O Brasil foi um dos poucos países que saiu forte da crise econômica mundial, a exemplo inclusive do setor automotivo. E, no mapa das oportundiades, pesquisa realizada no primeiro trimestre de 2010 pela Arval, empresa especializada em frotas empresariais e subsidiária do BNP Paribas, demonstram que, para 70% das companhias, a turbulência não implicou mudanças, enquanto o cenário na Europa, em especial nas empresas de grande porte, houve reconfiguração das frotas. Na avaliação da empresa, essa diferença se dá, entre outras razões, pela já presente hiperinflação no Brasil que acarretou, ao longo dos anos, em executivos com agilidade em promover mudanças, diferentemente dos europeus, que estão acostumados à estabilidade da economia. Como adicional, o incentivo governamental à venda de veículos, com a redução do IPI, aumentou o número de frotas no Brasil. “Nos próximos cinco anos o Brasil será um país muito diferente do que é hoje, com grande potencial no mercado em que a Arval atua”, avalia Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.
De olho nessas oportunidades, a Arval irá investir R$ 145 milhões já este ano no Brasil e outros R$ 800 milhões até 2013 para buscar a liderança do setor, atingindo uma frota de 15 mil veículos. Os investimentos se devem também ao fato de que, hoje, as operações de varejo do Grupo, nas quais se inclui a Arval, são responsáveis por metade das receitas, de acordo com Louis Bazire, presidente do Banco BNP Paribas. “A empresa tem maturidade para crescer junto com o mercado automotivo”, afirma Roberto Maia da Fonseca, presidente da Arval, que cita como exemplo o CVO, Corporate Vehicle Observatory. “É uma plataforma própria e independente de informações e serviços que tem por objetivo ver quais são as melhores maneiras de gerenciar uma frota de automóvel e dar orientações sobre essa ferramenta”, completa.
É a partir do fórum multidisciplinar CVO, que a empresa realiza a pesquisa. Nessa última edição, ela englobou 14 países, entre os quais o Brasil, e revelou que quanto maior o porte da empresa, mais veículos de incentivo ela possui e menos unidades voltadas ao uso em vendas e serviços. A escolha dos veículos corporativos é outro item apontado pela pesquisa no que se refere a otimizar a frota, já que no Brasil o número de veículos operacionais e de serviços é elevado e fator relevante do ponto de vista motivacional.
Mesmo assim, as empresas, em geral, dão menos opções de escolha de veículos para os colaboradores do que na Europa, devido ao alto nível dos encargos sociais sobre benefícios dados aos funcionários. No Brasil, o interesse dos gestores de frotas está concentrado em itens como rastreadores, relatórios sobre consumo de combustível e quilômetros rodados (telemetria). Além disso, a maioria das empresas opta por determinado modelo e marca de veículo em função de custos diretos e indiretos, tais como os que costumam ser menos roubados, têm a melhor rede de manutenção e autopeças, por exemplo. Atualmente no Brasil, 49% dos veículos de frotas são frutos de leasing financeiro; 42%, de compra à vista; 6% de Crédito Direto ao Consumidor e 2% de leasing operacional/locação, o que indica o grande potencial do mercado nacional.