Na comunicação móvel, o mais pode ser menos



A simplicidade deve pautar qualquer iniciativa, empreendimento ou serviço que explore o celular como canal de entrega de mensagem ou ofertas. No entanto, a dinâmica atual da indústria oferece inúmeras escolhas de produtos e serviços nas mais variadas configurações para o consumidor. Por um lado, a variedade aumenta a concorrência e beneficia o usuário. Mas o excesso de escolhas também pode atrapalhar. A psicologia é uma boa maneira de explicar este paradoxo: de acordo com a obra The Paradox of Choice: Why More is Less, o professor de psicologia Barry Schwartz argumenta que, a demasiada quantidade de escolhas traz à insatisfação, insegurança e estresse. Ou seja, a teoria aponta que as pessoas só podem lidar com certo número de escolhas de uma só vez.

Hoje, celulares multimídia que oferecem mais recursos e múltiplos formatos de dados ganham terreno. Encontrar informações dentro e fora do celular é cada vez mais difícil. Os sites das operadoras estão expandindo e crescendo em complexidade e a grande oferta de serviços Premium dificulta ainda mais a escolha do cliente. Em 2001, menos de 10% dos celulares possuíam Bluetooth, câmera integrada, tela colorida e capacidade de rodar programas Java/Brew. Agora, entre a sopa de letras e recursos de celulares, estão a reprodução de vídeos e música, MMS, e-mail, slot de memórias, rede wireless, push-to-talk, TV, entre outras funções. Reprodução de música, vídeos e câmera integrada já estão presentes em mais de 50% dos aparelhos.

Pesquisa nacional, realizada pela Research International, com mais de mil usuários encontrou quatro perfis de consumidores, que variam de acordo com as atitudes ante a comunicação móvel. Um dos perfis, o ´urbanóide´, responde por 26% do total e é ávido por informação e tecnologia. É natural, portanto, que estejam em sintonia com todas as tendências móveis. No entanto, os demais grupos encontrados – simplistas, pragmáticos e vaidosos – possuem menos interesse por tecnologia e é de se esperar que a complexidade e a multiplicação de informações atuem mais como um bloqueio do que como um incentivo ao variado cardápio da comunicação móvel.

De acordo com pesquisa da Wacom Components Consumer, sobre as justificativas para o baixo de uso dos serviços de dados, 76% dos entrevistados citam como razão a complexidade para acessar e operar os aparelhos de celulares. Isso demonstra que empresas e operadoras que investirem na simplificação de acesso e uso de seus conteúdos vão perceber sensíveis melhorias de resultados. Tomem como exemplo um teste realizado no Brasil, que comparou o comportamento de um grupo de clientes, que recebeu instruções de como escrever de forma mais fácil e rápida no celular, com outra equipe de comportamento similar, mas que não recebeu as instruções. O resultado encontrado mostrou que: os usuários que tiveram instruções de utilização do serviço de mensagens (SMS) usaram 60% a mais o recurso do que aqueles que não a receberam.

Outro exemplo de sucesso em simplificação de interface com usuário é o iPhone. A liberdade de Steve Jobs em reinventar a forma de interação do consumidor com o celular rendeu à AT&T o dobro da receita média por usuário que utiliza este telefone – afinal navegar na web e enviar mensagens tornaram-se mais simples e fáceis.

Exemplos como estes mostram que a palavra de ordem da nova era da comunicação móvel é a simplicidade. Mais de três bilhões de usuários têm pelo menos um celular hoje e, com certeza, buscam agilidade e facilidade no uso de seus aparelhos. Quem apostar neste conceito vai levar vantagem.

Daniel Barna é head of marketing da Nuance para a América Latina. E-mail: [email protected].

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