Dia 25 de março circulou a última edição em papel do centenário e excelente The Christian Science Monitor, o CSM. Quase ao mesmo tempo, saiu um relatório da Think Tank (organização que produz conhecimento e oferece ideias sobre assuntos relacionados à política, comércio, indústria, estratégia, ciência, tecnologia, etc.) no 24/7 WallStreet (http://247wallst.com/) afirmando que, nas últimas semanas, a indústria de jornais nos Estados Unidos entrou em um novo período de declínio. Jornais importantes pediram falência e outros, como o CSM, simplesmente fecharam suas portas. É possível, e em alguns casos fortemente provável, que oito dos 50 maiores jornais diários dos EUA deixem de ser publicados nos próximos 18 meses, simplesmente desapareçam ou tornem-se exclusivamente on-line.
O relatório do Think Tank inclui uma lista dos dez maiores jornais diários que, provavelmente, vão fechar ou passarão a rodar apenas on-line: The Philadelphia Daily News, The Minneapolis Star Tribune (já pediu concordata), The Miami Herald, The Detroit News, The Boston Globe, The San Francisco Chronicle (já tem até prazo para fechar), The Chicago Sun-Times, NY Daily News, The Fort Worth Star-Telegram, The Dallas Morning News e The Cleveland Plain Dealer. Mas o pior não é isso. Outra pesquisa, do Pew Research Center, diz que menos da metade dos americanos (43%) afirmam que perder seu jornal local feriria muito a vida cívica de suas comunidades. Menos ainda (33%) dizem que sentiriam pessoalmente a falta da leitura de seus jornais locais.
A situação se repete em outros países. Tanto assim que a Federação Europeia de Jornalistas solicitou aos líderes dos partidos no Parlamento europeu que os governos salvem os jornais impressos, “pedra angular da democracia europeia”, segundo dizem no documento. E a administração de Sarkozy, na França, já ofereceu um pacote de ? 600 milhões de socorro aos diários.
Ainda que no Brasil não sintamos essa nova/velha crise com o mesmo impacto, está na hora de repensarmos os paradigmas sobre os quais se apoiam a relação produtores/consumidores de notícias. O principal, talvez, pode ser resumido na conhecida frase No free lunch!, porque cada vez mais estamos mergulhados em uma cultura na qual o consumidor acredita ter direito a tudo grátis – inclusive o almoço!
Quando autores como Seth Godin começaram a chamar a atenção para a tendência de o consumidor exigir conteúdo grátis, muita gente torceu o nariz. Mas então apareceu o Google e passou como um trator por cima de todos, saindo de ilustre desconhecido a uma das maiores empresas do mundo em menos de dez anos. Ficou difícil continuar não levando a sério a bandeira do grátis.
Em resumo, jornais e revistas precisam rever seus modelos de negócio, de receite de relacionamento com seus públicos. Retirar o olhar dos próprios umbigos e entender melhor – e rápido – as reais necessidades, as reais aspirações desses públicos. Voltar a colocar o pé no mundo real, por mais assustador e volátil que pareça no momento. Relevância é a palavra chave.
Voltaremos a este assunto.
Fernando Guimarães é especialista em marketing de relacionamento e branding. Atualmente, dirige a área de marketing da Gradual Investimentos. ([email protected])
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