Análise de crédito em telecom



O universo da telefonia celular pós-paga no Brasil cresceria mais de 100% com a implantação do cadastro positivo, passando dos atuais 17,4% para 36,1% dos usuários. A constatação é de estudo da Serasa Experian sobre o impacto do uso dessa ferramenta para análise de crédito em telecom. Hoje, a avaliação vigente da capacidade de crédito do consumidor no País é limitada, o que restringe o acesso à telefonia pós-paga, de acordo com a pesquisa. O cadastro possibilitaria que muitos clientes pré-pagos migrassem.

 

De modo geral, o minuto na telefonia pré-paga é mais caro que na pós-paga. No País, boa parte dos consumidores de telefonia pré-paga recorreu a essa modalidade porque obteve reprovação de crédito junto às companhias, pois as operadoras não ainda não têm informações suficientes para avaliar, com precisão, a capacidade de endividamento e pagamento desses consumidores. O cadastro positivo poderia mudar este cenário.

 

Segundo as empresas de telefonia, 143,6 milhões de clientes utilizam os serviços de telefonia celular pré-paga contra apenas 30,3 milhões com aparelhos pós-pagos. “A regulamentação do cadastro positivo promoveria uma reacomodação deste cenário e o sistema pós-pago ficaria com 61,1 milhões de usuários, um ganho de 101,3%. É um crescimento que nenhuma ação de marketing sozinha alcançaria”, exemplifica Ricardo Loureiro, presidente da Serasa Experian. O perfil da telefonia pós-paga no Brasil poderia ganhar índices de primeiro mundo com a implantação do cadastro positivo, segundo a pesquisa. Hoje, no Brasil, menos de 20% da base de clientes são pós-pagos. No mundo, a média é de 40%.

 

O mapa da telefonia celular nas regiões Norte e Nordeste seria o mais modificado com a implantação do cadastro. Os atuais consumidores de telefones pós-pagos nos estados do Norte somam pouco mais de 1 milhão de usuários. Este número quadruplicaria, chegando a 4,134 milhões. Já no Nordeste, o grupo de clientes pós-pagos hoje totaliza 4,112 milhões. Mas o uso da nova ferramenta para análise de crédito aponta para uma expansão que triplicaria este universo, chegando a 13,120 milhões de consumidores com acesso ao serviço pós-pago.

 

Segundo Loureiro, a migração dos consumidores para o sistema pós-pago é positiva para as operadoras. “Até então, as empresas apenas disputavam entre si para angariar novos clientes e não possuíam meios para redistribuir a base atual. Mas o cadastro positivo poderá promover essas mudanças, com qualidade nas receitas das operadoras e nos serviços oferecidos ao cidadão”, diz.

 

O cadastro positivo é uma metodologia de conceder crédito, na qual é analisado todo o histórico de endividamento do cidadão e a forma como ele paga suas dívidas contraídas com os bancos, com as empresas do comércio e com as de serviços (luz, água, telefone, gás). Avalia também os compromissos assumidos ainda a vencer com essas empresas. Portanto, são valorizados os fatos positivos, os pagamentos honrados e não somente as eventuais dívidas não pagas.

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