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Barack Obama: Monteiro Lobato já sabia!



No Brasil, o dia 20 de novembro representa uma data muito especial. Um resgate e um reconhecimento à diversidade da raça humana. O “Dia da Consciência Negra” não é apenas um novo feriado em nosso calendário. É um dia de reflexão, e de fé na igualdade dos homens neste país. Ainda temos um longo caminho pela frente, mas creio que estamos na direção certa.


E sobre este assunto, em um cenário globalizado, aproveito para destacar um importante personagem da raça negra – Barack Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos da América. Eleito no último dia 4 de novembro, Obama que traz consigo as esperanças de diversas pessoas, raças, cores, crenças e ideologias.


Por uma feliz coincidência, estive em um compromisso profissional na Califórnia durante a semana das eleições norte-americanas. Acompanhei de perto um movimento de esperança e de renovação na democracia. Independente do partido político, havia uma energia positiva no ar.


Barack Obama já foi comparado ao ex-presidente John Kennedy pela sua capacidade de engajar e motivar os eleitores. O início do seu processo de transição de governo, tem se comportado como seu modelo político, o também ex-presidente Abraham Lincoln, pela sua estratégia de se aproximar dos rivais. Já se reuniu com Bush, considera a possibilidade de contar com Hillary Clinton em sua equipe e não descarta sequer a participação direta do candidato derrotado, John McCain. Ou seja, um grande estadista em potencial. Mas vai precisar de muito mais do que sorrisos e aplausos para superar a atual crise financeira que assola os EUA e a economia mundial.


No que diz respeito ao CLUBE DO LIVRO, um fato interessante é que Barack Obama tem uma base acadêmica muito sólida. Na história recente dos EUA, ele é certamente o presidente mais culto e erudito que já ocupou a Casa Branca. Em sua cabeceira, segundo o próprio Obama, estão Willian Shakespeare e Ernest Hemingway. Mas, de acordo com diversos especialistas,  entre as suas  maiores influências estão alguns filósofos e teólogos de primeira grandeza na história da vida em sociedade.


Formado na Universidade de Columbia, com Doutorado em Harvard, Obama cita com fluência e perfeição diversos autores. Segundo consta, uma de suas maiores influências vem do teólogo Reinhold Neibuhr, que teve entre seus discípulos Martin Luther King. Coincidência ou não, Neibuhr escreveu sua obra-prima “Moral Man and Immoral Society” em 1932, no auge da Grande Depressão de 1929. Uma época muito próxima à realidade atual.


Outro autor que influenciou Obama é Saul Alinsky, um líder comunitário que trabalhou em comunidades carentes em Chicago nos anos 80, e tornou-se um exemplo para os menos favorecidos. Seu livro “Rules for Radicals” é considerado um manual de mobilização de massas. Podemos citar também Ralph Ellison, autor de “Invisible Man“, uma história de um negro em busca de sua identidade nos EUA. Além destes, Obama estudou profundamente a obra do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, o que explica o seu estilo questionador.


Com todas essas referências, Barack Obama foi capaz de escrever livros como o autobiográfico “A Origem dos Meus Sonhos”, e “A Audácia da Esperança”, onde ele faz uma análise da situação dos EUA, incluindo temas polêmicos como o governo Bush, a atuação do Congresso, a guerra do Iraque, tensões raciais e religiosas, entre outros.


Na mesma linha de raciocínio, podemos destacar alguns livros sobre a sua trajetória como “Obama, From Promise to Power” (David Mendell), “O Deus de Barack Obama”(Stephen Mainsfield) e “Barack Obama” (Marlene Targ Brill).


Além disso, Obama é considerado o primeiro presidente da era da Internet, já que usou com sucesso as ferramentas da Web 2.0 em sua campanha, levantou milhões de dólares em doações espontâneas, e promete seguir o mesmo caminho de colaboração e interação durante todo o seu governo.


Barack Obama mostra a face de uma nova geração mundial. Ele e sua mulher, Michelle, tem uma forte imagem construída em trabalhos voluntários com comunidades carentes, pobres e injustiçados. Um belo exemplo de cidadania que os EUA precisam resgatar. O povo norte-americano volta a acreditar na democracia. Os negros que diziam aos seus filhos que nos EUA eles poderiam ser tudo o que quisessem, inclusive presidente, não precisam mais duvidar de suas convicções.


Em contrapartida, George W. Bush deixa o governo como o presidente mais impopular de toda história dos EUA. Bush, que certa vez “elegeu” Jesus Cristo como o seu maior exemplo de filósofo, promete voltar para o Texas e escrever um livro. Ele quer que as pessoas saibam como foi tomar as decisões que tomou. Este é o preço da democracia…


Enfim, Barack Obama pode se tornar um novo exemplo de líder, com seu estilo conciliador e uma visão social. Um homem que poderá dar nome a uma época – Epônimo. Sem dúvida, é um sopro de esperança em uma época de crise de credibilidade, de confiança. De subprime e de ganância desenfreada. Independente da expectativa de todo o planeta, a história nos dirá o que era sonho e como será a realidade no poder.


Voltando ao nosso Brasil, podemos nos orgulhar de ter um escritor visionário, que já sabia que Barack Obama iria ser eleito presidente dos EUA. O curioso é que isso aconteceu há quase um século. Em sua vasta obra, que permeou a nossa infância com as travessuras da boneca Emília, o nosso saudoso Monteiro Lobato também aventurou-se em romances de ficção. Em 1926, escreveu o livro “O Presidente Negro”, onde o pano de fundo era exatamente os Estados Unidos, onde haveria uma eleição presidencial disputada por um branco, um negro e uma mulher. E o negro ganhou a eleição…


Monteiro Lobato, sempre lembrado pela turma do Sítio do Pica-Pau Amarelo, tinha uma personalidade multifacetada, um patriotismo exacerbado e uma obra visionária. Ele deixou muitas contribuições importantes para a história do Brasil, que transcedem as fronteiras do Sítio. Um brasileiro visionário, e que merece um artigo especial. Promessa feita! Aguardem…


Um forte abraço,  


Marco Barcellos


 

 


 

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