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Desperdício, o maior pecado do homem



Não me lembro exatamente se foi o cineasta russo Andrei Tarkovsky ou o japonês Akira Kurosawa, em entrevista a um jornal brasileiro, que sentenciou ser o desperdício o maior pecado do homem.


Trazendo o tema do desperdício como um grande ofensor à sustentabilidade do planeta, provoco os empreendedores e consumidores da indústria de Tecnologia da Informação a uma reflexão.


Basearei minha reflexão em três perspectivas: a da dispersão, a da sobreposição de esforços dos produtores de componentes de hardware e software e a da exacerbação da aplicação de recursos pelos consumidores de TI.


São de conhecimento da indústria de TI, mesmo dos consumidores corporativos, os padrões definidos para organizá-la e principalmente para aumentar o espectro de interoperabilidade entre os componentes por ela, velozmente, produzidos.


Instituições como a ISO (International Organization for Standardization), o consórcio W3C (World Wide Web Consortium) e o Open Group, entre outras, que têm como objetivo estabelecer padrões abertos para a infra-estrutura de computação, difundem tais padrões que deveriam ser plenamente adotados pelos produtores e consumidores da indústria.


Porém, os padrões (abertos) adotados por gigantes como Sun, IBM, HP, Oracle e por iniciativas Open Source, como a Apache e JBoss entre outras, são na verdade implementados de forma incompleta ou com “alguns desvios” em muitos dos componentes produzidos por tais players, e por isso, os recursos exigidos para a integração de soluções continuam a consumir boa parte dos investimentos em TI. Tal dispersão determina um enorme desperdício.


Na segunda perspectiva, coloco uma luz sobre a concentração de esforços dos players de TI, incluindo as iniciativas open sources, no desenvolvimento de tecnologias para um mesmo fim. Para citar alguns exemplos, basta observarmos o número de Gerenciadores de Banco de Dados, Application Servers, Portal Servers e de Aplicativos para Gestão Empresarial existentes no mercado.


Não se trata de defender algo como “quem chegou primeiro fica com o queijo”, mas é perfeitamente possível que o empreendedor de TI oriente seu senso de oportunidade e seus esforços para cobrir espaços ainda não ocupados, como propõem W. Chan Kim e Renée Mauborgne  no importante livro “A Estratégia do Oceano Azul”. Sobreposição excessiva de esforços é desperdício.


Na terceira perspectiva provoco diretamente os consumidores de TI, que por terem dificuldades de entender as verdadeiras demandas do dia-a-dia operacional, optam pela “zona de conforto” e dão tiros com canhões de maior calibre do que o necessário para atingirem seus alvos. Basta observar a capacidade ociosa dos servidores, dos roteadores, os softwares sub-utilizados e os projetos fracassados. Gastar mais do que é necessário é a tradução mais perfeita da palavra desperdício.


Baseado nesta breve reflexão, proponho aos empreendedores e consumidores de TI que fiquem atentos a efetiva adoção dos padrões abertos para a conseqüente redução de recursos para a interoperação das soluções tecnológicas; que direcionem seus esforços de desenvolvimento para componentes (produtos) que atendam às demandas ainda não atendidas dos consumidores, em outras palavras, que inovem; e por fim, que ataquem os problemas com a munição adequada, procurando resolver os problemas básicos para só depois sofisticarem suas soluções tecnológicas!


Assim o desperdício será menor e o planeta e seus habitantes agradecerão.

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