Em um congresso de comunicação e publicidade, espera-se ouvir apenas palestras de especialistas nessas disciplinas. A não ser que alguém ouse ser realmente criativo e traga um astrofísico para falar. Foi o que a Ogilvy fez este ano em Cannes, convidando, para a sua sessão de Cannes, Neil deGrasse Tyson, diretor do Planetário Hayden no Centro Rose para a Terra e o Espaço, investigador associado do departamento de astrofísica no Museu Americano de História Natural e classificado pela revista Time como uma das dez pessoas mais influentes.
Em sua palestra, A Criatividade e os Dilemas Cósmicos, ele levou a audiência de fato às fronteiras do pensamento. Para um lugar onde se valoriza a solução de problemas, as novas ideias, e os riscos que é preciso assumir para isso. Um lugar onde quase todos os passos serão errados, mas o que importa é que “ninguém terá pisado lá antes”. E, quando você for bem-sucedido, o será de uma forma que todos pensarão “como é que eu não pensei nisso antes”.
Uma viagem e tanto! E que começou mais de dois mil anos atrás, com Ptolomeu olhando para o céu e vendo os planetas vagar contra o fundo de estrelas. Mesmo matemáticos brilhantes como Ptolomeu não conseguiram explicar os movimentos e apelaram para a vontade divina. Mil e quinhentos anos depois, outro matemático brilhante, Isaac Newton, defrontou-se com o mesmo problema e o resolveu. Para isso, inventou o cálculo diferencial. Isso é criatividade, segundo o professor: enfrentar um problema desconhecido e encontrar um meio de resolvê-lo.
No final da palestra, depois de enfatizar a questão de a criatividade ser a fronteira do pensamento, Tyson mostrou uma imagem de Saturno com um pequeno ponto, quase invisível, ao lado. “Isso é a Terra”, falou. Essa imagem é carregada humildemente por todo astrofísico, disse ele. Ela ajuda a dimensionar seu pensamento e fazer com que você olhe as coisas de um ponto de vista estratosférico. Você vai cada vez mais alto, intelectualmente, emocionalmente, espiritualmente, e depois volta ao problema, enxergando que caminho deve tomar. Ele finalizou com a esperança de que essa visão ficasse no coração dos ouvintes e eles saíssem de lá pensando em “quais problemas esperam por minha engenhosidade”.
Até a próxima.
Fernando L. G. Guimarães é especialista em marketing de relacionamento, marketing direto e marketing digital. Email: [email protected]