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Precisa-se de doadores

Autor: Edilson Menezes
Aposto que você pensou em doação de sangue. Sim. Sempre será preciso. No entanto, o mundo precisa também – e com urgência – dos doadores de otimismo. Imagine que você teve uma ideia audaciosa para transformar determinado ambiente da casa e precisa contratar a decoradora. Então, você entrevista duas pessoas e escuta as seguintes frases:
– Eu não sei se vai ficar bom, mas vou fazer o possível!
– Será um grande desafio, mas acredito que vai dar certo e vou fazer de tudo para isso!
Obviamente, a primeira resposta é pessimista e também é patente que você há de contratar a segunda profissional.
Certo dia, eu precisava de um táxi. O trajeto era bem curto, não mais que 8Km. Tentei chamar o Uber e como o aplicativo estava com problemas, acabei contratando um táxi convencional. Escutei uma pérola incrível quando informei o endereço ao motorista.
– Nossa, é pertinho, hein? Poxa, pensei que fosse uma corrida para o aeroporto. Bem que eu tô precisando, viu? Ultimamente, só corrida curta e com esta crise, vários parceiros já deixaram a praça.
Calculei que a corrida tão curta não me permitiria advogar em favor do otimismo para ajudar o rapaz. Minutos depois, agradeci e paguei a corrida ao taxista que tanto me lembrou Hardy, aquela hiena fatalista, personagem de desenho animado dos estúdios de Hanna Barbera, que fazia dupla com o otimista leãozinho Lippy.
Hardy tinha sempre algo de que se queixar e eu tenho certeza que existe uma hiena pessimista em sua empresa, independente do porte ou segmento. E sabe o que é mais preocupante?
Hienas pessimistas invadem o ambiente corporativo e como poucos suportam sua cantilena sempre negativa, contaminam a boa fluência no mundo dos negócios. Mas, quem disse que os pessimistas são imutáveis?
Eis o objetivo deste humilde articulista: convidar você a entrar, por breve instante que seja, no mundo dos pessimistas e entender o que os motiva. Afinal, será impossível para você evitar a conversa com aqueles que estão ao seu lado, labutando por no mínimo 8 horas diárias em prol de objetivos comuns.
Em pouco menos de 10 minutos de corrida, eu não teria como ajudar o taxista. Talvez você, que convive ao lado de um pessimista, possa ajudar a tirá-lo deste depreciativo estado e se assim entender que pode agir, considere três dicas:
1. A obviedade não encontra eco em corações contaminados por negativismo. Assim, será infrutífera a tentativa de fazer o pessimista entender que “por razões óbvias” é melhor ter otimismo. Trate-o como semelhante sem defender verdades absolutas. Para enxergar as cores da vida, a monocromática perspectiva pessimista merece sentir que tem pares capazes de ver um panorama melhor sem desmerecê-los;
2. O pessimismo é um exercício que se fortalece por meio da prática. Considerando a vida como um bolo que vamos preparando aos poucos, ao investir muitos anos somente no insistente vislumbre daquilo que talvez possa dar errado, perdemos a mão e o bolo desanda. Quando estendemos mãos otimistas para ajudar os confeiteiros não exitosos, é preciso respeitar algum tempo para a pessoa reconstruir o bolo do otimismo. Logo, não podemos esperar, da noite para o dia, que o desmotivado se transforme em exemplo motivacional. É preciso ir aos poucos, respeitar cada passo evolutivo e continuar incentivando a pessoa com sinceridade e empenho;
3. Otimistas são mais fortes, física e energeticamente. Porém, não são “melhores” e esta é uma confusão recorrente. Não vamos ajudar ninguém tentando provar que nosso mundo é superior e se decidimos agir assim, significa que foi mais importante alimentar o próprio ego do que trazer um pouco de otimismo para a vida de alguém que precisava. O caminho alternativo é apresentar um cenário diferente e neutro em relação ao mundo em que a pessoa vive. Se este mundo é melhor ou pior caberá ao ajudado julgar e não ao socorrista, lembrando que ao receber o título de “ser” humano, herdamos a responsabilidade de socorrer aos pares que imploram, ainda que não percebam, por uma vida de luz, harmonia e positivismo.
O otimismo é uma virtude grande e poderosa demais para caber em apenas um coração. Sentir que as suas ações são impregnadas desta virtude e não inspirar aos que vivem cercados pela treva pessimista é o equivalente a ter um pedaço de pão e recusar-se a dividi-lo com o vizinho faminto: pode até não ser crime, mas quem ousaria afirmar que não é desumano?
A cura para o pessimismo não está e nunca estará encapsulada para ser aviada de 8 em 8 horas. Embora a decisão de migrar para um mundo mais positivo seja particular, o otimismo é um atalho evolutivo que eu e você temos de sobra para doar e quanto mais doamos, mais inesgotável se torna a capacidade de produzi-lo.
A escolha, como sempre, é apenas sua!
Edilson Menezes é treinador comportamental e consultor literário. Atua nas áreas de vendas, motivação, liderança e coesão de equipes. ([email protected])

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