Tive o desprazer de assistir, ou melhor, de agüentar, o Brasil se segurar em campo contra o fraquíssimo time do Equador, pela Copa América. Faltou tudo ao time: qualidade, raça, confiança. Faltou até uma coisa que sempre caracterizou o futebol brasileiro: ginga. A saída que técnico (!) e jogadores encontraram foi se amontoar lá atrás e tome chutão. Um horror!
Onde está faltando Ginga também é no Sistema Brasileiro de TV Digital. Caso vocês não saibam, Ginga é o nome do middleware de código aberto que gerenciará as funções de interatividade na televisão digital do Brasil e que está sendo desenvolvido por centros de pesquisa no País.
Middleware é o software que faz a mediação entre outros softwares. Entre outras coisas, um middleware fornece um modelo de programação mais produtivo para os programadores de aplicativos, garantindo que interajam entre si de forma a implementar comunicação e suportar o compartilhamento de recursos.
Traduzindo para a nossa TV Digital: sem Ginga, não tem interatividade. A nossa TV, por um bom tempo, não cumprirá a promessa de permitir que o telespectador saia da passividade atual e interaja com a programação. Exatamente. O Ginga, tudo indica, vai demorar mais do que se calculava inicialmente. A contrapartida é que o mercado não precisa ficar amontoado na defesa. Não precisamos ficar dando chutões desesperados. É cabeça no lugar e bola pra frente.
Uma saída bastante viável é começar a explorar melhor as alternativas de IP-TV. Apesar de estarem no mercado há algum tempo, só recentemente algumas dessas emissoras começaram a desenvolver modelos de negócio realmente viáveis para anunciantes. A WTN (http://www.wtn.com.br), por exemplo, está oferecendo planos de Audiência Garantida® realmente interessantes.
E tem o Joost (http://www.joost.com), que a gente não deve deixar de observar a evolução. Para quem não sabe, o Joost é um serviço de televisão via Internet desenvolvido pelos mesmos criadores dos softwares Skype e KaZaa. O sueco Niklas Nennström e o dinamarquês Janus Friis têm a intenção de possibilitar a transmissão de conteúdo da TV pela internet de uma forma eficiente e respeitando os direitos autorais. Só a interface gráfica já mostra que não estão para brincadeiras. E estão fazendo uma série de acordos comerciais com produtoras de vídeo.
Uma outra saída é a incorporação de ferramentas de interatividade aos modelos tradicionais. O programa Big Brother é o exemplo mais óbvio. Mas tem também os leilões de lances mínimos que vêm sendo realizados em programas da Band, do SBT e de outras emissoras. São projetos que foram desenvolvidos pela Synapsys (http://www.synapsys.com.br) em colaboração com a Responsfabrikken (http://www.responsfabrikken.com.br), uma empresa dinamarquesa que é líder na Europa. As soluções que essa empresa está trazendo são incríveis. Algumas delas praticamente transformam a tela da TV em um site, com chats, respostas a enquetes, etc.
Ou seja, enquanto “seu Ginga” não vem, e a nossa TV Digital fique limitada a oferecer melhor qualidade de imagem e som, podemos escalar algumas dessas soluções tecnológicas ou comerciais, e partir para o ataque, tocando a bola com classe e marcando os gols necessários.
Até a próxima.
Fernando Guimarães é diretor de Criação da Synapsys Marketing & Media e desenvolve soluções criativas que envolvem geração de conteúdo e estratégias de relacionamento. Email: [email protected]