Assim como prazos, preços e qualidade deixaram de ser vantagens competitivas significativas para as empresas – são apenas o ticket de ingresso no mercado -, competências técnicas e resultados positivos se transformaram em commodities no mercado de trabalho. Mesmo porque, todos somos talentosos. Quando não funcionamos é porque atuamos na área errada.
O diferencial está na quantidade de gente que fala bem de você ou do seu produto/serviço. Empresas e pessoas estão, hoje, no mesmo barco. Todos necessitamos de uma forte rede de relacionamentos para sobreviver e progredir. No caso das organizações, essa rede só pode ser edificada com os clientes. Cada consumidor que se encanta, indica a empresa para um número indeterminado de pessoas. No caso dos profissionais, é preciso maravilhar os líderes, parentes, amigos, colegas e conhecidos. A networking é então criada e cada um desses elos é capaz de gerar indicações para oportunidades. Ou seja, a única garantia mínima de segurança – nos negócios e no mercado de trabalho – é essa rede de relacionamentos.
No caso dos empregos, sabe-se que, atualmente, enquanto pouco mais de 20% das vagas estão nas mãos de headhunters, apenas 11% das vagas são anunciadas em classificados de jornais e a internet virou um pólo de competição desmesurada, mais da metade delas são preenchidas através de indicações. Ou seja, os profissionais de nível executivo (grau universitário) estão encontrando novas colocações contando com seu próprio nome no mercado, conhecimento de amigos, ex-colegas, parentes, ex-chefes, companheiros de clubes, associações, etc.
Isso porque as organizações estão mais atentas na seleção de colaboradores, justamente para ter a pessoa certa no lugar certo. Necessitam de talentos que conheçam bastante sua área (experiência técnica) e que tragam resultados com rapidez. Daí que se confia muito mais na apresentação do candidato através de alguém que também desfruta de confiança. E essa tendência é marcante no mercado de trabalho: vai crescer sempre a quantidade de vagas preenchidas através de indicações.
A partir dessa tendência, desenvolveu-se através de consultorias especializadas, nos Estados Unidos, na Europa e no Brasil, o conceito de networking (deliberadamente construída). Trata-se de uma estratégia organizada, planejada e sistematizada de se colocar nomes de pessoas “influentes” numa rede de contatos para se conseguir trabalho e remuneração.
O profissional deve não só se tornar um talento (competência, resultados, liderança, criatividade, conhecimentos e línguas) mas se transformar também num executivo conhecido. Assim como as organizações necessitam investir muito suor e recursos na construção de um relacionamento diferenciado com seus clientes, o profissional de hoje tem que colocar foco na sua rede de contatos. Mas, como?, você me perguntaria. Ora, é simples: visite, impressione, escreva artigos, dê palestras, entre para uma entidade com sócios influentes, jogue golfe, escreva livros, dê entrevistas para a imprensa, envie “parabéns” nos aniversários, ajude sempre que for solicitado…Veja como nossa vida ficou fácil. Tudo isso enquanto você produz e edifica uma carreira no dia-a-dia. Mas não tem outro jeito.
Claudir Franciatto, autor de 9 livros, é diretor da Franciatto Consulting, sócio-diretor de Hunting e Pré-certificação da KS Consulting e parceiro da Bolsa de Empregos do www.callcenter.inf.br