O recurso humano, cada vez mais estratégico

A ilusão a respeito de um eventual poder desmesurado da tecnologia vai-se esvaindo. O crescimento da globalização – em intensidade e alcance – nos coloca diante do seguinte paradoxo: quanto mais estamos ligados pela interconectividade local e mundial, menor é a importância da tecnologia em comparação com o valor – este sim, fundamental – da intervenção humana nisso tudo. Da inteligência humana, para ser mais específico.

Já faz algum tempo que organizações em todo o mundo “desautomatizam” linhas de produção. Pois se descobriu que robôs não operam com a variedade e a flexibilidade de que é capaz o ser humano. Hoje, a capacidade competitiva está à mercê da inovação. Esta depende da criatividade. E o poder criativo está instalado no cérebro humano. Essa é a razão porque, quando se fala de futuro, sobrevivência e crescimento, marketing de relacionamento, tudo passa pelo coração da empresa: a área de Recursos Humanos.

O setor de RH está se reinventando a cada dia. Porque cabe a ele dar as ferramentas e os conceitos de que a organização como um todo necessita para fazer frente aos desafios imensos do século XXI. É relativamente nova a descoberta de que o patrimônio intelectual da empresa é muito maior que o patrimônio físico ou financeiro.

Acabou a ilusão com o hardware. Importante mesmo é o software. Precisamos investir no software mais sofisticado que existe: a nossa mente. Educar os colaboradores, atualizar as lideranças, gerir o conhecimento, aumentar a inteligência coletiva da organização. Isso tudo está nas mãos do RH. Que está passando pelas seguintes transformações:

– O departamento de RH iguala o nível de sua prestação de serviços internos às suas atividades estratégicas dentro da missão e foco da organização;

– Está criando novas áreas tais como Desenvolvimento de Talentos, Integração Organizacional, Suporte & Serviços, Cidadania Empresarial, Grupos de Estudos Avançados, Grupo Virtual de Criatividade. etc.;

– Comanda a implantação da gestão do conhecimento, com mensuração do capital intelectual, mapas do conhecimento, instrumentos de seleção, retenção e desenvolvimento de talentos;

– Aplica a avaliação de performance por toda a organização com base no mapa do conhecimento;

– Envolve a empresa toda na criação de programas de educação continuada, universidade corporativa e programas de treinamento com base na gestão do conhecimento;

– Desenvolve um sistema de comunicação interna que contempla a liberdade de expressão, a fluência de canais verticais e horizontais para que o conhecimento se dissemine por toda a organização. Cria, também, novos instrumentos de comunicação, repórteres internos, bancos de informações, bibliotecas corporativas, etc., tendo sempre como base as informações que vêm do relacionamento com os clientes externos.

– O RH detém, agora, parte do sistema de comunicação externa da empresa. Isso possibilita divulgar no mercado a imagem de uma empresa que tem no ser humano seu foco principal.

– Luta para que um dos pilares centrais do planejamento estratégico da organização seja o Novo RH. Junto com o novo marketing, a nova concepção de vendas, etc.

– Os assuntos corporativos fazem parte da política estratégica de RH. Todos os colaboradores devem ser envolvidos na cidadania empresarial, seja como voluntários ou organizadores de programas internos e externos.

Enfim, o futuro da empresa está na relação direta de sua capacidade de atrair e manter talentos. As próximas décadas mostrarão que a empresa dependerá de gente criativa. É o fim da supremacia da burocracia. Educação e criatividade. Estas são as palavras-chave. E os profissionais de RH podem proporcionar esse ambiente para a empresa. Só assim venceremos os incríveis desafios de um mundo irrefreavelmente globalizado.

Claudir Franciatto é diretor da Franciatto Consulting, autor de 9 livros e parceiro exclusivo da KS Consulting e da Bolsa de Empregos (www.callcenter.inf.br).

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