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Um porto nada seguro …

Sou cliente de uma das seguradoras mais importantes do país. Além disto
também é frequentadora das listas de prêmios e benchmarkings país afora.
Tenho seguro de automóveis com eles há anos e sempre fui muito bem
atendido. Nada a reclamar, pelo contrário. Tanto que tento migrar meu
plano de saúde para lá já faz algum tempo mas a “rede protetora” da ANS
tanto quer me proteger que me impede de exercer a tal portabilidade.

Porque
quero mudar? Bem, por que o meu plano teima em não respeitar as regras
da ANS. Entendo que a incompetência da agência pode fazer com que as
coisas não funcionem, mas não consigo entender qual a razão que o plano
tem para prejudicar o seu cliente que paga religiosamente as
mensalidades há anos. Isto porque ao negar uma autorização ou um reembolso, o cliente em sua situação difícil acaba não tendo cabeça para buscar os seus direitos e aceita o que está sendo oferecido. Chantagem.

Uma destas regras é a norma RN-262 que obriga os planos de saúde a autorizarem juntamente com a cirurgia todo o material necessário à sua realização. Quer dizer, se vamos fazer uma cirurgia de catarata, é claro que a aquisição da lente que será implantada também deve ser autorizada. Se você vai fazer uma correção no seu joelho e precisa de uma prótese, claro que a prótese deve ser autorizada juntamente com o procedimento. Para que iria se fazer estas cirurgias se não fosse para implantar as próteses?

Não é tão óbvio quanto parece, ontem um amigo relatou no FB que a filha dele iria fazer uma cirurgia de artroscopia na ATM. Que é uma correção na articulação temporo-mandibular. Em portugues na articulação da  boca. O fato é que o médico para realizar a cirurgia precisa de um material chamado kit artroscopia e da administração de um medicamento. Ora se alguém estivesse solicitando uma lente para a artroscopia e um joelho para a catarata, tudo bem que houvesse dúvida mas não. É um kit artroscopia para uma procedimento de artroscopia. Mas a seguradora modelo fez como os planos não diferenciados, aqueles mesmos da vala comum. Simplesmente autorizou a cirurgia e negou o material e o medicamento aparentemente descumprindo a regra.

Eu poderia discutir horas ou dias, como o meu amigo está fazendo, dos porquês que a seguradora tem que autorizar ou não. Mas o que gostaria de levantar é bem mais simples. Por que ninguém explica nada direito. Por que o cliente é refém de uma meia dúzia de atendentes que não são médicos falando com o paciente que também não é médico sobre um assunto que certamente nenhum dos dois entende. A ditadura dos atendentes precisa ser derrubada. O cliente tem o direito de falar com alguém especializado. Que os médicos expliquem para os médicos e nossos médicos nos explique o que está acontecendo.  E não por um exército de mal tratados pelas empresas para as quais trabalham com metas de economia de custos. Quanto mais negar melhor.

Mas é assim no meu plano, onde meu oftalmologista disse que testemunharia a meu favor já que não iria responder nada para alguém que não é médico. É assim no plano do meu pai que negou autorização para a prótese do joelho e ficou por isto mesmo e para minha surpresa também é assim  no porto seguro das seguradoras. 

Ultimamente se vem discutindo justiça e lei. Pois é, o que estes planos e agências fazem não é justo com certeza. Não tenho condições de discutir se é legal ou não. Acho que não. Parece que não. Mas aqui é um país onde se criam brechas nas leis, onde leis não pegam e onde a impunidade é uma prática comum. Logo não é difícil essa gente estar praticando a injustiça completamente cobertos pela lei.

Como resistir a tentação de enrolar o cliente, principalmente se for para economizar algum. Afinal, aproveitando o gancho, vi uma matéria no Valor Econômico sobre uma pesquisa que diz que a maioria dos executivos das empresas mentem. Se mentem para todo mundo por que não vão mentir para o coitado do cliente.

Até a próxima!

0 comentário em “Um porto nada seguro …”

  1. Enio, muito bom e oportuno.
    Estamos mesmo sob uma ditadura de prestadores de (des)serviço.
    Tudo bem, o objetivo das empresas é o lucro mas a que custo?
    Já não pagamos muito por não ter a tal saúde que é obrigação do estado?
    A ANS tem uma Consulta Pública 51/2012 sobre o assunto.
    Negativa de cobertura deverá ser feita por escrito,quando solicitada pelo beneficiário
    Participe:
    http://www.ans.gov.br/index.php/participacao-da-sociedade/consultas-publicas

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