O brasileiro quer consumir



Autor: Márcio Peppe

 

Às portas de mais um período de festas de final de ano, o entusiasmo do brasileiro com os rumos da economia brasileira e o potencial que isso representa na melhoria da situação financeira de muitas famílias podem ser percebidos sem grande esforço.

 

Ilustrando a tendência, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), da Fundação Getúlio Vargas, avançou 2,7% de outubro para novembro deste ano. Os 125,4 pontos registrados no mês passado são um recorde para a série histórica do indicador, criado em outubro de 2005. Na apuração, a FGV percebeu que o consumidor está confiante não apenas em relação a sua situação presente, como estima que o cenário seguirá positivo nos próximos seis meses.

 

Outro indicador positivo, que demonstra melhora no potencial de consumo do brasileiro, foi apurado pelo IBGE. Segundo o instituto, o rendimento médio dos trabalhadores das principais regiões metropolitanas do país atingiu em outubro outro recorde histórico, R$ 1.515,40, maior valor já registrado desde março de 2002, no início da série. A variação em relação ao valor de outubro de 2009 foi de 6,5%. Ante a renda média anotada em setembro passado, o aumento atingiu 0,3%.

 

O avanço de renda é estimulado pela recomposição do poder de compra do salário mínimo dos últimos anos. Outro fator é a maior oferta de empregos, o que estimula os salários a serem ampliados. A mesma pesquisa do IBGE apurou que a taxa de desemprego recuou para 6,1% da população economicamente ativa em outubro, outro recorde e menor patamar da série histórica.

 

Enquanto o consumidor melhora seu humor em relação à economia, o otimismo dos empresários tem tomado caminho um pouco diferente, apesar de ainda ser positivo. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), apurado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), recuou para 62 pontos na comparação com outubro. Mesmo estando em um patamar positivo, já que qualquer resultado acima de 50 pontos equivale a uma percepção otimista, o indicador tem mostrado tendência de queda desde setembro.

 

Essa tendência de recuo no otimismo empresarial pode ser negativa para a economia, já que as empresas podem reduzir a projeção de investimentos produtivos em um momento em que o humor do consumidor está em alta. A conjunção entre uma produção estagnada e uma procura aquecida pode redundar em estímulo à inflação. O cenário ideal seria desenhando pela expansão produtiva alinhada ao crescimento do consumo. Para isso, estimular a capacidade competitiva do setor produtivo brasileiro seria o melhor dos mundos. Vemos ainda que pode haver um freio no consumo, em razão de medidas tomadas pelo governo para reduzir a oferta de crédito no mercado.

 

De qualquer forma, não podemos perder de vista que o entusiasmo e o potencial que o brasileiro vem adquirindo para consumir são grandes estímulos às perspectivas de expansão de nossa economia. Afinal, o que o brasileiro quer mesmo é consumir.

 

Márcio Peppe é responsável pela área de Outsourcing da BDO no Brasil.

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O brasileiro quer consumir



Autor: Márcio Peppe


Às portas de mais um período de festas de final de ano, o entusiasmo do brasileiro com os rumos da economia brasileira e o potencial que isso representa na melhoria da situação financeira de muitas famílias podem ser percebidos sem grande esforço.


Ilustrando a tendência, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), da Fundação Getúlio Vargas, avançou 2,7% de outubro para novembro deste ano. Os 125,4 pontos registrados no mês passado são um recorde para a série histórica do indicador, criado em outubro de 2005. Na apuração, a FGV percebeu que o consumidor está confiante não apenas em relação a sua situação presente, como estima que o cenário seguirá positivo nos próximos seis meses.


Outro indicador positivo, que demonstra melhora no potencial de consumo do brasileiro, foi apurado pelo IBGE. Segundo o instituto, o rendimento médio dos trabalhadores das principais regiões metropolitanas do país atingiu em outubro outro recorde histórico, R$ 1.515,40, maior valor já registrado desde março de 2002, no início da série. A variação em relação ao valor de outubro de 2009 foi de 6,5%. Ante a renda média anotada em setembro passado, o aumento atingiu 0,3%.


O avanço de renda é estimulado pela recomposição do poder de compra do salário mínimo dos últimos anos. Outro fator é a maior oferta de empregos, o que estimula os salários a serem ampliados. A mesma pesquisa do IBGE apurou que a taxa de desemprego recuou para 6,1% da população economicamente ativa em outubro, outro recorde e menor patamar da série histórica.


Enquanto o consumidor melhora seu humor em relação à economia, o otimismo dos empresários tem tomado caminho um pouco diferente, apesar de ainda ser positivo. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), apurado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), recuou para 62 pontos na comparação com outubro. Mesmo estando em um patamar positivo, já que qualquer resultado acima de 50 pontos equivale a uma percepção otimista, o indicador tem mostrado tendência de queda desde setembro.


Essa tendência de recuo no otimismo empresarial pode ser negativa para a economia, já que as empresas podem reduzir a projeção de investimentos produtivos em um momento em que o humor do consumidor está em alta. A conjunção entre uma produção estagnada e uma procura aquecida pode redundar em estímulo à inflação. O cenário ideal seria desenhando pela expansão produtiva alinhada ao crescimento do consumo. Para isso, estimular a capacidade competitiva do setor produtivo brasileiro seria o melhor dos mundos.

 

Vemos ainda que pode haver um freio no consumo, em razão de medidas tomadas pelo governo para reduzir a oferta de crédito no mercado.


De qualquer forma, não podemos perder de vista que o entusiasmo e o potencial que o brasileiro vem adquirindo para consumir são grandes estímulos às perspectivas de expansão de nossa economia. Afinal, o que o brasileiro quer mesmo é consumir.

Márcio Peppe é responsável pela área de outsourcing da BDO no Brasil.

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