Um novo tipo de consumidor vem aí. O metaconsumidor, como define o diretor-geral da GS&MD, Marcos Gouvêa de Souza, “é aquele emergente do processo de transformação de mercado que concilia seu crescente poder, por conta do aumento de participação dos meios e canais digitais de comercialização e relacionamento, com sua maior sensibilização para as questões que envolvem consumo consciente e sustentabilidade”. Souza acrescenta que o metaconsumidor tem preocupações que transcendem ao benefício econômico esperado do produto ou serviço adquirido, para incorporar aquelas que digam respeito à sua produção, distribuição e consumo e seu impacto na sociedade e na sustentabilidade. Esta nova geração de consumidores é crescente e calcula-se que as mudanças trazidas por ela causarão forte impacto no consumo, gerando novas oportunidades de negócios, produtos e serviços. Para entender melhor esse consumidor, a Gouvêa de Souza, empresa de consultoria e serviços, realizou pesquisa com nove mil pessoas entre 18 e 65 anos, de 17 países. Embora o estudo não tenha incorporado aspectos ligados à viabilidade financeira das ações, Luiz Goes, sócio sênior da GS&MD, acredita que gradativamente o consumidor tenderá a excluir as empresas que não assumirem uma posição clara sobre sustentabilidade.
No Brasil 44% dos entrevistados afirmam que praticam atitudes à favor da sustentabilidade, colocando o País em 4º lugar. Os países líderes em adoção de práticas sustentáveis são Itália, Portugal e Austrália, com índices respectivos de 54%, 53% e 47%. “Estilo de vida, cultura e condições recentes do país influenciam muito mais do que nível de renda, escolaridade ou faixa etária”, revela Gouvêa. Entretanto, a pesquisa revelou que os clientes têm dificuldades para identificar se um produto é ou não sustentável, ponto enfático na necessidade de uma comunicação mais elaborada pelas empresas, mídia e ONGs. A Internet, com 63% dos votos, seguida pela televisão com 52%, jornais 47% e revistas 35%, foram os meios de comunicação mais citados pelos entrevistados para encontrar informações relacionadas a quaisquer temas sobre sustentabilidade.
Embora o varejo mundial esteja cada vez mais interligado à importância da sustentabilidade, é fato que muitas empresas ainda não adotaram gestões específicas na área. Mais de 60% dos entrevistados brasileiros acreditam que a repercussão do tema e, consequentemente da prática, só não é mais difundida no país por ausência de produtos e serviços disponíveis. A falta de recursos financeiros de pessoas físicas, seguida por baixo incentivo governamental, também foram apontados como obstáculos. “Nos próximos cinco anos observaremos a crescente incorporação das questões sustentáveis no dia-a-dia de todos os negócios, desde os mais próximos até aos mais distantes do consumidor final”, afirma Goes.