Autor: André Prado
A pandemia acelerou a digitalização de nossas vidas e interações. Processos que antes eram altamente empíricos, começaram a ser estruturados para atender as necessidades da sociedade. Na logística, a tecnologia sempre esteve presente e, devido às mudanças de cenário, importantes alterações estão ocorrendo para melhorar o atendimento aos clientes e destinatários. É dentro desse cenário que a logística 4.0 ganha relevância.
Com a nova realidade, as experiências dos consumidores ganharam importância e com isso as percepções se tornam uma forma de buscar melhorias para agilizar processos e automatizar as interações. O “boom” do e-commerce fez as empresas de logística, que representam a finalização do ciclo de compra, buscarem novas aplicações tecnológicas e inovadoras para trazer soluções integradas, consistentes, disruptivas que apoiem toda a operação.
Diante dessas necessidades, as logtechs, startups focadas em logística, estão oferecendo diversas soluções. Alguns estudos, como o levantamento da KPMG, em parceria com a Distrito, aponta que 19% das logtechs são dedicadas para soluções de entrega, mostrando que essa é a principal preocupação das empresas de logística. Além disso, existe uma busca por novas tecnologias para questões de logística reversa, armazenamentos de insumos e produtos, e intermediação entre fornecedores embarcadores e transportadora. Isso reforça a logística 4.0 e a necessidade de atuar em uma cadeia unificada.
Dentre os principais objetivos da implementação da logística 4.0 estão questões relacionadas a um fluxo ágil e confiável, além do monitoramento das entregas, gestão de tráfego e revisão de roteirização. Assim sendo, é fundamental disponibilizar o acesso ao consumidor final para que ele possa acompanhar todo o caminho do produto adquirido, em tempo real. Isso faz aumentar a confiabilidade e traz a experiência positiva para o cliente.
É preciso também fazer um destaque para a logística omnichannel. Esse conceito tem papel fundamental de oferecer uma experiência ao cliente de forma que exista uma integração nas operações de venda, independente do meio e dos canais adotados para fazer a aquisição do produto. Entretanto, desafios como troca e devolução de mercadorias, controle de estoque, processos integrados e transportes começam a serem resolvidos com a era 4.0, através da eficiência na gestão de ativos existentes e a conexão entre clientes, destinatários e parceiros.
A transparência e visibilidade das operações, mediante a utilização de dashboards e ferramentas analíticas, são formas de aumentar o controle das empresas de logística, além de uma abrangência em soluções complementares, conforme as necessidades de quem vai ser o intermediador. O uso de tecnologias disruptivas tem papel fundamental na nova era da logística.
Nesta linha, a utilização da pesquisa operacional na busca pela solução ótima, ou o mais perto possível, está mudando a forma de entender a logística nos próximos anos. Se antes, modelos operacionais padronizados que sempre foram utilizados eram a solução óbvia, hoje o cenário é totalmente diferente. Com a digitalização, a matemática e as ciências complementares, podem nos ajudar a encontrar caminhos que nunca foram imaginados.
Como exemplo, temos os aplicativos de rotas que indicam caminhos alternativos, que muitas vezes são mais rápidos e racionais do que utilizávamos. Sem o apoio da roteirização por pesquisa operacional e digitalização das vias, não poderíamos imaginar que existiam.
A partir de todas estas evidências, concluímos que a busca pela melhor solução e experiência do cliente são os segredos do sucesso da logística 4.0. Não basta o consumidor ter uma ótima navegação dentro de um site, por exemplo, e no final o produto não chegar, chegar a um custo alto ou ter algum problema no fluxo operacional. Os pilares da logística se modernizaram e agora são digitais, porque o mundo é digital, e esse é o grande diferencial.
André Prado é CEO da BBM Logística.