Será que vai ajudar?

A proposta da nova fase do Cadastro Positivo, já em vigor, é beneficiar os bons pagadores. Porém, a compreensão dos benefícios e beneficiados com o serviço vai além – a inadimplência e, o real desafio das empresas de concessão de crédito frente a esta mudança econômica é, talvez, o questionamento mais importante que deve ser feito. 

Na visão de Vander Nagata, superintendente de informações sobre consumidores da Serasa Experian, o banco de dados traz reflexões, tanto para os consumidores, quanto às instituições, sobre a importância de se iniciar uma fase de maior maturidade para a concessão e obtenção de crédito. “´Qual a experiência que o consumidor tem em relação ao crédito? ´, ´Qual é a capacidade efetiva de pagamento dele? ´. Algumas ações desta natureza, que consideram o comportamento como um todo, pode dar muito mais segurança para quem está concedendo e, também, para o próprio consumidor, que passa a ter um autoconhecimento e educação financeira”, afirma Nagata. 

 

Neste processo, ainda de acordo com o executo, tanto o consumidor, quanto as empresas de concessão, irão convergir para um cenário mais equilibrado, em termos de crescimento de crédito e, na inadimplência. “O mau pagador, que está negativado, ao contrário do que pensam, não será prejudicado [com o Cadastro Positivo]. Pelo contrário, porque esta pessoa que está com dívidas já é vista pelo mercado”, explica. “O que não é visto é quantas outras contas ele consegue pagar, porque o que está ruim todo mundo já vê, mas falta ver a parte boa!”, afirma Nagata. 

Afirmando as otimistas perspectivas em relação à inadimplência, o professor da Faculdade de Administração, Economia e Contabilidade da USP (FEA), Paulo Feldmann, explica que a tendência é de aumento do número de consumidores mais rentáveis às instituições de concessão de crédito. “A inadimplência vai cair, pois entrarão no mercado clientes – em grande quantidade -, mais seguros e menos arriscados para os bancos  que  honrarão seus empréstimos”, afirma. 

 

Por outro lado, especialistas alertam que os resultados, os quais o Cadastro Positivo pode ocasionar, requer tempo, já que há todo um processo burocrático e uma mudança na cultura dos consumidores e empresas. “A legislação brasileira é relativamente moderna, mas em função disto ela traz uma preocupação muito grande com a privacidade das informações e, com o direito do consumidor e das empresas”, esclarece o diretor da Boa Vista Serviços, Leonardo Soares. “Na medida em que o consumidor pode sair do cadastro quando quiser, pode bloquear a consulta de determinadas instituições às suas informações etc., isto acaba trazendo o desafio de que não será tão rápida a implantação do cadastro positivo no país”, completa. 

O desafio das empresas para a concessão de crédito será o de se adequarem as informações dos consumidores, com a eficaz educação financeira, segundo o superintendente da Serasa Experian. “O mercado precisa se mobilizar em relação à adesão dos consumidores ao Cadastro Positivo, o que é o alicerce, a construção da base, para que haja estas informações e, para que as empresas possam tirar proveito destas, assim como o próprio consumidor possa utilizá-las a seu favor”, conclui Nagata. 

O banco de dados dos bons pagadores, ainda de acordo com o diretor da Boa Vista Serviços, terá maior impacto nas classes C, D e E. “Já que nestas classes a oferta existe, porém é feita de maneira mais cautelosa se comparada às classes A, B”, enfatiza. Sem dúvidas, as perspectivas são mais otimistas às camadas sociais menos abastadas, uma vez que os consumidores com alta renda já encontram um mercado com competição acirrada em direção a eles.

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