A Maratona de Negócios Eletrônicos, promovida pela Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, a Câmara e-Net, realizada no final de junho, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, em São Paulo, reuniu dirigentes das principais empresas que foram destaques no ano de 2003. No encontro, empresários, representantes dos Governos estadual e federal. O consenso foi o estímulo ao desenvolvimento da economia digital no País, incluindo desde assuntos internos e até mesmo globais.
De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, o Sebrae , em âmbito mundial, as micros e pequenas empresas são responsáveis pelo crescimento de 60% de novos postos de trabalho e o Brasil acompanha este percentual. Outro estudo diz que, em 2003, o interesse do pequeno empresário brasileiro por TI subiu em 57%.
O Sebrae levantou dados na qual cerca de 93% destas micro e pequenas empresas, que têm TI, declaram estarem satisfeitas com os seus resultados. Mas do total das empresas que não usam esta ferramenta, 64% alegam que ainda não perceberam a utilidade desta tecnologia, o que é fator de preocupação aos analistas do Sebrae. Segundo representante do órgão, é pura falta de acesso à informação. Já, o outro motivo da não-aquisição, é porque os pequenos empresários acham esta tecnologia muito cara.
Segundo Wolney Martins, gerente da Unidade de TI do Sebrae, para o micro e pequeno empresário o grande desafio é fazer com que o seu empreendimento venha a ter sucesso com a inclusão digital. “Ele não vai levar em consideração se a tecnologia é mais atual ou mais glamourosa. Para ele, tem que haver sentido neste investimento que, no primeiro momento, certamente vai ser visto como um instrumento para fazer o gerenciamento de negócios”, diz o representante do Sebrae.
A importância desta economia para a sociedade fez com que a Câmara avaliasse uma maneira de criar um núcleo voltado a este setor. “A nossa entidade, por natureza do jogo, é voltada às empresas grandes. Mas, já pensamos em até criar, talvez, uma associação voltada ao micro e pequeno empresário, por falarmos de políticas regulatórias”, comentou Cid Torquato, advogado e diretor executivo da Câmara e-Net.
Para ele, o comércio e negócios eletrônicos estão bem equacionados em relação às grandes empresas. Os recursos que as empresas mais estruturadas têm facilitam a busca por soluções. Além disso, muitas sabem da importância em investir no acesso às informações. “Acho que o maior desafio dos próximos tempos é ampliar esta conscientização da difusão da informação para as micros e pequenas empresas. A gente vai sair muito vitorioso se conseguir”, diz.
Mas, se por um lado, as pequenas empresas dos países em desenvolvimento se sentem excluídas, as grandes também precisam criar estratégias para competir em pé de igualdade com o mercado tecnológico mundial. Sérgio Amadeu da Silveira, presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI) da Casa Civil, disse que os países ricos recusam a criação de um Fundo de Solidariedade Digital para os países em desenvolvimento. “A Europa recusou porque tiveram receio de que, através da opinião pública mundial, os seus governos seriam pressionados a desembolsar dinheiro. Já os norte-americanos, na minha avaliação, são muito claros. Eles preferem fazer solidariedade com o marketing para ampliar as suas empresas e não com o fundo público”, criticou.
Sérgio Amadeu também informou que, em julho deste ano, o Brasil fará parte de um evento na República Democrática de São Tomé e Príncipe, na África Ocidental, onde defenderá a sua posição em favor dos países em desenvolvimento quanto à inclusão digital. Na Maratona de Negócios Eletrônicos, o consultor do CONEI – Conselho Estadual de Informática, do Governo do Estado de São Paulo, Roberto Francisco Rusche, ao contrário do representante federal, disse que São Paulo vem conquistando a simpatia de empresas estrangeiras que produzem soluções eletrônicas. “Eles têm mais tecnologia, mas nós temos mais capacidade de adaptação aos nossos processos. E, neste ponto específico, a comunidade européia nos procurou para aprender alguma coisa. E, acabamos formalizando um processo em conjunto com um consórcio composto pelos governos e os institutos de pesquisas alemão, inglês e português”, argumentou.
e-PoupaTempo – Roberto Francisco adiantou que, destas parcerias surgiu a idéia do governo estadual em viabilizar a criação do “e-Poupatempo”, o PoupaTempo eletrônico. Este processo, basicamente, consiste numa forma de identificar a pessoa que está se apresentando e solicitando este serviço. E, a partir daí, por meios eletrônicos, seja remotamente da casa do cidadão ou num posto de atendimento auxiliado por um funcionário do Estado, o usuário vai obter todos os serviços de forma virtual. “Isto vai aumentar a eficiência de nossos processos, evitando as longas filas de espera nos serviços públicos”, conta.
Neste conceito – em que o governo estadual quer mostrar que sabe o que está fazendo quando o assunto é negócio – muitos empresários também querem transparência no mercado. “O problema é que no mercado global, o investidor tem que saber o que está comprando de quem e a que termo. E, para isso, tem que ter transparência”, salienta Daniel Domeneghetti, diretor de estratégica da E-Consulting Corp. Segundo ele, o Brasil, para ser um player competitivo no mercado global, precisa deixar claro aos empresários em que base ele trabalha. “Não dá para viver em percepção”, diz.