresas, verdadeiras equipes. Uma equipe de fato possui a característica de trabalhar com as diferenças. As melhores equipes são as que mais conflitam ideias. Outra característica é que seus membros são flexíveis ao consenso, ou seja, se for preciso abrir mão de seus paradigmas e conceitos preestabelecidos, eles o farão, em prol do melhor resultado.

Os membros de uma equipe vencem juntos, ainda que uns tenham atuação mais evidente que outros. Veja o caso de um contrabaixo dentro de uma orquestra. Sua função é, principalmente, a de preenchimento dos graves e de dar coesão à harmonia. Quem não é expert em música provavelmente nem perceberá sua atuação e seu som, mas, sem dúvida, o contrabaixo é um dos instrumentos mais importantes de uma sinfonia.
Caro líder, como anda a sua orquestra? Não esqueça que o resultado final depende, também, de uma boa regência. E essa, está na mão do maestro.

Ah! E nunca se esqueça de incluir Deus em todos os seus planos.

Edison Andrades é palestrante e sócio da Reciclare Consultoria & Treinamento. E-mail: [email protected]

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