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Cisnes negros, guerras púnicas e inteligência de negócios



Diferente do que você pode ter imaginado, caro leitor, não fiz referência ao recente sucesso cinematográfico. A idéia foi resgatar o conceito de cisne negro desenvolvida pelo escritor libanês Nassim Nicholas Taleb, que o definiu como um evento improvável, de alto impacto. Ainda mais curioso, Taleb argumentou em seu livro que as pessoas procuram explicar tais eventos com naturalidade, descrevendo que havia elementos no ambiente para antecipá-los. Os biólogos ingleses foram os primeiros a usarem a expressão com esse significado. Antes da descoberta da Austrália, nos idos de 1770, não havia nenhuma hipótese científica para a existência de cisnes em qualquer cor diferente de branco. A internet é hoje considerada um cisne negro, assim como foram a primeira e a segunda guerra mundial.

De fato, no contexto empresarial, um cisne negro é algo que a boa gestão procura evitar. Ninguém em sã consciência tem a intenção de lidar com eventos inesperados e de alto impacto nas organizações, que acabam por romper com todas as premissas do planejamento. Um dos objetivos claros da inteligência de negócios, e particularmente da competitiva, é de antecipar essas ameaças ao bom andamento do empreendimento.

Sobre a antecipação de eventos, fomos buscar aprendizados em um passado ainda mais remoto, aproximadamente 200 A.C. Era tempo da segunda das Guerras Púnicas, entre romanos e fenícios, esses últimos baseados em Cartago, norte da África. Naquela época, Cartago era comandada pelo célebre Aníbal, considerado por muitos como um dos maiores táticos militares da história e disputava com os romanos a supremacia nas terras e no comércio por meio do Mediterrâneo.

O exército romano tinha como prática mover-se com grandes quantidades de materiais de defesa para construção de muralhas “temporárias” defronte aos acampamentos, que eram usados para proteger o contingente enquanto estavam acampados. A filosofia por trás dessa defesa era, evidentemente, isolar-se do mundo externo. Foi o General Cipião, o Africano, que mudou decisivamente essa tática romana, dando mais agilidade na movimentação militar, o que acabou tendo grande influência para o desfecho favorável aos romanos. Cipião determinou que, ao invés da muralha, fosse estabelecido um perímetro móvel de vigilância permanente no entorno do exército, de forma que os vigilantes captassem todas as ocorrências do entorno antes que elas chegassem aos seus comandados.

Ao reunir as duas histórias, aprendemos que é cada vez mais necessário sistematizar a captura dos estímulos externos as nossas companhias, antecipando os riscos que nos ameaçam e propondo ações de mitigação aos impactos.

Com as evoluções das mídias sociais estamos começando a observar novas ferramentas de monitoramento do ambiente externo. Esses instrumentos permitem aos gestores avaliar o “buzz” das redes sociais e aumentar a pró-atividade para a resolução dos problemas que estão por vir. Para que possam ser acionáveis, considerada a quantidade de conteúdo gerada a cada dia, é indispensável capturar, armazenar, sintetizar e analisar as informações automaticamente, usando alarmes e indicadores inteligentes para engatilhar ações preventivas. Mas isso é assunto para outra coluna!

Mãos à obra!

Leonardo Vieiralves Azevedo é diretor da Habber Tec Brasil.

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