Futuro do atendimento ao paciente

Autor: Eduardo Kfouri
Clínicas, consultórios e hospitais têm um grande desafio, no que diz respeito ao gerenciamento de dados clínicos. Realizar o cruzamento de todas as informações para aproveitá-las com mais efetividade não é tarefa fácil, mas já está no radar das principais instituições da área. Prova disso é a pesquisa da HIMSS Analytics, em parceria com a Qlik, feita em 2015, que aponta que a adoção de uma plataforma de BI e analytics é prioridade durante os próximos 12 a 24 meses para 93% das empresas do setor.
Com esse avanço, as oportunidades de aproveitamento das informações são infinitas e transformarão completamente o dia a dia de hospitais e clínicas em um futuro não tão distante. Ao avaliar históricos de exames, medicamentos e consultas, por exemplo, médicos podem checar pontos fora da curva que ajudam na detecção precoce, ou até na prevenção, de doenças. E este é apenas um uso possível dos dados para melhorar o atendimento ao paciente.
A Internet das Coisas tem papel importante neste contexto. Relógios monitoram batimentos cardíacos, smartphones acompanham a atividade física, tênis checam o impacto dos esportes nas articulações. Imagine-se chegando ao consultório de um ortopedista com todos esses dados em mãos. Ele pode não apenas diagnosticar seu problema no joelho, mas compreender com precisão o que o causou e o que precisa ser mudado – seja na pisada ou na frequência de exercícios, por exemplo – para aliviar a dor e reduzir o impacto.
Há oportunidades, também, no apoio ao diagnóstico, especialmente de condições raras ou pouco conhecidas. Já existem projetos de bases de dados que reúnem todas as informações existentes sobre medicina. Nelas, os médicos poderão realizar uma simples pesquisa por sintomas e acessar possíveis diagnósticos, além de todos os tratamentos conhecidos para cada doença já mapeada na história da humanidade. Enquanto essa tecnologia não é colocada em prática, é possível replicá-la em menor escala. Cruzar informações clínicas de pacientes pode ajudar hospitais na detecção e tratamento de outras pessoas com os mesmos problemas. Passa a saber também quais exames são mais eficientes, os remédios mais efetivos, quais tratamentos atuam mais rápido e os pacientes se adaptam com mais facilidade.
São tantas possibilidades, que mesmo o dia a dia dos profissionais será transformado. Com os dados unificados e analisados em uma base integrada, não há mais prontuários indo e vindo – tudo pode ser acessado por qualquer funcionário em qualquer lugar a partir de qualquer dispositivo. Isso agiliza o atendimento e aumenta a satisfação do paciente. A ideia de ter todo o histórico de saúde das pessoas em um único lugar, acessível para todos na cadeia de saúde, ainda não é realidade no Brasil, mas os Estados Unidos, por exemplo, estão avançados com relação a essa tecnologia. O país instituiu, inclusive, uma regulação que define as políticas, procedimentos e orientações para manter a privacidade e segurança das informações de saúde individualmente identificáveis – a HIPAA (Lei de Portabilidade e Responsabilidade de Seguros de Saúde, em tradução livre). 
À medida que mais alternativas como essa se apresentam, fica mais evidente a necessidade do aproveitamento das informações para otimizar o atendimento ao paciente e, porque não, melhorar a saúde em nível geográfico. Quando se trata da análise de informações, o céu é o limite.
Eduardo Kfouri é vice-presidente da Qlik para a América Latina

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